Poeta, contista e autor de numerosos livros para a infância, Papiniano Carlos morreu, quarta-feira, em Pedrouços, na Maia, onde residia há longos anos, de causas naturais. Contava 94 anos.
Nascido em Maputo, Moçambique, mas fixado no Porto desde muito jovem, foi um dos lídimos representantes da designada geração de 50, de que faziam parte Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão, António Rebordão Navarro ou Daniel Filipe. Publicou com abundância nos anos 50 e 60, período em que escreveu títulos marcantes como "Poema da fraternidade", "Estrada nova"ou "As florestas e os ventos". Fervoroso combatente antifascista, foi preso três vezes pela PIDE, colaborou nas revistas "Seara Nova" e "Vértice" e integrou os corpos dirigentes do Círculo de Cultura Teatral do Teatro Experimental do Porto. Como membro do Conselho Português para a Paz e Cooperação, fez várias viagens ao estrangeiro, no decurso das quais conheceu Pablo Neruda, então embaixador em Paris, de quem se tornou amigo.A paixão pela literatura africana foi uma constante na sua vida. Esse papel de divulgação foi reconhecido por José Craveirinha, que considerava Papiniano Carlos uma das suas principais referências.
"A menina gotinha de água" é a sua obra mais conhecida
Publicada em 1962, seria sucessivamente reeditada, com um amplo acolhimento junto do público infantil. A produção literária de Papiniano Carlos iniciou-se, porém, em 1942, com uma coletânea de poemas intitulada "Esboço". Quatro anos depois, escreveu "Terra com sede", volume de contos publicado pela Editorial Inova fortemente influenciado pela corrente neorrealista.
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