quarta-feira, 31 de julho de 2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

Um governo em contra-ciclo

A maioria da AR confia no governo dela. Foi a notícia do dia.
Mas o governo fez aprovar a essa mesma maioria quanto à admninistração pública as 40 horas de trabalho, que têm sido 35, e um processo cínico de despedimento, reafirmando a intenção de executar os 4,7 mil milhões de euros.
Estas foram decisões muito graves que serão ainda objecto de muita luta.
Aa palavras com que no fim-de-semana, Passos Coelho se referiu aos trabalhadores da função pública  são um misto de desprezo e ameaça.
Ficou claro, até com a ajuda inesperada de Vitor Gaspar, que a Ministra das Finanças mentiu à Assembleia da República a propósito do conhecimento que tinha dos contratos SWAPs em curso.
O governo recauchutado começou mal. A idéia de novo ciclo, que quiz fazer passar, já se esfumou.
O governo vai deslizando até cair. Por pressão dos trabalhadores e de muitas outras pessoas que mantêm a mesma atitude de reserva e oposição.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Compromisso ou União Nacional? A política continua mas a luta também.

Não exagero quando designo por isso o que Cavaco quer fazer renascer com a convergência para a saída da crise na base dos 90% dos deputado portugueses. Numa situação de grave crise económico-social. Onde algumas manifestações autoritários se vão revelando.
O PS foi atraído para uma operação de dar vida nova a um governo moribundo que quer dispersar nele as consequências eleitorais próximas e tem a porta aberta para continuar a dialogar na base dos 90%, que Cavaco refere, mas que a crise já fez rever em baixa.

Dois novos ministros são pouco recomendáveis pelas razões já debatidas publicamente: um pelas responsabilidades que teve na SLN/BPN na altura da grande roubalheira, outra por herdar a conduta de V. Gaspar e por mentir reiteradamente sobre as SWAPs.
O terceiro, Pires de Lima, é um torcionário que despediu, da empresa que dirige, centenas de trabalhadores.

Após a posse do governo recauchutado, as declarações avulsas de ministros confirma que a política continuará a mesma e ninguém entre eles explica com que recursos o Estado vai poder desenvolver a economia e manter os compromissos do acordo com a troika, como se se pode falar de uma política de emprego quando jovens licenciados continuam a emigrar e os compromissos do tal acordo prevê centenas de milhares de novos despedimentos.
Milhares de inquilinos estão nestes dias, depois de confrontar a brutalidade de aumento das rendas,  a procurar contestar judicialmente a sua aplicação.
Diàriante os novos pobres juntam-se aos já existentes.
Ao contrário de alguns, que vêem nesta recauchutagem a vitória de uma orientação política adversa à anterior, dominada por V. Gaspar, e que criaria expectativas de deslocação da austeridade  para uma política de estímulo ao crescimento da economia e de combate ao desemprego, acho que os dados que aí estão mostram à evidência exactamente o contrário.

Mas os trabalhadores não vergam. Tal como foi a sua luta que levou ao fracasso da política anterior e não uma crispação entre duas correntes no governo, também daqui para a frente serão os trabalhadores a conter a política desacreditada desta mini-união nacional. Com reflexos no ambiente interno do governo e da Presidência da República.

Os votos da nossa direita por Mandela - Intervenção do deputado António Filipe em 18 de Julho de 2008, nos 90 anos de Nelson Mandela na Assembleia da República.

Há 
factos históricos irrefutáveis, simplesmente porque aconteceram, ainda que se lhe pretendam alterar as cores políticas ou manchar a memória pela cor da camisola de quem o lembra...

"(...) aquilo que os senhores não querem que se diga, lendo os vossos votos, é que Mandela esteve até hoje na lista de terroristas dos Estados Unidos da América. Mas isto é verdade! É público e notório - toda a gente  o sabe!
Os senhores não querem que se diga que Nelson Mandela conduziu uma luta armada contra o apartheid, mas isto é um facto histórico. Embora os senhores não o digam, é a verdade, e os senhores não podem omitir a realidade.
Os senhores não querem que se diga que, quando, em 1987, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, os três países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Reagan, a Grã-Bretanha, de Thatcher, e o governo português, da altura.*

Isto é a realidade! Está documentado!
Não querem que se diga que, em 1986, o governo português tentou sabotar, na União Europeia, as sanções contra o regime do apartheid.

Não querem que se diga que a imprensa de direita portuguesa titulava, em 1985, que: «Eanes recebeu em Belém um terrorista sul-africano». Este «terrorista» era Oliver Tambo!
São, portanto, estes embaraços que os senhores não querem que fiquem escritos num voto.
Não querem que se diga que a derrota do apartheid não se deveu a um gesto de boa vontade dos racistas sul-africanos mas à heróica luta do povo sul-africano, de Mandela e à solidariedade das forças progressistas mundiais contra aqueles que defenderam até ao fim o regime do apartheid.(...)"

