quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Os meus votos



Quase todos os meios de comunicação social aproveitaram para os seus balanços de 2009.


Em geral, as suas apreciações sobre os acontecimentos esbatem as responsabilidades do que de muito mau aconteceu. Quer no país quer no plano internacional.


O capitalismo revelou uma vez mais as suas taras, a desconsideração pelo ser humano. Em muitos países considerados livres, como o nosso, e que se arrogam em dar lições de democracia aos outros, o conteúdo da democracia vivida esvaziou-se e dela quase só ficou o envólucro e o seu sentido é preocupante no que respeita ao que a humanidade arrisca.
Esquecer 2009? Nem pensar! Porque este ano contem imensas aprendizagens que superam as limitações da leitura dos manuais e também teve esperanças e manifestações de vontade de a superar. Por aí queremos ir. E vamos.

"Um profeta", um grande filme


O último dia do ano para uma estreia em sala não permitiu que ela acontecesse com mais espectadores. Foi pena. Mas um grande filme aí fica para ser visto nas próximas semanas por quem, como eu, não o tivesse visto no Festival do Estoril.


“Um profeta”, de Jacques Audiard, um realizador francês que ainda não conhecia, apresentava credenciais promissoras.

Foi um êxito no encerramento do Festival do Estoril deste ano. Trazia o prémio do Júri do Festival de Cannes deste ano, mais o prémio para melhor filme estrangeiro da associação de críticos norte-americano e está nomeado para o Óscar do melhor filme estrangeiro, mais recentemente recebeu o prémio Louis-Delluc, de melhor filme francês do ano e lidera com seis nomeações os candidatos ao prémio do Melhor filme Europeu


Na minha modesta opinião é um grande filme, a não perder de todo.


É um filme violento mas humano. Um jovem delinquente francês de origem árabe que cumpre pena, tece o seu próprio percurso criminoso através dos contactos que mantém com diferentes grupos organizados da cadeia e das saídas diárias que a lei lhe permite, depois de um percurso dependente como protegido de um chefe criminoso corso, também preso.

Un son para Portinari, de Nicolas Guillén





Para Cándido Portinari
la miel y el ron,
y una guitarra de azúcar
y una canción,
y un corazón.
Para Cándido Portinari
Buenos Aires y un bandoneón.

Ay, esta noche se puede, se puede,
ay, esta noche se puede, se puede,
se puede cantar un son.

Sueña y fulgura.
Un hombre de mano dura,
hecho de sangre y pintura,
grita en la tela.
Sueña y fulgura,
su sangre de mano dura,
sueña y fulgura,
como tallado en candela;
sueña y fulgura,
como una estrella en la altura,
sueña y fulgura,
como una chispa que vuela...
sueña y fulgura.

Así con su mano dura,
hecho de sangre y pintura,
sobre la tela,
sueña y fulgura,
un hombre de mano dura.
Portinari lo desvela
y el roto pecho le cura.

Ay, esta noche se puede, se puede,
ay, esta noche se puede, se puede,
se puede cantar un son!

Para Cándido Portinari
la miel y el ron,
y una guitarra de azúcar
y una canción,
y un corazón.
Para Cándido Portinari
Buenos Aires y un bandoneon
Esta canção, composta por Daniel Viglietti, foi interpretada por cantores comno Inti Illimani e Mercedes Sosa

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Chorinho", de Cândido Portinari




O Nobel da Paz quer abrir no fim do ano nova frente de guerra, agora no Iémen ?


É tudo esquisito quando os EUA invocam razões para "retaliações" contra actos ou tentativas de actos terrorismo.

A manipulação do "terrorismo" e de extremismos e fanatismos, e o surgimento "oportuno" de actos com base nos quais o império decadente tem procurado justificar a ocupação de novos territórios no quadro de objectivos geo-estratégicos, tem muitos anos. Não vamos aqui desenrolar os factos invocados, as retaliações e as consequências que tiveram para a sobrevivência e justificação do domínio deste e de outros impérios.

