quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ora então, vamos lá…

O ambiente mediático, informativo e de análise, com que convivemos está a contribuir para uma perda de referências éticas, uma habituação à inevitabilidade de um país sem saída dominada por corruptos, eventualmente ao descrédito quanto à possibilidade de mudanças que, eleição após eleição, têm reconduzido nos órgãos de poder maiorias do “centro” do espectro político, com resultados que se mantêm, agravados – é certo – mais recentemente pelo agravamento da crise interna.

Repartir as responsabilidades nos governos destes 33 anos é importante para que se não perca a memória da política e dos seus protagonistas. Tal como é importante, nesta conjuntura, não isentar, em nome disso, os governos de José Sócrates que assumiram, particulares responsabilidades no desbaratar de esperanças, na pioria da qualidade da vida e do usufruto dos direitos, no embaciamento do que se exige que seja transparente, no show-off e no faz de conta, no autoritarismo sem a autoridade que foi perdendo, no confronto social e incapacidade de perceber e discutir o que dizem os portugueses. Enfim, não estendamos mais o rol sob pena de contribuir para agravar depressões que se sentem em muitos que foram mulheres e homens sérios, que souberam educar, trabalhar com olhos também no país.


O país não vai morrer. E já passamos por sebastianismos bastantes para não ir por aí. Há condições para outras vias se abrirem, no respeito da vontade colectiva e do funcionamento democrático no seio da sociedade. Se soubermos derrubar os muros que nos quiseram criar dentro das nossas cabeças e reinventarmos em cada dia que passa a solidariedade, a camaradagem, o respeito pelos trabalhadores e pela tão necessária riqueza que lhe sai das mãos, o papel central do trabalho na recuperação do país, então estaremos num caminho mais acertado.

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