*SABEM QUEM ERA O GOVERNO PORTUGUÊS EM 1987 E QUE VOTOU CONTRA? ERA O DE CAVACO SILVA!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Execração de Paulo Portas, por Mário de Carvalho

Vamos lá gastar alguma cera com esta criatura. Mais uma concessão ao efémero.
 Começo por estranhar a benevolência relativa com que ela tem sido tratada.
 Como se um instinto nato de harmonia obrigasse a atenuar a flagrância do mau gosto.
 Um querido amigo meu, a certo desabafo, sugeriu que o meu desprezo era «emocional».

 Havia aqui uma sugestão de parcialidade política.
 Devo defender-me disso.

Na verdade, até aprecio e respeito algumas pessoas que se dizem amigas do doutor Portas.
E verifico que ele tem esta particularidade estranhíssima: todos os seus amigos são melhores que ele.

Recordo os tempos muito catitinhas de «O Independente», cheios de peripécias e partes gagas.
Costuma evocar-se - e com razão - o rasgo inovador e dinâmico do jornal.
Pouca referência se faz - e sem razão - ao lastro de frioleira e alarvidade que lhe pesava como chumbo.
Portas esteve por então envolvido numa campanhazinha muito marota e fraldiqueira contra a «meia branca».
Estas coisinhas davam-lhe muito prazer.

Em dada altura dedicou-se à política (em revogação do desdém pedante antes manifestado) e é hoje -com Jardim e Cavaco- um dos políticos de mais longo exercício.
Ainda tenho nos ouvidos os gritinhos de «ó Margarida», «ó Margarida!» com que ele pontuou uma entrevista qualquer, dada a uma jornalista que viria a ter um fim infeliz.
Toda a sua vida pública (e provavelmente a outra) é feita em permanente pose.
Tem atitudes; Olhares longamente estudados; máscaras de sisudez de Estado; esgares trabalhadíssimos; soslaios de palco amador; sorrelfas; sorrisinhos desdenhosos; trejeitinhos manhosos; «boquinhas e olhinhos»; meneios de cabeça; artifícios retóricos como o de perguntar repetidamente «sabe que...?».
Às vezes tenta o furor tribunício, mas a voz não lhe dá para tanto; experimenta a pose imperial, mas é pequenote mesmo para Napoleão.
Ainda é um homem novo.

Quando for mais velho lembrará uma deprimente figura de actor que aparece na «Roma» de Federico Fellini.
Talvez a exposição pública da política exija um certo histrionismo.
Mas então, que se seja bom actor. E não se deixe no ar esta grande vontade de pedir a devolução da entrada.
Já o vi a exaltar a «lavoura» em vezos saudosistas (menos insinceros do que parece); já o vi a ajoelhar, numa capela, com os dois joelhos, numa compunção beata; já o vi a bramir, numa cena movimentada, contra «os ciganos do rendimento mínimo»: já o vi em festarolas de aldeia, ou em obscenas rondas de lares de idosos, ou a debitar banalidades de dentadura a rebrilhar.
Já o vi a dizer (e a fazer) trinta por uma linha.

E já o vi a disparatar abertamente, quando, evitando o russo «troika» (alguém o convenceu de que a atrelagem russa era uma palavra «soviética»...) optou por «triunvirato»,  solução histórica tradicionalmente catastrófica.
Apesar de tudo, sempre é melhor que a ridícula revogação da decisão «irrevogável».
Esperava-se que ocupasse a Administração Interna, depois de ter feito histérica algazarra (ora obnubilada...) sobre a segurança.
Não.
Foi para os Negócios Estrangeiros, para se descomprometer e fazer de conta (sempre o fingimento, o obsessivo, doentio, fingimento) que era alheio às mexerufadas da famulagem financeira.
A seu tempo ressurgiria em atitude messiânica, como resgatador dos infelizes.
Sempre o calculozinho. Contas furadas.
Deixou uma nota de subserviência a manchar a diplomacia portuguesa com o caso Snowden.
Em tempo de crise política interna, a situação foi minimizada, ninguém estava a espreitar.
Mas as consequências para os interesses de Portugal (já não falo nos princípios) serão lastimáveis.
Creio que Freitas do Amaral nunca se prestaria a esse papel.

Paulo Portas não a desmentiu, neste ziguezague da sua carreira, que se espera abreviada.
Ao longo de quase vinte anos, houve a universidade Moderna, as deslealdades para com dirigentes políticos afins,
 a fotocópia de toneladas de documentos da República Portuguesa, a questão dos submarinos.
Por estes interstícios, o doutor Portas tem deslizado como enguia em sargaço. Com uma certa complacência, é preciso dizê-lo, da comunicação social.
Agora aí o temos, repescado para o governo em circunstâncias equívocas. A existência deste homem tem sido, aliás, amalgamada de equívocos.
 Dir-se-ia que não é capaz de viver de outra maneira. Há nele uma vertiginosa atracção pelo Mal.
Para usar a velha comparação americana da venda do automóvel usado, creio que se o doutor Portas tivesse um carro em bom estado para vender, não deixaria de o avariar, por puro fascínio do ludíbrio.
E sobre a personagem, fiquemos por aqui. Seria fácil (demasiado fácil) usar uma fotografia ilustrativa das milhentas disponíveis na NET.
Mas prefiro deixar-vos  com o Narciso de Caravaggio que também vem a propósito.
Para ser franco, preferia ter tido a oportunidade de dizer´algum bem, em vez de execrar.

