quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A NATO aproxima-se da Rússia: perigos para a paz


Os EUA, a UE e a NATO estão mais perto da fronteira russa, objectivo de há muito assumido pelo imperialismo norte-americano para tentar acabar com uma potência que definiu como inimigo estratégico, golpeando perto de uma zona relevante da marinha russa (Crimeia, Sebastopol).

Hoje sucederam-se declarações da Rússia em defesa dos russos que vivem na Ucrânia, do “novo governo ucraniano” garantindo que qualquer iniciativa militar russa a partir de Sebastopol não seria tolerada, da NATO ameaçando a Rússia e contactos entre o presidente do parlamento da região autónoma da Crimeia e populares que querem manter uma boa relação com a Rússia.

As consequências destes acontecimentos já nada têm a ver com a necessidade de serem melhoradas as condições de vida na Ucrânia.

A RR on-line referia hoje que Milhares de manifestantes enfrentaram-se, esta quarta-feira, junto ao parlamento regional da Crimeia,  após os últimos desenvolvimentos na Ucrânia, levantando o espectro de uma eventual separação ou intervenção russa na zona” e que “A península tem sido disputada ao longo dos séculos. Foi invadida pelos nazis, na II Guerra Mundial, e, depois, integrou o regime Soviético. Contudo, em 1954, foi transferida por Nikita Kruschev para a esfera da Ucrânia.”
As consequências destes acontecimentos já nad
A RR devia reflectir melhor, com todas as evidências de que dispõe, sobre quem tomou a iniciativa de dividir habitantes na Ucrânia e quem está hoje a ameaçar quem.

Não está claro como as coisas vão evoluir. Com a paralisação da actividade económica, a Ucrânia está à beira da bancarrota e não está claro em que condições vão os EUA e a UE dar a “ajuda” que já anunciaram e quando, tendo em conta que os golpistas têm pela frente a tarefa de constituir novas instituições que possam ser interlocutores com a comunidade internacional.
Quanto à motivação e mobilização para o golpe, não há dúvida que a extrema-direita e os nazis cavalgaram o descontentamento com as condições de vida (que uma parte dos ucranianos espera resolver com a integração europeia…).

E também é verdade que a maioria que governava o país, através do seu presidente e das oligarquias que lhe estavam associadas, colocou na rua polícia que, em resposta às provocações, tomou iniciativa de ataque, apesar de nunca ter chamado o exército a intervir. Ianukovitch foi agora acusado pelos golpistas de ter feito o assassínio em massa de 80 pessoas. Mas não está claro quem matou quem e os snippers no cimo de prédios abateram quer revoltosos quer polícias, não tendo sido fazer a perícia policial aos corpos, nomeadamente o tipo de balas que os tinham abatido porque os nazis organizados os removiam imediatamente para outros locais.

Isto não significa que, numa lógica de “preto e branco”, sintamos especial simpatia por Ianukovitch no seu confronto com Timoshenko, que está associada a outros oligarcas. Esta alternância desde os anos 90 não é expressão da luta de classes existente na sociedade. Uns e outros representam o grande capital nos sectores primário e secundário da economia que coloca os trabalhadores em pauperização e falta de resposta do Estado nos planos sociais e de distribuição de alimentação e outros meios de subsistência.


A revolta foi sem dúvida apoiada e organizada pelos EUA e a UE que deram campo de manobra aos nazis e não reagiram aos assaltos a sedes do PC da Ucrânia, que era crítico da política de Ianukovitch, que está em processo de ilegalização pelas novas autoridades “democráticas”.

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