Neste domingo cinzentão fizemos uma boa opção. Rumámos ao King e vimos "Poesia", filme sul-coreano de Lee Chang-dong, tendo como protagonista Yun Jung-hee , grande e bela actriz, que já não filmava há quinze anos.
O regresso do interesse de infância pela poesia leva-a a um curso de formação e a uma tertúlia de poetas iniciados, pouco antes de conhecer o diagnóstico da doença de Alzheimer. A relação disso com a angústia por um crime perpretado pelo neto e outros colegas de escola e os cuidados prestados a um doente acamado, sua forma de subsistência, constituem a trama do filme, onde o sentido de honra está presente.
Da perda da memória de palavras e de descobrir o lado belo das coisas vai registando sentimentos que a levam a construir uma poesia.
Lee Chang-dong disse numa entrevista "O que me atrai é o ser humano. Carrascos ou vítimas, nós nunca somos só uma coisa. A natureza humana é complexa e, como artista, tenho a impressão de que minha função é iluminá-la. Filmo para conhecer o outro e a mim mesmo."
O entrevistador insistiu na definição de ‘morte em vida’, a propósito da doença. Chang-dong disse-lhe que a ligação da personagem com as palavras - poesia - faz parte de um movimento íntimo. "Dando novo sentido às palavras, ela busca preservá-las, e o que representam, do esquecimento."
Dias depois de termos assistido à entrega dos óscares com critérios alheios a quaisquer considerações artísticas, é bom reconciliarmo-nos com o bom cinema.
LIVRAI-NOS DELES
Há 3 dias
2 comentários:
Dou-lhe os parabéns pela escolha que fez....
Soberbo.
:))
Belíssimo filme. Também gostei muito.
Maria
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