MdC
Narciso, de Caravaggio

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Frase de fim-de semana, por Jorge

"Denken heißt überschreiten"
"Pensar chama-se superar"
Ernst Bloch
filósofo marxista alemão, 1885-1977 in
Das Prinzip Hoffnung (
O Princípio Esperança) 1954-9

quinta-feira, 18 de julho de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O pântano e o mostrengo

Que Cavaco Silva tenha ido às Selvagens no meio da crise política, provocada pela política do governo que apoia, é tanto mais estranho quanto deixou  um guião para os partidos "do arco de governação"(1) se entreterem, criando suspenses que nos mantenham ocupados para além do mercado dos jogadores de futebol. Foi gastar uma pipa de massa e não sei se o Zeinal Bava lhe cedeu de borla os serviços da PT. para se manter informado.
Que o Partido Socialista se tenha envolvido na caldeirada do compromisso para a "salvação nacional" e recusado a dialogar para um governo de esquerda porque estava a dialogar com a direita, é a coerência com um trajecto de há muitos anos apesar de se exprimirem no seu seio, de vez em quando, alguns críticos inflamados.
Que o governo careça de uma mãozinha do PS para recuperar credibilidade (?) cá e lá fora, depois de tanto ter identificado este partido com uma situação desgraçada que recebeu, é opção que não ajuda muito. Sei que os patrões da Europa não deixarão o PS deslizar para um qualquer "populismo" (2) e que isso não lhe está no código genético alterado. É degradante que o PS e os partidos do governo tenham condicionado o funcionamento da AR para permitir
Que nos media se considerem as opiniões de política alternativa da verdadeira esquerda insignificantes, é um desrespeito constitucional porque a Constituição não obriga à  austeridade de consequências particularmente graves  para os que menos têm, não identifica austeridade com falta de investimento que faça crescer a economia e o emprego, nem com despedimentos em massa nem com novos cortes que vão atingir os mesmos de sempre...A Constituição permite e a esquerda tem propostas alternativas competentes em matéria de renegociação de um memorando acordado pela troika, de canalização de recursos financeiros para a produção e para actualizações salariais e de pensões que permitam o alargamento do mercado interno, de alterar a correlação entre trabalho e capital, de redução das assimetrias sociais. Quem disser que isto não é possível, mente. Muitos do que o dizem, mentem com todos os dentes. Só pensam neles e nos seus privilégios.
Tudo isto configura um mostrengo que nos tolhe a vida.
As eleições antecipadas vão revelar-se a única solução para espantar o mostrengo e
nos fazer sair deste pântano...

(1) agrupamento de partidos que, alternando-se na governação, garantem uma política de direita e a subserviência aos ditames da União Europeia e da NATO.
(2) A expressão adquiriu nos dias de hoje uma outra significação distinta da original. Os EUA se encarregaram do acerto de agulhas para se referir a um povo que fez a revolução, fazendo emergir líderes respeitados pelas massas. Com tal designação referiu-se, entre outros, a Nasser, Nehru, Vasco Gonçalves, Castro ou Chavez.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Salvação nacional? Olhem que não...

Estão a reunir os 3 partidos que, primeiro com a política dos PECs e depois com  o memorando
com a troika, são responsáveis pela situação em que estamos.

Será possível com tais parceiros estas reuniões conduzirem a um compromisso que não mantenha a austeridade como núcleo central? Isso não é de esperar, mesmo com um alívio fiscal aqui ou ali. O PS que tem defendido as eleições antecipadas a curto prazo tem dado a entender que estas reuniões não significariam complacência com a política do PSD/CDS. Cavaco tem sobre isto opinião diferente. Quer o seu envolvimento com o "memorando" para garantir a "credibilidade" faces aos mercados...

A não "resultarem" tais reuniões qual o passo seguinte do PR? Aprova a proposta de recomposição governamental de Passos Coelho? Como está, ou alterada? Tal não garante a corrosão do governo e a tal credibibilidade face aos mercados vai por água abaixo. Aqui o governo é responsável por, no quadro da zona euro, ter afunilado as saídas neste quadro e não ter com mais força  renegociado os termos do "memorando".

É a  propósito desta questão  que para as tais reuniões Cavaco não tenha convidado para as reuniões o PCP, BE e PEV. Ele sabe que é do modelo de direita de salvação nacional que estes partidos se demarcaram nesta "solução". E porque há outros modelos de salvação nacional que garantam o pagamento da dívida, em condições renegociados, com o reforço das funções sociais do Estado e o relançamento da economia. Isto pode e deve ser feito.

Se o plano de Cavaco falhar este deveria convocar eleições antecipadas já e não se meter em governos de iniciativas presidenciais que trariam um novo golpe a democracia.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Malala quer combater os talibã com livros e canetas

Malala Yousufzai

A estudante paquistanesa Malala Yousufzai foi homenageada nas Nações Unidas como símbolo da educação para todas crianças paquistanesas, nove meses depois de ter sido baleada na cabeça por um talibã, ao sair de um autocarro.