Creio que todos, se o quisemos, pudemos aprender com a História.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Paraguai: saúde pública passa a ser gratuita



O governo do Paraguai anunciou no dia de Natal que os serviços médicos de saúde pública passarão a ser completamente gratuitos em todos os centros de saúde do Estado. Mas que os pacientes ainda terão que pagar se precisam de algo que os centros de saúde público não possam ainda fornecer.
Segundo o governo, esta medida permitirá aos paraguaios pouparem mais de 60 milhões de dólares em 2010.

Manuel Guedes nasceu há 100 anos


Comunista firme e convicto, Manuel Guedes, cujo centenário se comemora, foi um dos destacados construtores do PCP. Membro da Organização Revolucionária da Armada, foi um dos protagonistas da reorganização e passou quase duas décadas na prisão. Durante a Guerra de Espanha, foi preso com Pires Jorge em Cáceres, quando os fascistas tomaram a cidade e arriscou o fuzilamento.
Falecido em 1983, o seu exemplo e a firmeza das suas convicções permanecem hoje como um motivo de orgulho para todos os comunistas.

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Natal de quê? De quem? / Daqueles que o não têm?" etc.


Jorge de Sena (in "Exorcismos")

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Com um dos presépios de Grão Vasco, um Feliz Natal para os caminheiros e cantigueiros da net

O amolador

A flauta do amolador era um dos sinais da manhã e o café com leite um outro a entrar-nos nas narinas e a minha mãe “Meninos são horas…” para logo voltar à janela e chamar “Sr. Manuel, já aí vou” e num repente saíam guardas - chuva, tachos, uma tesoura e algumas facas, ficando nós a olhar da janela a mestria do amolador que fazia soltar faíscas mágicas das peças que resistiam a ir para o lixo e que voltavam como novas até que dia perguntei à minha mãe o que era a vizinha ter a língua afiada, antevendo-a debruçada na roda a retocar as formas da referida, ao que ela me sossegou, remetendo a matéria para o foro do carácter, coisa de que o meu pai já nos tinha começado a falar, e assim ficou intacta a nossa consideração por aquele homem que do velho fazia novo, enquanto tocava a flauta, se fazia anunciar e ainda tinha tempo para um piropo às sopeiras alvoraçadas, terminando com o sonoro rematar "Dona Regina, o material está pronto e em condições e são dois mil reis".


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

As alterações climáticas e a Conferência de Copenhaga (conclusão)


5. Copenhaga fracassou.
A Bolívia propõe-se organizar
conferência anterior à do México

O presidente Evo Morales rejeitou hoje a acusação da Inglaterra de que tinham sido a Bolívia, China e a Venezuela a comprometerem os resultados da cimeira de Copenhaga.

Anunciou, por outro lado uma conferência mundial de movimentos sociais para 2010 a realizar na Bolívia no próximo mês de Abril, que de certa maneira substitua o fracasso de Copenhaga na preparação da Conferência que também no ano de 2010 se realizará no México.

Esta iniciativa pode dar a voz a esses movimentos e aos países em desenvolvimento que lhes foi negada em Copenhaga.

O fracasso de Copenhaga era previsível. Os EUA não querem comprometer-se com metas minimamente significativas e procuram comprometer os países em vías de desenvolvimento em acordos que os impedissem de prosseguir essa via. Desde as vésperas da Conferência tentaram atrair países emergentes e com a União Europeia para, com um documento-fantasma que ora aparecia ora desaparecia, imporem aos restantes países esses acordos. Não o conseguiram e, de facto, nessa resistência à manobra, a Bolívia, Venezuela e China destacaram-se.

Foi uma pesada derrota dos que, como Obama, pensam pelas cabeças das principais empresas responsáveis pelas emissões com efeito de estufa. Mas foi também um desfazer de expectativas por parte de muitos países e movimentos. Há que continuar a luta.

"Escrever o sol", de Júlio Pereira

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Postal de Natal extragaláctico do J.



