"Quando
as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas
áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou
que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem
obrigadas a visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a
vomitarem. Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres
esqueléticos dos judeus que estavam na fila para uma incineração
interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem a si
próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade
dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de
ilusões e preconceitos. O povo alemão assistiu ao
desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu
desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos,
os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a
hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas
em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos,
ficaram chocados e surpreendidos.
Em
2013, 500
milhões de europeus foram testemunhas, ao vivo e a cores, de um
ataque relâmpago ao Chipre. Todos vimos um povo sob uma
chantagem, violando os mais básicos princípios da segurança
jurídica e do estado de direito. Vimos
como o governo Merkel obrigou os cipriotas a escolher, usando a
pistola do BCE, entre o fuzilamento ou a morte lenta. Nos
governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A
Europa é hoje governada por Quislings e Pétains. A
ideia da União Europeia morreu em Chipre. As
ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas
uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de
discutir em Portugal, se
não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio
futuro como
nação digna e independente.
2 comentários:
Sigo atentamente o que diz Viriato. Sublinho o parágrafo final. Só tem que se juntar...
Sempre admirável, Seromenho, que dia 6 de Abril vai estar no Museu Vieira da Silva, às 16h, para um debate sobre "Estados de Guerra", logo após á visita guiada da exposição de Graça Morais.
Abraço.
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