quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A vergonha dos muros...Festejar? O quê?

O muro de Berlim deixou de existir há 20 anos






Mas o dos EUA com o México existe há 15





o de Israel com a Cisjordânia passados 7 anos ainda lá está







O de Marrocos com o Sahara Ocidental há 30 anos...





E tantos outros mesmo mais pequenos
(este na aldeia de Ostrovany, na
Eslováquia a isolar um grupo de ciganos)

11 comentários:

Anónimo disse...

E não esquecer o muro, fortemente militarizado e vigiado com tecnologia sofisticada, de mais de dois mil quilómetros, que os marroquinos construíram, entre 1980 e 1987 - ou seja, desde há quase trinta anos -, para isolar a parte que ocuparam do Sahara Ocidental.

Sim, mais este símbolo de divisão, ocupação e repressão. Esse "muro da vergonha", que testemunhei presencialmente ao longo de vários troços de dezenas de quilómetros pelo lado dos territórios libertados pelos guerrilheiros sarauís da Frente Polisário, a uma distância conveniente de cerca de 900 metros devido ao terreno minado.

Parece inacreditável, mas são mais de 2000 quilómetros, dava para cercar Portugal, incluindo as fronteiras marítimas. Aliás, hoje, quem queira, pode segui-lo no google earth (em várias centenas de quilómetros da sua extensão, noutras as imagens de satélite não têm resolução suficiente).

Quem o tenha visto compreende melhor a luta desse povo martirizado que reclama há mais de três décadas e meia o direito de viver livre e em paz na sua própria terra. "Toda la patria o el martirio" dizia a consigna de um dos Congressos da Polisario.

HM

samuel disse...

Quase não são notícia, assim como o que foi agora contruído para cercar por completo uma comunidade cigana, em Ostrovany, na Eslováquia.
Outros tempos, excelentes justificações...

Abraço.

Joana Lopes disse...

Caro António,
Mas o facto de existirem outros muros (vergonhoso, totalmente de acordo)é razão para não festejarmos um que desapareceu?

(Gostei de o rever. Um abraço)

António Abreu disse...

O muro de Berlim, como os outros, teve uma história. O seu significado há 20 anos transcendia a questão de dificultar a deslocação de pessoas nos dois sentidos.
O seu significado foi a derrocada de uma forma de regime em vários países que se queria superior ao capitalismo, e não o conseguiu ser em teermos duradouros apesar das grandes dificuldades na sua génese quando dezenas de países capitalistas procuraram derrocá-lo à nascença.
A sua sobrevivência, e por tabela, a de toda a Europa custou dezenas de milhões de mortos aos que a quiseram defender e centenas de milhares de milhões de dólares a quem a veio reconstruir sem sofrer um bombardeamento no seu território,onde apenas foram mortos os Rosemberg, perseguidos, presos e mesmo assassinados as vítimas do MacChartismo.
Para mim festejar a queda do muro de Berlim, percebendo já o que iria acontecer nestes vinte anos, não me encontrava força anímica para tal, estando eu há outros 20 anos a combater pela liberdade do meu país.
Os outros muros que ilustrei no post não têm, em, geral, a rejeição de muitos Estrados cujos dirigentes esfregaram as mãos de contentes junto às portas de Brendenburgo.Nem serão assinalados os aniversários da vergonha da sua existência.
Que outros meus amigos entendam dever comemorar já 20 vezes a queda do muro de Berlim não me irá afastar deles se quiserem salvaguardar a memória histórica do que foi o nosso combate, aqui, durante 48 anos, onde essas mesmas potências apoiaram Salazar e Caetano e tudo procuraram fazer depois do 25 de Abril para combater a perspectiva do socialismo.
Apareça sempre, Joana!

Joana Lopes disse...

Eu não ando para aí a abrir garrafas de champagne para festejar, António, e acho bem mais importante denunciar os males que temos por cá neste momento.
Mas acho um péssimo serviço o que é prestado por textos como o publicado hoje no Avante acerca do assunto em questão, sobre o qual escrevi isto:
http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2009/11/o-pcp-e-queda-do-muro-de-berlim-2.html

António Abreu disse...