Cavaco quer arrastar PS para uma espécie de de troika interna

Não se deveria supôr que o PR dissolvesse a Assembleia da Repúblca e convocasse eleições antecipadas. Viu o governo esboroar-se, puxou as orelhas a Portas e Passos, de quem não aceitou a proposta do governo e fez um discurso  que teve que ser lido palavra a palavra, e que numa primeira fase deu muito trabalho (bem pago) a comentadores, politógos e outros figurões nas TVs.
A meio do debate do Estado da Nação hoje, que foi mais um debate sobre o estado do Governo,  Cavaco  troika interna. E que deve trabalhar depreslamou rapidez nos trabalhos da troika
sa. O objectivo é comprometer o PS com o resto do mandato do governo até ao final do plano de resgate para se cumprirem os últimos assaltos aos nossos bolsos e outras patifarias. No debate de hoje, António José Seguro já avançou com alguns temas para esses debates. O processo começou. Mas, onde vai parar?
Claro que para estas conversas a configuração dos participantes é a mesma do "arco da governação", com o PCP, BE e PEV de fora porque quererão rever o "pacto", pôr em causa a manutenção no euro e mesmo na União Europeia

quinta-feira, 11 de julho de 2013

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Frase de fim-de-semana. por Jorge

"Cuidado, amigos, 
com o olho mobilado pelo lugar-comum"
Alexandre O'Neill, na crónica 
"Olha o passaroco!" da Capital de 18/11/74, 
a propósito de uma
fotografia

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Em memória de Enrico Caruso

Foi dedicada a Enrico Caruso, cujos últimos dois meses de vida com cancro na garganta em Sorrento não o impediram de manter lições de canto a uma jovem;
conta uma lenda local que certa noite, levado o piano para o terraço, a sua voz ainda forte cantou de forma tão apaixonada que os pescadores atónitos regressaram ao porto com os barcos e as suas muitas luzes eram tantas que pareciam estrelas;
dois dias depois, a 2 de agosto de 1921, morria em Nápoles...

o meu pai ouvia esta canção repetidamente, já perto do seu fim.

http://www.youtube.com/watch?v=tRGuFM4DR2Y
J

grandes fotógrafos, grandes imagens, por Jorge

Joel-Peter Witkin - o Hieronymus Bosch da fotografia?

Não. O horror em fotografia!

J.
Joel-Peter Witkin








quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pirataria imperialista e governo português de cócoras

A não permissão da passagem aérea do avião presidencial da Bolívia, onde seguiam Evo Morales e uma sua comitiva que tinham participado numa conferência em Moscovo, é um acto inqualificável de pirataria que viola todas as normas sobre o sobrevoo de aviões de qualquer país por aviões de outros países. 
A escala forçada em Viena criou um incidente diplomático com Portugal, Espanha, França e Itália, que, na terça-feira não autorizaram o avião de Morales a sobrevoar os respectivos espaços aéreos por suspeitas de que levaria Snowden a bordo.
Os países da América Latina vão reagir a esta ilegalidade. As sucessivas declarações de Paulo Portas e da UE de incrementarem todo o tipo de relações com aquela região chocam violentamente com esta atitude. E poderão prejudicar as relações mútuas.
Evo Morales em conferência de imprensa depois de aterrar em Viena hoje

Snowden, ex-consultor da CIA, acusado pelos EUA de espionagem, por divulgar programas secretos de vigilância da Agência Nacional de Segurança (NSA), encontra-se  há dez dias na zona de trânsito do aeroporto moscovita de Shermetievo. O norte-americano pediu asilo político a 21 países, incluindo a Bolívia e a Bolívia declarou antes deste incidente estar disponível para corresponder ao pedido.

Os dirigentes destes países europeus amocharam frente ao Tio Sam num acto de genuflexão indecoroso...

Serras de Aire e Candeeiros um parque natural no maciço calcário estremenho - o Reino da Pedra!, por Jorge


Eram fundos do mar.
Neles sedimentaram durante éons os precipitados carbonatados e as microconchas de minúsculos animais marinhos e assim foi formada a rocha branca cujos cubinhos cobrem as calçadas de Lisboa.
Há uns 150 milhões de anos, esses fundos calcários iniciaram uma lenta ascensão, impelidos pela formidável tectónica das placas continentais sobre as quais vivemos.

E assim nasceram essas imponentes massas montanhosas, como pequenos alpes, na Estremadura..

Em certa época, durante as poucas dezenas de milhões de anos ainda pela frente até serem extintos, por ali andaram descomunais dinossáurios patinhando na lama das lagunas costeiras, devorando algas ou devorando devoradores de algas.


as ''fórneas'', anfiteatros naturais cavados pela erosão (Alvados)
As marcas dos

e o sol que as partiram (cascalheira)até parecem artificiais, mas foi o gelo






pedreiras - uma praga (400! muitas delas chinesas...) 
seus passeios são hoje visíveis, mas lá
até parecem naturais, mas foi o martelo dos agricultores-pedreiros que as talhou
a maior ''sala'' conhecida - 80x30m, alt.40m (Algar do Pena)


a serra e as manchas de giesta.
Ver Anexo
estalactites (idade - a 2cm por século, 'é só fazer a   s contas'...)
A água sai de todos os lados na serra
indiscutíveis pegadas
no alto, nos cimos descarnados.