Festiva imagem da maior e mais prolífica maternidade estelar da nossa vizinhança galáctica!

O enorme grupo R136 de jovens estrelas acabadinhas de nascer (pouquíssimos milhões de anos de vida) pertence à nebulosa Doradus da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa.

Muitas das estrelas azuis na foto são das maiores estrelas conhecidas e várias delas têm mais de 100 vezes a massa do nosso Sol. Muitas vão desaparecer como supernovas dentro de breves milhões de anos. É a vida...

Felizmente, contudo, estrelas é coisa que não nos vai faltar!

J

domingo, 20 de dezembro de 2009

As alterações climáticas e a Conferência de Copenhaga




4. E as guerras, que contributo dão para o aquecimento global?

Em artigo de 2007, o professor Michael Klare, escrevia que sessenta litros de petróleo é quanto um soldado americano no Iraque e no Afeganistão consome em média diariamente - quer directamente, através do uso de veículos blindados, tanques, camiões e helicópteros, ou indirectamente, nos ataques aéreos. Se multiplicarmos este valor por 162.000 soldados no Iraque, no Afeganistão, 24.000 e 30.000 na região circundante (incluindo marines a bordo dos navios de guerra no Golfo Pérsico) chegamos então a cerca de 12,2 milhões de litros de petróleo, com as correspondentes emissões de dióxido de carbono, que ésãoa factura de petróleo por dia, durante operações de combate dos EUA na zona de guerra no Médio Oriente.


Por outro lado, em 2008, Oil Change International publicou um relatório mostrando que:

  • A guerra é responsável por pelo menos 141 milhões de toneladas de desde Março de 2003. Para colocar isto em perspectiva, o CO2 libertado pela guerra, até à data equivale a emissões de 25 milhões de novos carros que fossem postos a circular este ano nos EUA.

  • Entre Março de 2003 e Outubro de 2007, o militares dos EUA no Iraque compraram mais de 15 mil milhões de litros de combustível a partir da agência responsável pela obtenção e fornecim ento de produtos petrolíferos para o Departamento de Defesa. A queima destes combustível produziu directamente quase 39 milhões de toneladas de CO2.

  • As emissões resultantes da guerra do Iraque até ao momento são quase duas vezes e meia maiores do que as que seriam evitadas entre 2009 e 2016 na Califórnia para implementar as normas de emissão automática propostas pelo estado mas que a Administração Bush recusou.
  • Se a guerra fosse classificada como um país em termos de emissões anuais, iria apresentar valores de emissões de CO2 superiores às de 139 países, correspondentes a 60% do total de países.

O relatório também observou que as emissões associadas com a guerra no Iraque pura e simplesmente não são declaradas. As emissões produzidas pelos militares no exterior não são incluídos nos inventários nacionais de gases com efeito de estufa por todas as nações industrializadas, incluindo os Estados Unidos, no relatório sobre a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. E o seu valor é enorme.


A escalada da guerra no Afeganistão levará, naturalmente, a um grande aumento também nas emissões de gases com efeito de estufa.

O PS procura o conflito institucional


A declaração de Sérgio Sousa Pinto contra o Presidente da República é uma provocação. Pelos seus termos e pelo seu conteúdo. Na forma aproximou-se de uma birra dum puto malcriado. No conteúdo pretendeu coarctar o PR de emitir uma opinião sobre a prioridade relativa de um tema controverso como prioridade da acção governativa, que eu também questiono (apesar de concordar com a resolução sobre o casamento homossexual) quando defrontamos questões muito mais graves a que o governo não quer responder, apesar de o país esperar medidas para suster a insegurança social e económica. Para poder dizer mais à frente que o não deixam governar.