Não me parece que o texto do Avante! seja um mau serviço sobre esta questão. Ele exprime a opinião do jornal, que é livre de a ter como a Joana tem outra. Independentemente da sua relação anterior com o Partido. Li o seu texto e não compartilho de várias das suas apreciações. Tenho também a minha opinião e sou livre de a expressar. Começando logo por não concordar que a Joana tenha decretado o apodrecimento do comunismo (os ideais não apodrecem) e compará-lo como apodrecimento de Caetano... Qualquer esforço para apreciar as condições de vida nos planos económico, social, cultural, desportivo, científico, etc., em termos comparativos não permite tal concluir e a figura de estilo, se fôr só isso, não colhe.
Que para quem combateu e se entregou a uma causa verificar como derrocaram os regimes do leste da Europa foi um sismo, concordo. Todos nós o sentimos, particularmente quando as suas evidentes falhas e contradições com o ideal não foram corrigidos, na base de uma ampla participação popular, antes foram aproveitados por forças e personalidades exteriores e internas no sentido de deixar ir o bebé com o banho...Que avaliação faz a Joana do papel histórido de personagens como Gorbatchev? Um herói ou um traidor? Um pateta ambicioso e útil que não estava à altura das suas responsabilidades? Não tenha medo das palavras particularmente quando ditas por quem você sabe, ou pode imaginar, serem pessoas de bem e não torcionários, combatentes e não vendidos ao adversário de classe, sérios e não corruptos.
Conheci a RDA e a afabilidade dos seus habitantes. Já estive várias vezes na ex-RDA e conheço os sentimentos das pessoas. A maioria são saudosos do que eram as suas vidas com futuro, da segurança no trabalho, da habitação, da educação dos filhos, da segurança social, dos seus haveres de que foram despojados, raros achavam bem o partido único, prisões e perseguições mas relatavam boas experiências de muitos militantes do partido de poder.
No ponto de vista externo, creio só podermos concluir que o que aconteceu a leste nesses anos teve um impacto tremendamente negativo no resto do mundo, nos direitos e condições de vida dos trabalhadores (classe operária e outros), na agressividade imperialista e na proliferação de guerras para a conquista de bens de outros e de plataformas de ataque a outros países,no terrorismo,na quebra do papel dos organismos internacionais posteriores às 1ª e 2ª guerras a favor de um pequeno número de potências capitalistas que passaram a ser directório de um mundo unipolar.
Reconhecer os erros e os desastres nos países do leste europeu e a subestimação e falta de estudo do exterior pelo que se lá passava, particularmente numa aguda luta entre blocos, onde as solidariedades nem sempre eram sustentadas, é uma coisa.
Outra é prescindirmos dum ideal, da confiança que depositam em nós os que mais sofrem e são explorados, porque este e outros países não podem prescindir da utopia e da construção de alternativas que não sejam esta situação insustentável do recuo da democraciaà escala planetária.
Joana, compreendo as suas motivações mas não concordo com elas. Pesam nos dias de hoje à esquerda? Sem dúvida! Mas sei que não é por aí que vou. Chega de vergastadas e masoquismos. Todos já aprendemos e o que se nos pede é muito exigente.

Joana Lopes disse...

António,
Onde é que eu falei de «apodrecimento» do PCP e o comparei ao do marcelismo? Sinceramente, não me lembro de o ter feito, nem isso corresponde, de todo, ao meu pensamento.
Não vou responder directamente ao seu comentário, mas ainda hoje voltarei ao assunto e porei aqui o link.

António Abreu disse...

Joana
Relendo o que escreveu no seu blog, não há dúvida que comparou o "apodrecimento do comunismo" (de lá, não falei do PCP também)com o apodrecimento do "fascismo de Caetano".
Um abraço

Joana Lopes disse...

António,
Diga-me, por favor, ONDE é que leu isso: com link ou com copy/paste.

Anónimo disse...

Não ha dúvida que esta troca de "galhardetes" até deu alguma animação a isto, mas é preciso rigor para o que se diz seja credível...

António Abreu disse...

Laura
Desculpe o atraso mas tive alguns problemass técnicos com os comentários.

O comentário do anónimo não é meu e até pensava que era uma observação crítica que me era dirigida. Tem toda a razão e peço-lhe desculpa: a referencia que lhe fiz e que reincidi foi erro meu. Tratava-se de um texto no vosso blog mas assinado por João Tunes.

Abraço
A. Abreu