quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A lista negra de Bush



Ainda no rescaldo da expulsão dos embaixadores dos EUA na Venezuela e na Bolívia, a administração Bush decidiu há dois dias não certificar a luta contra a droga realizada na Venezuela.


Este país que as Nações Unidas classificaram como o quarto que, em todo o mundo, mais lutou contra a droga em 2007, apoia simultaneamente em matéria e prevenção contra a droga 37 países. Relativamente a esse período Bush mandou dizer que ambos os países latino-americanos “falharam manifestamente” em igual período…e decidiu incluí-los numa “lista negra”.


A Venezuela, segundo o seu governo, foi-se dando conta, ao longo dos anos, que a suposta cooperação com a DEA DrugEnforcement Administration, de Secretaria de Esttado da Justiça dos EUA) não produzia resultados. O ex-embaixador da Venezuela nos EUA reagiu à decisão desta “não certificação”, afirmando que não faz sentido só ser aceite este modelo e combate à droga que origina a tal “cooperação”. Esse modelo tem falhado.


Na América Latina quem produz a matéria-prima recebe por isso uma miséria. As fases seguintes de fabrico, tratamento e distribuição, essas sim, alcançam valores astronómicos que, depois de devidamente “lavados” em off-shores entram, nos circuitos financeiros mundiais, com outros factores e operações, com os impactos bem conhecidos como a actual crise financeira nos revela.


Não deixa de se registar que esta guerrilha verbal não é aplicada com o mesmo zelo por Bush aos próprios EUA que continuam a ser o maior e mais destacado consumidor mundial de drogas nem aos seus grandes aliados Afeganistão e Colômbia, que deles recebem muitos milhões de dólares e são os maiores produtores mundiais de droga. A “lista negra” de desclassificações deste ano inclui 20 países dos quais 14 são da América Latina e Caraíbas, o que não deixa de parecer uma componente paralela do esforço de Bush em desestabilizar internamente estes países que têm registado uma assinalável viragem à esquerda para aplicar novas políticas económicas e sociais que libertem este sub-continente do subdesenvolvimento.



A actual crise financeira não pode deixar de nos chamar a atenção para o narcotráfico. A esta questão voltaremos.

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