José Sócrates, ao suspender depois uma reunião semanal com o PR e ao não desautorizar o puto Sérgio manifestamente está a percorrer um caminho perigoso. Sócrates recusa-se a aceitar os resultados eleitorais das legislativas e a derrota sofrida não encaixa na configuração que foi tecendo do seu ideário, de identidade progressivamente perdida para uma "coisa" cuja natureza democrática está apenas muito disfarçada.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Faça as suas compras dia 23. Solidarize-se com os trabalhadores das grandes superfícies, em greve dia 24. Diga não à escravatura moderna!



No passado dia 14 reuniram-se dirigentes, delegados e outros activistas sindicais das empresas da grande distribuição, donde saiu a convocação de uma greve para dia 24

Da resolução que aprovaram, ressalto o seguinte:

“…Na segunda está de descanso, telefonam-lhe a dizer que na terça vens fazer mais 4 horas depois das 21, entras às 12 fazes o teu horário normal até às 21 horas, e trabalhas em regime de adaptabilidade ou para o banco de horas, conforme opção da empresa, mais 4 horas, até à 1 hora da manhã, e vão 12 horas de trabalho …
Na terça, no final do dia, simplesmente, dizem-lhe que na quarta vens fazer mais 4 horas depois das 21, entras às 12 fazes o teu horário normal até às 21 horas, e trabalhas no regime de adaptabilidade ou para o banco de horas mais 4 até à 1 hora da manhã, e vão mais 12 ....
Na quinta está de descanso, telefonam-lhe a dizer que na sexta vens fazer mais 4 horas antes das 12, entras às 8 e depois fazes o teu horário normal das 12 às 21 horas, e vão mais 12 horas de trabalho ....
Na sexta o chefe diz-lhe: sábado vens fazer mais 2 horas antes das 12, entras às 10, segue-se o teu horário normal das 12 às 21 horas, e a seguir, porque é sábado as vendas aumentam, precisamos muito de ti cá, fazes mais 2 das 21 às 23 horas, e vão mais 12....
No sábado dizem-lhe, simplesmente, amanhã domingo vens às 10 horas e trabalhas até às 23 horas, e vão mais 12 horas de trabalho.
No conjunto trabalhou 60 horas na semana, espectacularmente, foi respeitado o horário fixo, os 2 dias de descanso e os 5 de trabalho e ainda as 11 horas de descanso entre jornadas de trabalho impostas pela lei.

Este exemplo pode ser aplicado a quaisquer horários, com ligeiras adaptações, semanas e semanas a fio … E assim sucessivamente, semana após semana, até adoecer ou se despedir porque não aguenta mais os problemas familiares, ou então junta-se aos outros colegas e pára o trabalho até o abuso terminar e a empresa respeitar a saúde, a vida, a família e a dignidade de todos os trabalhadores.

Nas lojas com menor amplitude de abertura, em vez de 2 passam a precisar apenas de 1 trabalhador para fazer todo o horário da secção ou sector.
Para evitar esta experiência muito traumática, que alguns já provaram e sabem ser insuportável, recusamos negociar estas desumanas barbaridades, contrárias à saúde, à vida, à família e à dignidade dos trabalhadores, que têm em vista aumentar o imenso poder unilateral das empresas e seus representantes nos locais de trabalho, a obtenção de trabalho gratuito para reduzir custos, diminuir o emprego e aumentar lucros.

Recusamos também aumentar ainda mais a precariedade, com motivos para contratar a termo e em alternativa exigimos a reposição da legalidade, ou seja a passagem a efectivos dos trabalhadores contratados a termo a ocupar postos de trabalho permanentes.

De igual modo exigimos um aumento salarial que actualize os baixos salários praticados na grande distribuição, a maioria ao nível ou próximo do salário mínimo nacional, apesar do desmesurado crescimento e lucros dos grupos e empresas da grande distribuição. “

Algumas das melhores fotos da "Time" em 2009




























Manifestação em Londonderry. Morte de marine no Afganistão. Execução no Iemen. Peregrinação em Meca. Colhida em Espanha. Fesfile nos EUA. Banho numa catarata do Nepal. Prisão com gás paralisante numa manifestação em Paris. Erupção no Etna.