Maciço. Como um bloco?
Nem tanto: esburacado pela acidez da chuva, 40% do seu volume é já um intrincado ôco com 3 mil grutas conhecidas extensas de quilómetros, algares, poços, galerias, "salas", cavidades....
E a chuva, que rapidamente se infiltra pelas fendas sem quase molhar a superfície, acumula-se nas profundidades em rios, lagos, sifões e lençóis subterrâneos, formando um gigantesco sistema aquífero, o 2º maior do território, equivalente a 30 Alquevas!
Dessa água bebe Lisboa.
Um mundo a outra escala, com muito vagar pela frente, palco de manobras e transformações lentas e poderosas, de que mal ou mesmo nada nos apercebemos.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Paulo Nozolino , "Dá-me luz, por Jorge

Fotógrafo da melancolia, da decadência e do vazio

domingo, 30 de junho de 2013

A greve de dia 27: mais uma derrota de um governo isolado, rejeitado pelos portugueses

A greve geral de dia 27 provocou ondas de choque na sociedade portuguesa, nã
o sendo de desvalorizar o impacto nesse efeito da reabertura de negociações do Governo com os Professores numa base mais favorável a estes.
A luta resulta, sim.
O governo saiu mais debilitado com as declarações míopes de Marques Guedes sobre o que constituiu uma grande derrota política para o governo. Isolado, sem apoios, ainda pode fazer muito mal. Mas está mais condicionado no que respeita a novos cortes em salários e pensões, ao acentuar da precariedade e a maior facilitação dos diversificadas deu um rotundo NÃO ao governo.
despedimentos. A administração pública nas suas várias componentes muito
É certo que nem todo o país parou e o mesmo acontecerá noutras próximas lutas com uma parte importante

do nosso tecido empresarial em que os donos são simultâneamente os seus empregados, por exemplo. Ou por falta de coragem em assumir um despedimento por parte dos precários, por comportamento inaceitável por parte dos patrões.
Agora o caminho é continuar a luta em todas as frentes. O governo tem que ser demitido e não é provável que o seja pelo Presidente da República -de facto chefe de um ministério instalado em Belém, de Passos Coelho que há muito deixou de exercer as suas obrigações próprias e que, por isso também passou a ser persona non grata entre os portugueses.

João Ferreira, deputado no Parlamento Europeu pelo PCP, sobre a passada reunião do Conselho Europeu

