As manifestações de sábado deram pasto aos rumino-comentadores de serviço. Para eles, vivemos em democracia e, por isso, é no quadro do seu respeito, sem rupturas com ela, que os movimentos de opinião se devem expressar...Isto tudo a propósito de quê? Das declarações de um personagem, hoje desqualificado (falamos de Otelo) que coopera, sem dificuldades, com os anti-democratas que nos (des)governam no objectivo de silenciar, por qualquer forma, os democratas, os que se não conformam com o esvaziamento da democracia e não pactuam com a perda integral da soberania .
O protesto nas ruas influencia a vida política. Exprime a vontade dos que se não conformam com a degradação das condições de vida, com o empobrecimento e o cavar do fosso entre ricos e pobres, com a recessão económica e o desemprego. Mas também é um medir de forças entre os que pensam que, com o voto condicionado, de 4 em 4 anos, podem fazer tudo, arrepiar promessas eleitorais e desiludirem expectativas, e os que não se resignam a isso e participam na luta, que nem sempre gera vitórias, mas sem a qual nunca se ganha.
Quem cerceia a democracia e a aplicação de direitos e deveres constitucionais, fá-lo em nome de interesses dos poderosos. Mas não é dono da democracia, no sentido de se arrogar como único intérprete do que a não ofende...Pelo contrário quem protesta, protesta com um quadro de referências que enformaram a Constituição e outras leis e não prescinde dele porque foi toda a sua vida que lhe deu sentido e justeza.
O povo é sacrificado ao limite mas não perde a capacidade de reagir e o direito constitucional de se revoltar. E pode confrontar governantes que entram em delírio contra quase todos.
Se as instituições não respeitam as aspirações populares, se delas se desligam, cavam a sua falência e um fosso, que legitima que os revoltados se sintam com necessidade e superior habilitação para defender a democracia, a liberdade e os seus direitos contra os que, continuamente os violam.
O povo defenderá a democracia e a soberania nos termos em que se vier a impôr.
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