Sendo o programa sobre o plano inclinado do país, os intervenientes não tinham necessidade de também se inclinarem e descambarem. Veremos se os próximos programas corrigem a tendência de ontem.
Medina Carreira, continuando a ocupar mais espaço que os restantes, sustentou que se não consumisse tanto ou se produzisse o que se consome para reduzir o que se paga ao exterior. Que a justiça tem que ser mais célere para se atrair investimento, que importa vencer a burocracia e a corrupção. Até aqui, tudo bem. Mas depois lá vem a terapêutica mortífera: reduzir os rendimentos dos portugueses! Mas de que portugueses? E quem consome mais produtos importados? Retomar a indústria, a agricultura e a pesca. Boa e sensata ideia. Mas como? Sim, é possível…mas tem que se ir um pouco mais longe no como fazer, com que medidas de natureza interna e no quadro da EU…se não Medina Carreira fica ao nível dos que tanto critica (justamente) …
Já quanto à presidencialização do regime (“sem ser à força”…), atenção!... O PR pode intervir e ter uma magistratura de influência até porque tem sem dúvida as legitimidade de ter sido eleito directamente pelos portugueses.
Não reproduzindo aqui o que já referi há pouco tempo, convidaria os três participantes, mais o Mário Crespo e os nossos leitores a procederem n uma visitação ao que foi o nosso programa eleitoral.
Nuno Crato defendeu o que é um lugar-comum na boca de todos os que se candidatam a dizer alguma coisa: aumentar a competitividade. Mas como? Reduzindo os salários e direitos dos trabalhadores? Ou seleccionando bem os nichos, dos mercados de exportação? Ou reduzindo a componente fiscal dos custos de produção, ou introduzindo inovação, C&T, não para unidades isoladas, para Sócrates ter palco para mais uma intervenção nos telejornais, mas como efectivas e extensas nas fileiras e clusters adequados? Ou com apoios que se não limitem, aos que maior peso têm mas a todos que apresentem contributo importante para ter produtos competitivos? Ou com gestores que incorporem opções de risco calculado, não se guiando exclusivamente pelo lucro rápido e fácil? Ou com métodos de organização que podem contribuir para ela?
João Duque considerou inevitável que o rendimento disponível (para quem?) diminuirá, reconhecendo que a adesão ao mercado europeu nos conseguiu impor a redução da produção própria financiando o abate dos meios de produção. Importante foi referir que se devem montar redes de distribuição de produtos mas garantindo outros factores para o aumento da produção. Mas lá veio a flexibilização laboral…como se não estivesse já suficientemente flexibilidade e a introduzir graves factores de insegurança nos trabalhadores, com reflexos inegavelmente negativos na produtividade e solidez das empresas. Quanto ao pessimismo que vislumbra na iminente bancarrota, dizer que a UE não nos deixará cair é um voto pífio porque o resultado global tem sido esse e, como os outros dois participantes sublinharam, não é lá muito digno que nos tornemos em pedintes dos países com mais possibilidades…
E, por aqui me fico.
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