Conferência de Imprensa, 

João Ferreira, membro do Comité Central e 

deputado ao Parlamento Europeu


Sexta 28 de Junho de 2013



As conclusões do Conselho Europeu, embrulhadas em novas doses de propaganda em torno da retórica do “crescimento e emprego”, não iludem a dura e crua realidade dos factos, que esta reunião vem, mais uma vez, deixar bem à vista. A União Europeia e as suas políticas confirmam-se como responsáveis pelo cenário de devastação económica e social que atinge os trabalhadores e os povos da Europa.
As conclusões do Conselho Europeu, embrulhadas em novas doses de propaganda em torno da retórica do “crescimento e emprego”, não iludem a dura e crua realidade dos factos, que esta reunião vem, mais uma vez, deixar bem à vista.
Pese embora as recorrentes tentativas de salvar a face (de que este Conselho Europeu é mais um exemplo), a União Europeia e as suas políticas confirmam-se como responsáveis pelo cenário de devastação económica e social que atinge os trabalhadores e os povos da Europa.
Uma recessão sem fim à vista que atinge valores característicos de uma situação de guerra. E é de uma guerra que se trata, de facto. Uma guerra económica e social, com milhões de vítimas. Mais de 26 milhões de pessoas estão desempregadas; 8,3 milhões de jovens abaixo dos 25 anos não têm qualquer actividade. Em Portugal, o desemprego atinge os intoleráveis 18% e o desemprego jovem atinge já os 42,5%.
No âmbito do desemprego jovem, são bem patentes as contradições e patranhas incluídas no documento final. A intenção genericamente enunciada de dirigir parte dos fundos estruturais, e em particular do Fundo Social Europeu, para apoiar medidas tendentes à criação de emprego jovem choca flagrantemente com a intenção anunciada pelo governo português de usar os fundos comunitários para financiar novos despedimentos na Função Pública, destruindo dezenas de milhares de postos de trabalho, incluindo de muitos milhares de jovens. Possibilidade que a própria Comissão Europeia, até ao momento, não excluiu.
A Iniciativa para o Emprego dos Jovens, a concretizar através da chamada “Garantia de Juventude”, mais do que uma medida de propaganda, configura uma sórdida tentativa de generalizar e consagrar a precariedade como regra nas relações laborais.
Por um lado, a linha de 6 mil milhões de euros agora anunciada, operacional a partir de 2014, destinada às regiões com taxas de desemprego superiores a 25%, fica mais de três vezes abaixo dos recursos que a OIT admitiu serem necessários para que um programa de promoção de emprego pudesse ter algum impacto: 21 mil milhões de euros.
Por outro lado, entre as medidas propostas contam-se:
A redução dos custos não salariais do trabalho – uma forma de descapitalizar ainda mais os sistemas públicos de segurança social e de aumentar os lucros do patronato, sem nenhum efeito prático na criação de emprego, especialmente no quadro recessivo persistente que decorre das medidas de austeridade que vêm sendo implementadas e que são confirmadas neste Conselho Europeu, medidas com efeitos profundamente negativos na procura.
Recorrer a subvenções salariais e auxílios ao recrutamento – no quadro vigente de desregulação da legislação laboral e de facilitação dos despedimentos (que este Conselho Europeu vem, mais uma vez, confirmar), estas subvenções conduzirão inevitavelmente a uma ainda maior precarização das relações laborais. Para muitos patrões, será mais lucrativo despedir um trabalhador precário, substituindo-o por um trabalhador ao qual se paga um salário menor (ou nem isso, apenas uma espécie de “subsídio de formação”), financiado por fundos públicos e sem qualquer obrigação de contratação no final do programa. Os resultados do programa “impulso jovem”, em Portugal, são elucidativos a este respeito: 60% dos jovens integrados no programa ocuparam postos de trabalho com contratos de trabalho de seis meses, sendo a maioria licenciados auferiram remunerações líquidas entre os 419 euros (valor abaixo do SMN) e os 650 euros. É este o sentido e o objectivo da chamada “Garantia de juventude”: a garantia de um futuro ainda mais precário à juventude.
A promoção da mobilidade laboral e do recrutamento transfronteiriço – ou seja, uma forma de intensificar o processo já em curso de sangria de jovens quadros qualificados da periferia para o centro, uma autêntica “fuga de cérebros” agora apoiada e financiada pelo próprio orçamento da UE.
No seu conjunto, descontada a propaganda, estas medidas não configuram nenhuma nova política para a juventude, elas representam sim a reafirmação de um conjunto de políticas e de opções contra a juventude. E lamentavelmente constituem um acto de hipocrisia face a uma autêntica tragédia social, que é assim utilizada para mais uma vez vender o estafado e derrotado discurso da “Europa social e da solidariedade”.
Um discurso que fica mais uma vez desmontado também com o acordo alcançado pelos presidentes das 3 instituições – Comissão, Conselho e Parlamento – sobre o Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020. Um acordo que representa uma cedência em toda a linha às grandes potências que comandam o processo de integração.
Recorde-se que com este acordo, que pela primeira vez reduz o orçamento comunitário em termos absolutos, mesmo no contexto de um novo alargamento, Portugal perderá cerca de 10% de financiamento da UE em comparação com o actual Quadro Financeiro. As transferências da UE para Portugal ao longo de um período de sete anos – pouco mais de 20 mil milhões de euros – ficarão substancialmente abaixo daquilo que o país vai pagar à troika só em juros e comissões. Eis a genuína expressão da tão propalada “solidariedade europeia”...
Num quadro em que as contradições e dificuldades vêm impondo o amainar das pressas de alguns no aprofundamento da União Económica e Monetária, as conclusões do Conselho Europeu insistem no estafado rol de políticas e de orientações que nos trouxeram ao desastre.
Lá estão as reformas estruturais, a competitividade, a redução dos impostos sobre o capital, a privatização dos serviços públicos, o aprofundamento e alargamento do mercado interno e a desregulação e liberalização do comércio mundial, agora avançando para o acordo de livre comércio UE-EUA.
Um cortejo de políticas e de orientações que agravarão as pressões sobre as economias mais débeis, como Portugal, e acentuarão os desequilíbrios e as desigualdades no seio da UE.
Um cortejo de políticas e de orientações que o esforço de propaganda em que se saldou este Conselho não consegue esconder e que coloca na ordem do dia, ainda com mais vigor, a necessidade de intensificação da luta pela ruptura com um processo de integração capitalista profundamente contrário ao interesse dos povos.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Sotto molti aspetti il potere è come la droga"
"Sob muitos aspectos, o poder é como a droga"
Primo Levi (químico, resistente antifascista e
escritor italiano, 1919-1987) em
I sommersi e i salvatti (1986)

domingo, 23 de junho de 2013

Um episódio com Zeca Afonso no verão de 69

Vai fazer 84 anos em 2 de agosto de 2013, que José Afonso nasceu em Aveiro.
E vai fazer 44 anos em 2 de agosto de 1969, que José Afonso cantou no Liceu Charles Lepierre em Lisboa,  debaixo de fortes medidas de segurança. Com ele no palco estava, pela primeira vez, 
Adriano Correa de Oliveira, acompanhados  por Rui Pato no “Sarau de Poesia”, que assim se chamou na época.
No final, cada um deles saiu por portas diferentes e o José Afonso abandonou o edifício pela porta principal no porta-bagagens do director do liceu.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"One man's theology is another man's belly laugh."
"A teologia de uns é a zombaria de outros"

Robert A. Heinlein 
(escritor americano de ficção científica, 1907-1988)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Adivinhem lá...