Dois sinais




Com poucos dias de diferença, dois sinais, de ambos os lados do Atlântico, deram-nos a dimensão das causas e a determinação de quem, por elas se bate.


As vitórias de Aminatou Haidar e de Evo Morales, que têm o ânimo dos seus povos por detrás, foram esses sinais palpáveis e dramáticos de que vale a pena lutar, de que os opressores têm muitas vezes que recuar, de que a solidariedade não é uma palavra vã.


Morales, em sucessivas consultas populares, por vezes exigindo muita coragem nas ruas, e enfrentado sucessivas tentativas de golpe com o apoio dos EUA, está determinado num outro caminho para o seu país e o seu povo, mais livre, mais justo e maios fraternmo. Aminatou ganhou com a sua greve da fome uma nova projecção planetária do povo sahauri e da sua determinação na independência dum território ocupado ilegalmente pelo exército marroquino.


Este foi, desta vez, um mar de confiança.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Frase de fim-de-semana, por Jorge





Todos os carrascos que vi na minha vida eram pessoas evoluídas,sensatas, de grande intelecto


Fiódor Dostoievski em "Cadernos da Casa Morta"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Leiam. Não pasmem. Indaguem. Pasmem.




Poema aos homens constipados , de Lobo Antunes


Pachos na testa, terço na mão,

Uma botija, chá de limão,

Zaragatoas, vinho com mel,

Três aspirinas, creme na pele

Grito de medo, chamo a mulher.

Ai Lurdes que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela,

Cala os miúdos, fecha a janela,

Não quero canja, nem a salada,

Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.

Se tu sonhasses como me sinto,

Já vejo a morte nunca te minto,

Já vejo o inferno, chamas, diabos,

Anjos estranhos, cornos e rabos,

Vejo demónios nas suas danças

Tigres sem listras, bodes sem tranças

Choros de coruja, risos de grilo

Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,

Põe-me a Santinha à cabeceira,

Compõe-me a colcha,

Fala ao prior,

Pousa o Jesus no cobertor.

Chama o Doutor, passa a chamada,

Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.

Faz-me tisana e pão de ló,

Não te levantes que fico só,

Aqui sozinho a apodrecer,

Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Os calceteiros



Está frio

Mas, depois de uns dias de aguaceiros,

Vibra uma imensa claridade crua.

De cócoras, em linha, os calceteiros,

Com lentidão, terrosos e grosseiros,

Calçam de lado a lado a longa rua.


Cesário Verde

O arrefecimento global exige uma outra conferência, crónica do Rodrigo


Vamos ficar todos abaixo de zero dizem os meteorologistas renegados dos gases com efeito de estufa, que se calhar não têm gases e por isso é que andam a tramar os ecologistas-caviar que se mudaram, para Copenhaga e andam a fazer as danças para parar as chuvas por causa dos tsunamis e para que os ursos não andem a pairar em pequenos blocos de gelo, uns, porque outros andam a queimar automóveis e a puxar pelos gases da polícia porque acham que estão muito abaixo da sua quota e ainda lhes sobram uns créditos para meterem no mercado do carbono, bom, importa que vos diga que o meu patrão anda a querer mandar-me para um gulag qualquer porque ando a estragar o consenso nacional-ecologista e a desenterrar alfarrábios que dizem que há muitos milhares de anos temos aquecimentos e arrefecimentos e que nem por isso ficamos esturricados nem passamos a andar a quatro pelos montes mas eu ameacei-o de que o que ele queria era continuar a receber as "emissões" em papel para alegrar a festa e a impedir o desenvolvimento do terceiro-mundo e ele aí, que se reclama de esquerda, lá pensou, pensou em termos de custo/benefício e disse-me que está bem mas que puxasse as temperaturas dos termómetros uns dois graus acima para não perder a face e eu pensei cá para os meus botões que ele tinha perdido a vergonha, isso sim, bom malta até à próxima e não se queimem nem se deixem extinguir como os dinossauros que tinham descompressões anais ricas em metano, que era o gás de efeito de estufa deles, e que diz-se que diz-se que foi por isso que se lixaram como os peles vermelhas que, ao contrário do que se diz, não foram mortos pelos Bills mas porque apanhavam muito sol, mas deixa lá que eu um dia ainda vou perceber alguma coisa disto.

