quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quirguistão: pequeno país mas de alta importância estratégica


1. O Quirguistão é um país quase totalmente montanhoso e sujeito a graves terramotos. O país fica na junção de dois grandes sistemas montanhosos da Ásia Central, o Tien Shan e o Pamir, que compreendem uma série de cadeias de montanhas, que vão do leste para o oeste. Mais da metade do território da república situa-se numa elevação de aproximadamente 2.500 metros (cerca de 8.202 pés). Geleiras e neves perpétuas abrangem mais de 3% do total do território.

A composição étnica é no total da população de 4,7 milhões (2000), sendo quirguizes 52%, russos 22%, uzbeques 13%, ucranianos 2,5%, alemães 2,4%, tártaros 1,6%, outros 6,5% (1996).

A nacionalidade é kirguiz, o kirguiz é a língua oficial, seguida pela Rússia. No que respeita à religião prosseguida: islamismo 70% (sunitas), cristianismo 5,7% (ortodoxos russos), outras 24,3% (dados de 1997).

Os principais partidos são o Comunista Quirguiz e o Social-Democrata da Quirguízia. E o legislativo é bicameral, com uma Assembleia Legislativa de 35 membros e a Assembleia do Povo com 70 membros. Ambos eleitos por voto directo para mandatos de cinco anos. A constituição actual está em vigor desde 1993.


2. Tal como outros países da Ásia Central, ex-soviéticos, depois do colapso da URSS, adaptou pouco a sua estrutura e composição política.


O presidente Askar Akayev foi deposto por um golpe organizado pelos EUA, em 2005, assim que se concretizou um compromisso de apoio financeiro por parte da China, potência interessada em alargar a sua influência regional.


Sucedeu-lhe Kurmambek Bakiyev, aliado dos americanos que concedeu aos EUA uma base militar, a pretexto da luta antiterrorista que os EUA que puseram em prática para “legitimar” o seu avanço para uma zona rica em petróleo que os acercava dos territórios da Rússia e China. No caso do Quirguistão salienta-se ainda uma importante mina de ouro descoberta do tempo da URSS (e gerida pelo Canadá, com o apoio dos EUA) e outros minerais utilizados em meios estratégicos, como o urânio e o antimónio.

A “revolução túlipa” fez entrar no país ONGs apoiadas e dirigidas pela administração americana em todo o processo de liquidação do mundo socialista.

Este presidente assumiu políticas de privatização, aumentos de preços e pauperização de importantes sectores da população e tinha prevista uma alteração constitucional que previa uma sucessão dinástica dos altos cargos e, por isso, viria a cair na sequência de uma revolta popular muito bem organizada, num processo em que os rebeldes chamaram a si a polícia e o exército, deixando o presidente deposto sem apoios para retomar o poder. Os EUA começaram por apoiar Bakiyev, mas em poucos dias acabaram por ir ao encontro dos revoltosos, que rejeitaram um outro sucessor presidencial que os EUA fizeram avançar – Eliseev.

Os revoltosos formaram, um governo provisório, dirigido pela senhora Otosenbaieva que, entretanto, obteve apoio económico dos EUA (garantindo a continuidade da sua base) e URSS mas não a intervenção militar deste pedida pelo governo provisório à Rússia.


3. Há portanto 3 grandes potências a observar a situação, que ainda não se pacificou.

Os EUA, que aspira ao império mundial, querendo alargar a sua presença e domínio em países a muitos milhares de quilómetros das suas fronteiras. A Rússia e a China que partilham preocupações sobre o “contágio” em possíveis conflitos no seu próprio território que aproveite conflitos entre etnias, sobre a segurança dos meios energéticos e sobre a aproximação dos seus territórios de bases militares norte-americanas.

A China, em particular, está interessada em manter o seu papel de liderança de uma economia regional onde tem actuado com grande eficácia e não aceitar que esta seja “tutelada pelos EUA”.

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