... o Presidente da República e o Governo vão ter férias agora ou em Novembro e se em Novembro vão pagar com o subsídio de "férias" as dívidas acumuladas ao longo do ano e já agora se vão ter a mesa farta ou pobre no Natal.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Carta aos 19%, de Ricardo Araújo Pereira



"Caro desempregado,
Em nome de Portugal, gostaria de agradecer o teu contributo para o sucesso económico do nosso país. Portugal tem tido um desempenho exemplar, e o ajustamento está a ser muito bem-sucedido, o que não seria possível sem a tua presença permanente na fila para o centro de emprego. Está a ser feito um enorme esforço para que Portugal recupere a confiança dos mercados e, pelos vistos, os mercados só confiam em Portugal se tu não puderes trabalhar. O teu desemprego, embora possa ser ligeiramente desagradável para ti, é medicinal para a nossa economia. Os investidores não apostam no nosso país se souberem que tu arranjaste emprego. Preferem emprestar dinheiro a pessoas desempregadas.
Antigamente, estávamos todos a viver acima das nossas possibilidades. Agora estamos só a viver, o que aparentemente continua a estar acima das nossas possibilidades. Começamos a perceber que as nossas necessidades estão acima das nossas possibilidades. A tua necessidade de arranjar um emprego está muito acima das tuas possibilidades. É possível que a tua necessidade de comer também esteja. Tens de pagar impostos acima das tuas possibilidades para poderes viver abaixo das tuas necessidades. Viver mal é caríssimo.
Não estás sozinho. O governo prepara-se para propor rescisões amigáveis a milhares de funcionários públicos. Vais ter companhia. Segundo o primeiro-ministro, as rescisões não são despedimentos, são janelas de oportunidade. O melhor é agasalhares-te bem, porque o governo tem aberto tantas janelas de oportunidade que se torna difícil evitar as correntes de ar de oportunidade. Há quem sinta a tentação de se abeirar de uma destas janelas de oportunidade e de se atirar cá para baixo. É mal pensado. Temos uma dívida enorme para pagar, e a melhor maneira de conseguir pagá-la é impedir que um quinto dos trabalhadores possa produzir. Aceita a tua função neste processo e não esperneies.
Tem calma. E não te preocupes. O teu desemprego está dentro das previsões do governo. Que diabo, isso tem de te tranquilizar de algum modo. Felizmente, a tua miséria não apanhou ninguém de surpresa, o que é excelente. A miséria previsível é a preferida de toda a gente. Repara como o governo te preparou para a crise. Se acontecer a Portugal o mesmo que ao Chipre, é deixá-los ir à tua conta bancária confiscar uma parcela dos teus depósitos. Já não tens lá nada para ser confiscado. Podes ficar tranquilo. E não tens nada que agradecer."

Paolo Maquiavel Portinari

O CDS, por defeito de nascença, nasceu à direita do PSD. Uma composição mais trauliteira dos activistas iniciais e as suas relação privilegiadas com Cerejeiras de 2ª classe, mas de grande poder operacional, não podia ser indiferente ao chefe da estação da CIA no Norte, o sr. "Morgan" , com quem mantiveram as cooperações que entenderam para , com participação activa do PS e PSD, para "salvarem Portugal do comunismo",  com muita porrada, alguns mortos e muita fogachada. Mas o advento da democracia, mesmo quando perdeu alguns pontos nos  dois anos iniciais, criou um ambiente em que ficaram reduzidos os seus níveis eleitorais e a base social de apoio. Tal situação fez com que o CDS tenha sido pau para toda a obra para não desaparecer politicamente. Hoje está com o PSD. Amanhã bate-lhe. Pestanejando sempre ao PS, onde há quem em caso de estar em maioria relativa sempre pode fazer qualquer tipo de acordo com os antigos trauliteiros, hoje mais in, disputando uma zona de conforto e  glamour,
O pronunciamento de Portas no dia de ontem, depois de uma visita à feira de Santarém onde o obrigaram a comprar uns queijinhos,  foi o seu primeiro grande acto com vista às eleições autárquicas. Tudo o que disse deve ser esquecido porque o CDS não fugiu ao síndrome da direita de dizer uma coisa e fazer o seu contrário.
Referiu a necesidade de iniciar a redução do IVA e IRS para a economia poder crescer. De se iniciar um desagravamento fiscal nesta legislatura. Chorando baba e ranho garantiu que "o CDS tinha sido obrigado a governar contra as suas convicções" e que "O CDS-PP, em nome da estabilidade governativa e da situação de emergência nacional em que nos encontramos, teve de ceder no compromisso de não aumentar o IRS; e aceitar uma reforma dos escalões e das taxas, que, ao invés de incentivar a mobilidade social, acentuou a penalização dos rendimentos".
Mais disse que "a segunda metade da legislatura tem de corresponder a um segundo ciclo político". "Não apenas pelo horizonte visível da saída da 'troika' - que não é o fim dos constrangimentos, mas também pela absoluta prioridade de acelerar, no que de nós depende, a chegada a um ciclo de crescimento económico e a um ponto de viragem quanto à criação de emprego", coisa que, como é sabido está fora das projecções, mesmo das feitas pelos prestidigitadores que acessoram o governo.
António Pires de Lima lá vai defendendo este segundo ciclo onde existe uma parte do PSD que estaria de acordo.
Paras trás ficou o discurso dos reformados.

Vamos senhores, apanhem as cartas e joguem, mas cuidado com o jockey.