Presidente do Chile será eleito na 2ª volta. Comunistas regressam à Câmara 36 anos depois...





O candidato conservador, Sebastián Piñera, foi o mais votado na 1ª volta das eleições presidenciais, com 44,0% dos votos, seguido por Eduardo Frei, candidato apresentado pelos partidos da Concertación (apoiantes do actual governo social-democrata de Michelle Bachelet, que terminou o seu segundo mandato com forte apoio popular), com 29,6 %. Seguiram-se o independente ex-apoiante do governo Marco Henriques-Ominami, com 20,1 % e Jorge Arrate, de esquerda, apoiado pelos partidos comunista e socialista, com 6,2%.
Frei e a Concertación dão como adquirida uma vitória na 2ª volta, esperando que as candidaturas independente e comunista apelem ao voto em si. Mas isso não está claro. O Chile arrisca a ter na presidência gente afecta ao antigo ditador Pinochet.
Jorge Arrate introduziu nesta 1ª volta alguns temas relevantes que Frei é chamado a partilhar. São elas a convocação de uma Assembleia para elaborar um nova constituição democrática, o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas, a renacionalização da indústria mineira e do cobre, em particular, fim das privatizações, reforma da Educação que contenha o processo da sua privatização e a gratuitidade da Saúde e Educação, incluindo a universitária.
A derrota da Concertación era esperada, e o candidato da direita beneficiou do descontentamento popular. Desde o fim da ditadura de Pinochet os partidos que a integravam, quando no governo, não tomaram medidas para inverter o curso económico e social que tinham herdado nem foram suficientemente firmes contra Washington.

Nesta eleição renovaram-se também 38 lugares do Senado e foi eleita a totalidade da Câmara dos Deputados.
Os comunistas e seus aliados mais próximos tiveram uma importante votação e romperam com o acesso que lhe estava vedado ao Parlamento. Não estavam no Parlamento desde há 36 anos, quando do golpe de Pinochet. O Presidente e o Secretário-Geral do Partido, respectivamente Guillermo Teillier e Lautaro Carmona foram dois dos três novos deputados eleitos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cartoon de Monginho


in Avante!

Sugestões de leitura na net

Luis Carlos Molion – O reduzido papel das emissões de CO2 nas alterações climáticas de um período que é de arrefecimento e não de aquecimento global

Eugénio Rosa - O governo pretende premiar anualmente os patrões que pagam apenas o SMN com 26,6 milhões de euros da Segurança Social

Olga Chetverikova – O aquecimento global catastrófico, lavagem ecológica ao cérebro e governo mundial

R. Warren Anderson and Dan GainorR. Warren Anderson and Dan Gainor - Ao longo de um século os jornalistas previram períodos de arrefecimento e aquecimento global

Francisco Silva - Afinal estamos ou não a sofrer as maldades do dióxido de carbono que produzimos

François Houtart – Os agro-combustíveis são um escândalo nos países do Sul e não são boa solução para o clima

Mahdi Darius Nazemroaya – Planos para redesenhar o Médio Oriente:o projecto de um Novo Médio Oriente


Albano Nunes – A escalada militar no Afeganistão
Denis Netcheporuk - A Ucrânia vinte anos depois

Domenico Losurdo - Um primeiro balanço dos anos Lenine e Estaline

Declaração Final do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, em Dehli, Novembro de 2009

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Nós, ainda ontem éramos rapazes, ó velhos!"



