Os sinais de que meios militares russos e iranianos estão a ser utilizados no apoio ao exército iraquiano para combater a ofensiva dos fundamentalistas do Exército Islâmico, que acaba de criar um “califado” nas regiões sob seu controlo, confirma que os Estados Unidos e Israel estão por detrás do processo do desmembramento do Iraque.
“Depois dos discursos iniciais de que tudo estava em aberto, o que se observa é uma complacência absoluta dos Estados Unidos perante o que aqueles a quem chama ‘os mais ferozes terroristas islâmicos’ fazem no Iraque”, afirma Husseini Farag, professor universitário em Beirute, embora com origem egípcia. “Isto só pode dizer uma coisa: cumplicidade”, denunciou.
Nos meios diplomáticos e militares de Beirute sucedem-se informações sobre o envio de pilotos russos para operar com aparelhos Sukhoi-25, SU-25, de ataque ao solo, que terão sido entregues no fim de Junho na base de Al-Muthanna, nos arredores de Bagdade. Pelo menos foi assim que o assunto foi apresentado na televisão iraquiana, ao mostrar os aparelhos supostamente enviados por Moscovo.
Não há no Iraque pilotos com capacidade para operar com os mais modernos aviões de guerra da série Sukhoi, admitindo-se que também pilotos e aviões iranianos deste tipo possam vir a ter utilizados.
Os objectivos destas movimentações é bombardear as regiões ocupadas militarmente pelo Exército Islâmico, grupo sunita que controla regiões do Nordeste da Síria e as áreas sunitas do Iraque e que declarou um “califado” onde exerce o seu domínio.
No início da ofensiva do então Exército Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) os Estados Unidos ameaçaram responder em defesa do governo iraquiano, de índole sobretudo xiita, mas a única das “opções em aberto” do presidente Obama que se cumpriu foi o envio de 800 marines para defender as instalações norte-americanas em Bagdade, que incluem a mais faraónica embaixada do mundo.
De acordo com informações que circulam em Beirute, os pilotos russos não participarão em combates, terão como missão treinar militares iraquianos para utilizar os citados aviões.
A Arábia Saudita vê-se agora “entre dois fogos”, comenta um diplomata francês em Beirute, que pediu o anonimato. “São conhecidos os atritos entre Washington e Riade porque a monarquia saudita não confia no modo como o Pentágono vem controlando o Exército Islâmico”, afirma. “É um facto que a Arábia Saudita não está contra um desmantelamento do Iraque desde que isso não lhe provoque problemas internos. Agora com os russos e os arqui-inimigos iranianos apoiando o governo de Bagdade, os sauditas estão verdadeiramente intranquilos”, revelou o diplomata francês.
As autoridades sauditas terão feito sentir a sua insatisfação ao ministro russo Seguei Lavrov, que esteve recentemente em Riade, mas este, segundo se diz na capital libanesa, terá ripostado que para evitar situações como aquela que existe no Iraque teria sido melhor não encorajar o terrorismo islâmico a instaurar a guerra civil na Síria.
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Há 4 semanas
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