segunda-feira, 5 de abril de 2010

De regresso, com o Xico, amigo do coração



Bom dia juventude!

Ora cá estamos nós, quatro semanas depois de uma operação ao coração para substituir a válvula aórtica (à esquerda na figura), que há muito não estava eficaz e me deixava num estado de canseira quase permanente. Era uma operação desejada.

Internado que fui, depois de um dia de preparação, lá me injectaram os líquidos e só acordei um dia depois, sentindo-me como se tivesse passado um eléctrico da Carris por cima – a expressão foi do cirurgião, um bom profissional, que várias vezes nos pôs a rir na enfermaria, a mim e outros companheiros de (in)fortúnio.

O primeiro dia foi de KO quase permanente: não sabia onde estava, quem me rodeava, em que patamar da loucura estaria situado. As imagens nocturnas foram caóticas.

Os dois dias seguintes foram melhores. Família, consciência, a responsabilidade de manter na sua função 35 agrafos, de me abraçar quando a tosse vinha para não abrir esse fecho éclair com que me tinham condecorado. Passei essas duas noites como se tivesse o ecrã do computador à minha frente, no qual ia fazendo o download de imagens diversas. Dei comigo várias vezes a digitar um teclado inexistente.

Ganhei a consciência de que me tinham aberto, mexido na fonte dos afectos, metido um zingarelho designado por prótese valvular mecânica, do tipo St Jude Nº 25 Rg Ao, e fechado, com algum “arame” a consolidar a relação do externo com as costelas. A prótese já a baptizei como Xico, em homenagem ao meu primeiro gato. Que, com os demais componentes cardíacos regressou à gaiola, onde tudo se anda a acomodar, depois de 62 anos de uma acomodação diferente.

Fomos tratados nas palminhas por médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares. Cinco estrelas para a Cardiologia e a UTIC do Hospital de Santa Maria!

O meu vizinho do lado era, com 45 anos, um veterano de novas válvulas que ia substituir uma delas, bem-disposto, e que se queria despachar daquilo tudo.

As coisas foram-se compondo até umas arritmias terem dado um arzinho de sua graça o que prolongou a estada por mais uma semana.

Em casa estou recuperando os equilíbrios, o funcionamento normal dos sistemas. E por aqui estou mais algum tempo até atingir a recuperação para a chamada vida normal.

O Xico, esse, passou a fazer parte dos meus amigos do coração.

8 comentários:

Julieta Real Ferreira disse...

Ora, bem vindo. Já cá fazia falta.
E obrigada por nos ter contado tão bem essa cirurgia.
Está visto que tudo correu bem e vai continuar.
Essa valvulazita nova é daquelas que fazem uma espécie de tic tac permanente?
Desejo-lhe uma boa e rápida recuperação.
É bom tê-lo na nossa companhia internáutica de novo.

Marisa disse...

E agora, finalmente, fica~se a saber tudo tim-tim por tim-tim...
Saude e muitos anos de vida... e para o Xico, nem se fala....
Abraço amigo....
e, agora não pare...

Jorge disse...

Quem diria que um "coração de ouro" pode precisar de válvulas novas?

Um grande abraço pelo regresso!

Jorge

Luiz Esteves disse...

Saúde e bons posts, camarada!

matilde r. disse...

Oh, Abreu,
Todos os dia vim cá espreitar para ver se já tinhas voltado. Um grande abraço, homem! (sem estragar o Xico).
Matilde

António Abreu disse...

Amigos são o mais importante...

Jorge C disse...

Boa noite

Como cirurgião do ofício é sempre esclarecedor perceber o que se passa no cérebro dos doentes nos dias (e noites) seguintes à operação e que tão bem descreve.
As melhoras.

Anónimo disse...

Também eu vinha quase todos os dias, mas era apenas silêncio.

Hoje voltei e percebi o porquê.

Boa descrição, para leigos.

Desejo optimas melhoras.

maria do azeveiro