Mário
Sacramento nasceu em Ílhavo,
arredores de Aveiro,
filho de Rita de Morais Sarmento e de seu marido Artur Rasoilo
Sacramento. Realizou os seu estudos secundários no Liceu
de Aveiro,
onde foi um activista estudantil, razão pela qual chegou a estar
preso. Matriculou-se em Medicina na Universidade
de Coimbra,
mas apenas concluiu os seus estudos depois de ter frequentado as
escolas médicas do Porto e de Lisboa (onde se licenciou em 1946).
Obteve em Paris uma
especialização em gastrenterologia (1961).
Desde
muito cedo colaborou em diversos periódicos entre os quais O
Diabo, o Sol Nascente, Vértice e
o Diário de Lisboa.
Observador
interessado do panorama literário português, Mário Sacramento
publicou diversos ensaios sobre a obra de escritores como Eça
de Queiroz, Moniz
Barreto, Cesário
Verde, Fernando
Namora e Fernando
Pessoa.
A qualidade dos seus ensaios granjeou-lhe a admiração da
intelectualidade portuguesa do tempo.
Ainda
estudante, Mário Sacramento integrou-se na tradição do
republicanismo democrático português, aderindo ao movimento de
resistência democrática ao regime fascista. Militava no Partido
Comunista Português
Foi
membro da comissão central da organização de juventude
do Movimento
de Unidade Democrática (o
MUD Juvenil), o único movimento oposicionista tolerado pelo regime,
no qual se congregavam a todas as correntes da oposição
democrática. Nessas funções ganhou grande notoriedade,
transformando-se numas das figuras de referência da resistência.
A
sua actividade de crítica literária guindou-o ao papel de principal
teorizador do movimento
neo-realista em
Portugal. Participou em múltiplas conferências sobre literatura e
publicou uma extensa obra de crítica e de análise literária, que
inclui ensaios marcantes,
entre os quais Eça
de Queirós, uma Estética da Ironia (1945,
Prémio Oliveira Martins),Fernando
Pessoa, Poeta da Hora Absurda (1959), Fernando
Namora, a Obra e o Homem (1967)
e Há
uma Estética Neo-Realista? (1968).
Foi
secretário-geral, e principal obreiro, da comissão
promotora do Primeiro
Congresso Republicano,
um fórum da oposição democrática que se reuniu em Aveiro no
ano de 1957 e
liderou a organização do Segundo
Congresso Republicano,
também realizado em Aveiro, embora tenha falecido pouco antes da sua
realização em 1969.
Uma parte importante da sua obra de ensaio literário está reunida
nos três volumes, parcialmente póstumos, de Ensaios
de Domingo (1959,
1974 e 1990).
Uma
parte importante do seu pensamento político e filosófico está
reunido no volume Frátria, Diálogo com os Católicos (1971),
obra que reuniu os artigos que escreveu entre 1967 e 1969 sobre o
papel dos católicos e do movimento eclesial na evolução política
portuguesa.
Mário
Sacramento foi por cinco vezes detido pela PIDE,
a polícia política do salazarismo, a primeira das quais em 1938,
quando era membro da associação de estudantes do Liceu
de Aveiro,
e a última em 1962.
Mário
Sacramento é lembrado numa das mais importantes artérias da cidade
de Aveiro, sendo ainda patrono de um dos principais estabelecimentos
de ensino daquela cidade.
Na foto seguinte, homenagem em Ilhavo (Aveiro), promovida pelo PCP, estando na mesa Armando Gouveia, Óscar Lopes, Denis Jacinto, Joaquim Namorado, Cecília Sacramento, José Bernardino, Nelson Ribeiro, João Sarabando e Carlos Lopes.
2 comentários:
Eu tenho a carta-testamento de Mário Sacramento.
Um grande abraço para ti.
Atenção! Naveguei por aqui...
Enviar um comentário