terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A fraude estatística e política dos 150 mil postos de trabalho, por Agostinho Lopes


Aconselho vivamente o leitor a consultar o artigo de Agostinho Lopes, deputado e dirigente do PCP, publicado no Le Monde Diplomatique” deste mês.

Nele poderá confirmar, a propósito da “bandeira” dos 150 mil postos de trabalho

- As indefinições desde o início sobre o que estes queriam significar :se era um saldo líquido e como o iria conseguir com o Pacto de Estabilidade;

-A manipulação estatística inaceitável feita para se atingirem os 150 mil postos de trabalho: comparação de trimestres diferentes sem a necessária “dessazonalização” correctiva, contagem de empregados a trabalharem no estrangeiro, de situações excepcionais e temporárias de formação e aprendizagem, não integrar a componente qualitativa do novo emprego (precariedade, trabalho juvenil, qualificação, etc.); e a consequente não consideração de que sobe o emprego precário e o emprego parcial enquanto desce o emprego permanente ou de que sobe o número de trabalhadores a desempenhar funções pouco ou nada qualificadas e o emprego nos serviços enquanto este baixa na indústria.

Agostinho Lopes refuta a ideia que o Governo quis criar de que se deve considerar um “antes” e um “depois” do 3º trimestre de 2008 e debate do OE para 2009, em que no “depois” se debitam à crise financeira internacional as desgraças que vinham da política do governo.
Assinala que diversos factores vulnerabilizaram e tornaram dependente e impotente a economia face aos impactos da crise internacional: níveis de endividamento dos portugueses, das empresas não financeiras e do país em geral que se agravaram de 2005 a 2008 como consequência das políticas neo-liberais do PS.
Indica ainda quais os elementos centrais desta política: privatizações de empresas de bens e serviços públicos, liberalização dos mercados destes, adesão à UEM e ao euro com a consequente perda de importantes instrumentos de controle da economia, particularmente a gestão orçamental determinada pelo Pacto de Estabilidade, atrasos nos apoios às MPME, extrema dependência de sectores da economia do capital estrangeiro (drenagem de riqueza para o exterior, deslocalizações, estratégias alheias) com as consequências na actividade económica e desemprego.

E conclui que “a solução para os problemas e défices estruturais do país (energético, agro-alimentar, tecnológico e de qualificação)” não se resolvem com a degradação das relações laborais como o caso do recente Código de trabalho mas pela valorização e aproveitamento do trabalho dos portugueses.

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