quarta-feira, 2 de março de 2011

Líbia: EUA avançam

A sobrevivência da ditadura de Kadhafi poderá não durar muito.

Devido ao seu próprio isolamento e devido à acção coordenada de várias potências estrangeiras e da Al-Jazeera
O que daí irá resultar é mais problemático.

Não se vislumbra um enquadramento político da revolta popular por pessoas que se tenham mantido no país em vez de ir tratar da sua vidinha para o estrangeiro. Os revoltosos revelam alguma desorientação de objectivos. Se uns defendem a vitória com uma componente militar própria, outros reclamam a intervenção militar dos EUA e da UE, o que constituiria um desastre a somar ao desastre por enquanto humanitário e que envolve líbios e trabalhadores imigrantes e criam imigrações de difícil resolução no Egipto, Tunísia e Itália.

A guerra civil não está formalizada mas já decorre. Com meios mais modernos por parte de Kadhafi ou mais obsoletos como os dos revoltosos que os capturaram após a eliminação física dos militares apoiantes do regime, na sequência de acções não espontâneas mas planeadas e organizadas na região Cirenáica.

Das forças de Kadhafi já partiram propostas de negociações que não foram aceites pelos revoltosos que têm defendido que a eliminação física dos apoiantes de Kadhafi e do próprio é a única solução que encaram.

Não por acaso o agitar de uma eventual intervenção do Tribunal Penal Internacional já foi lançada e membros de ONGs andam no terreno a entrevistar pessoas para criar bases de dados para esse fim.

Entretanto, apesar de unanimidades no Conselho de Segurança das Nações Unidas, é cada vez mais nítida a linguagem de guerra de Obama/H. Clinton, com reservas tímidas de alguns países europeus que vão ser chamados, via NATO e UE, a afinar o alinhamento com Washington. Para alguns analistas, os EUA e a UE já terão chegado a acordo para garantir na Líbia um controlo militar com um governo e uma força militar que lhes sejam afectos e que colaborem com uma intervenção militar internacional.

A Liga Árabe, em que 13 dos seus 22 países já foram atingidos pelas ondas de choque originadas há uns meses no Egipto, excluiu a Líbia de seu membro. Nenhuma das outras ditaduras da região, em geral aliadas dos EUA, sofreram a mesma decisão.

A entrada de navios de guerra hoje no Mar Vermelho através do Canal do Suez é ilustrativo dos objectivos de Washington. O representante do Pentágono não poderia ter sido hoje mais esclarecedor: "Estamos a reposicionar as forças para facilitar a flexibilidade uma vez que se tomem as decisões"...
Na zona os EUA têm um razoável número de bases, nomeadamente no sul de Itália e na Sicília, a cerca de uma hora de voo da Líbia
A intenção de dominar a situação interna na Líbia deve-se ao facto de que os EUA não faziam, até agora parte da exploração do petróleo líbio. Esta tem sido feita pela BP, Shell, Total,. BASF, Statoil, Repsol e outras multinacionais europeias. A Europa, Rússia e a China têm sido beneficiadas com isso. Agora não se sabe, havendo já quem veja nestes acontecimentos também uma acha para o confronto anunciado entre os EUA e a China. Do petróleo líbio, 85% tem-se destinado à Europa, onde a Itália é o principal importador (com 37% do mercado europeu, onde também pesam a Alemanha, a França e a China).
A Alemanha está bem alinhada com os objectivos da NATO em África. Está a construir em Adis-Abeba um edifício monumental destinado a sede de futuros entendimentos entre a União Africana e a NATO no que respeita à extensão da NATO a este continente.

A saída do país em massa de técnicos e operários especializados da indústria petrolífera estão, para já, a causar problemas gravíssimos na sua exploração e refinação. Em poucos dias, dos boatos passou-se a este êxodo. A especulação na subida dos preços é agora acompanhada pela perda progressiva dos bens que constituíram nas últimas dezenas de anos a alavanca ao desenvolvimento interno e a um razoável nível de vida se comparados com outros regimes árabes: o petróleo e o gás.

A cadeia de TV Al Jazeera, pertença do emir do Qatar e do seu governo, tem dado o seu apoio aos revoltosos, projectando figuras desconhecidas que são dirigentes da Frente Nacional de Salvação da Líbia, há dezenas de anos financiada pela CIA e pela Arábia Saudita.

2 comentários:

Alex disse...

Obrigado pelas suas noticias e reposição da observação do momento que se vive.
:))

Anónimo disse...

No meio de tantos especialistas sobre kadaffi e tanta raiva sobre ele deitada,há qq coisa q não está bem contada...O melhor será informar entre variadas fontes.E depois falar

http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23474