Super-Lua na próxima noite de 23 de Junho

A chamada "lua super" irá ocorrer em 23 de Junho de 2013. 
Uma super lua - chamada "lua cheia perigeu" pelos astrónomos - descreve a aproximação da lua à Terra para um determinado mês. Em Junho de super lua estará mais próximo o encontro da Lua com a Terra neste ano.  Em 23 de Junho, o tempo de lua cheia terá lugar dentro de uma hora do tempo de perigeu. Assim, a 23 de Junho a lua cheia vai parecer maior do que noutros meses.
Algumas das mensagens que circulam tendem a exagerar o tamanho que irá aparecer. É claro que não aparecerá brilhante roxa ou azul, como é sugerido por algumas imagens que circulam. No entanto, o 23 de Junho é uma grande oportunidade para ver e fotografar a lua em todo seu esplendor. Aqueles que procuram informações mais detalhadas sobre a Junho de super lua devem ler artigo em profundidade de earthsky aqui . 
Apaixonados de todo o mundo, aproveitem para renovar votos, serem fotografados num beijo com a lua em fundo e inspirarem-se para novos poemas.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O caos no sistema de informação das unidades de saúde. Profissionais e cidadãos “à beira dum ataque de nervos”






Se dúvidas existissem acerca da capacidade do Ministério da Saúde e seus departamentos para as tarefas de desenho, atualização e manutenção das várias aplicações que constituem o Sistema de Informação das Unidades de Cuidados de Saúde Primários, as últimas semanas afastaram todas as dúvidas referentes ao pior dos cenários que qualquer observador avisado já previa há muito.
O caos instalou-se na maioria das unidades e, precisamente, nos aspetos mais sensíveis do atendimento aos cidadãos – acesso aos ficheiros clínicos e registos dos médicos (SAM), ao sistema de apoio à prática de enfermagem (SAPE) e ao módulo de prescrição de medicamentos.


Em todo o país, o panorama caracteriza-se por uma assinalável e comprometedora lentidão no acesso e desempenho das várias aplicações, principalmente quanto à prescrição de medicamentos e MCDT, erros técnicos de escrita, sucessivos e frequentes bloqueios do sistema obrigando a reiniciá-lo, desmultiplicação da maioria das receitas admitindo apenas um medicamento em cada uma, levando assim a um consumo irracional de papel (e tonner) para cada consulta.
Contudo, na área da ARS do Norte o problema agravou-se de forma muito preocupante.
O projeto autónomo desta ARS de concentrar num único data center regional toda a informação dispersa pelos múltiplos servidores existentes nos centros de saúde da região sem que para tal tivessem sido previstos os possíveis imponderáveis e tomadas todas as medidas de segurança que uma decisão como esta aconselhava, ocasionou um completo caos nos serviços onde, para além das perturbações decorrentes da lentidão do sistema, se verifica, em muitas unidades, a impossibilidade de acesso à ficha clínica dos utentes e, quantas vezes, ao desaparecimento de informação relevante.
Trata-se duma situação gravíssima que coloca os médicos a trabalhar em situação de risco, uma vez que tais bloqueios podem comprometer o acesso a informação relevante e, desta forma, a própria segurança dos cidadãos. Já para não falarmos sobre o permanente e prolongado stress a que todos os profissionais estão a ser expostos.
Acontece que a ARS do Norte é uma grande empresa, que tem como missão garantir à população da Região Norte o acesso à prestação de cuidados de saúde, e que envolve a responsabilidade pela gestão dum orçamento de funcionamento superior a mil e duzentos milhões de euros (2012).
Alguma grande empresa com um “volume de negócios” deste nível avançaria para uma operação de manutenção da sua base de dados com semelhante leviandade? Sem se debruçar sobre os cenários possíveis e planos alternativos para minimizar os riscos (prejuízos)? Alguma grande empresa poderia dar-se ao luxo de semelhante desperdício?
E que atitude tomam os seus dirigentes perante semelhante descalabro?
Até agora nem uma palavra de informação, justificação, pedido de desculpas, agradecimento aos seus profissionais médicos e de outras profissões, pela forma quase heroica como diariamente dão a cara e procuram minimizar, à custa dum enorme esforço, os constrangimentos com que a administração os contempla.
Afinal, é a imagem do SNS e a qualidade dos serviços prestados que estão em causa. Uma preocupação dos seus profissionais que, pelos vistos, não é acompanhada pela administração.
Apenas dá respostas aos jornalistas dizendo que o problema estaria resolvido até ao final da semana que terminou no dia 14. Não cumpriram.
A FNAM, através dos três sindicatos que a constituem, alerta os médicos que devem estar atentos às eventuais condições de insegurança no desempenho do seu trabalho, e que reportem por escrito todas as limitações e situações de eventual conflitualidade aos Presidentes dos Conselhos Clínicos e da Saúde e Diretores Executivos dos ACES.
As USF e UCSP deverão ainda fazer uma análise cuidada dos eventuais reflexos que estes constrangimentos poderão ter nas metas contratualizadas e, caso tal se verifique, exigir fundamentadamente uma revisão das mesmas e da Carta de Compromisso assinada para o corrente ano.
Como sempre os gabinetes jurídicos dos nossos sindicatos estarão à disposição dos associados.

Coimbra, 18 de Junho de 2013
A Comissão Executiva da FNAM