Camilo Castelo Branco("Novelas do Minho")

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A justificação da guerra



“A guerra é a continuação da política por outros meios” (Carl von Clausewitz)




"Dizer que a guerra é por vezes necessária não é apelar ao cinismo, é reconhecer as imperfeições do Homem e os limites da razão" (Barack Obama)



Contribuições para uma abordagem marxista da Ética, de Manuel Dias Duarte



Aceitando-se que a Ética é um produto da sociedade de classes, não havendo portanto princípios ou valores éticos eternos, uma questão se impõe: existirá uma ética marxista ou apenas uma abordagem marxista da Ética?


É com esta questão que abre Manuel Dias Duarte um trabalho publicado no site do Sector Intelectual do PCP, para concluir no final:



“Um ano antes de morrer, era muito clara a oposição de Marx a todas as


tentativas utópicas de redigir códigos de conduta futuros válidos para uma qualquer “cidade do sol”. A propósito das normas e valores ideais que necessariamente haveriam de dar forma às relações entre homens e mulheres vindouras, vivendo já em comunismo, escrevia Engels, em 1884, falando por ele e pelo amigo:



“Assim, aquilo que hoje em dia podemos presumir acerca do regime [Ordnung] das relações sexuais após o iminente varrimento da produção capitalista é, sobretudo, de carácter negativo, limitando-se quase só àquilo que vai desaparecer. Mas o que é que haverá de novo? Isso decidir-se-á


quando tiver crescido uma nova geração: uma geração de homens que nunca na sua vida tenham chegado à situação de comprar a entrega de uma mulher por dinheiro ou outros meios sociais de poder, e uma geração de mulheres que nunca tenham chegado à situação nem de se entregar a um homem por quaisquer outras considerações para além de um real amor nem de recusar a entrega ao homem amado por medo das consequências económicas. Quando estas pessoas existirem, não darão a mínima importância àquilo que hoje se acha que elas deveriam fazer; construirão as suas próprias normas de conduta (Praxis) e a opinião pública para julgar a praxis de cada um – ponto final” (Friedrich Engels, A origem da família, da propriedade privada e do estado, Lisboa, Edições Avante!, 2002, pág. 104).



A postura de Marx e Engels, ao longo de todas as suas obras, aponta sem dúvida


para a conclusão de que, na sua geração, não era possível constituir-se uma ética


marxista, mas apenas proceder a uma crítica permanente e combativa de todas as propostas éticas…sem moral e, em particular, da ética burguesa e capitalista.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ora então, vamos lá…

O ambiente mediático, informativo e de análise, com que convivemos está a contribuir para uma perda de referências éticas, uma habituação à inevitabilidade de um país sem saída dominada por corruptos, eventualmente ao descrédito quanto à possibilidade de mudanças que, eleição após eleição, têm reconduzido nos órgãos de poder maiorias do “centro” do espectro político, com resultados que se mantêm, agravados – é certo – mais recentemente pelo agravamento da crise interna.

Repartir as responsabilidades nos governos destes 33 anos é importante para que se não perca a memória da política e dos seus protagonistas. Tal como é importante, nesta conjuntura, não isentar, em nome disso, os governos de José Sócrates que assumiram, particulares responsabilidades no desbaratar de esperanças, na pioria da qualidade da vida e do usufruto dos direitos, no embaciamento do que se exige que seja transparente, no show-off e no faz de conta, no autoritarismo sem a autoridade que foi perdendo, no confronto social e incapacidade de perceber e discutir o que dizem os portugueses. Enfim, não estendamos mais o rol sob pena de contribuir para agravar depressões que se sentem em muitos que foram mulheres e homens sérios, que souberam educar, trabalhar com olhos também no país.


O país não vai morrer. E já passamos por sebastianismos bastantes para não ir por aí. Há condições para outras vias se abrirem, no respeito da vontade colectiva e do funcionamento democrático no seio da sociedade. Se soubermos derrubar os muros que nos quiseram criar dentro das nossas cabeças e reinventarmos em cada dia que passa a solidariedade, a camaradagem, o respeito pelos trabalhadores e pela tão necessária riqueza que lhe sai das mãos, o papel central do trabalho na recuperação do país, então estaremos num caminho mais acertado.