O caos
instalou-se na maioria das unidades e, precisamente, nos aspetos mais
sensíveis do atendimento aos cidadãos – acesso aos ficheiros
clínicos e registos dos médicos (SAM), ao sistema de apoio à
prática de enfermagem (SAPE) e ao módulo de prescrição de
medicamentos.
Em
todo o país, o panorama caracteriza-se por uma assinalável e
comprometedora lentidão no acesso e desempenho das várias
aplicações, principalmente quanto à prescrição de medicamentos e
MCDT, erros técnicos de escrita, sucessivos e frequentes bloqueios
do sistema obrigando a reiniciá-lo, desmultiplicação da maioria
das receitas admitindo apenas um medicamento em cada uma, levando
assim a um consumo irracional de papel (e tonner) para cada
consulta.
Contudo,
na área da ARS do Norte o problema agravou-se de forma muito
preocupante.
O
projeto autónomo desta ARS de concentrar num único data center
regional toda a informação dispersa pelos múltiplos servidores
existentes nos centros de saúde da região sem que para tal tivessem
sido previstos os possíveis imponderáveis e tomadas todas as
medidas de segurança que uma decisão como esta aconselhava,
ocasionou um completo caos nos serviços onde, para além das
perturbações decorrentes da lentidão do sistema, se verifica, em
muitas unidades, a impossibilidade de acesso à ficha clínica dos
utentes e, quantas vezes, ao desaparecimento de informação
relevante.
Trata-se
duma situação gravíssima que coloca os médicos a trabalhar em
situação de risco, uma vez que tais bloqueios podem comprometer o
acesso a informação relevante e, desta forma, a própria segurança
dos cidadãos. Já para não falarmos sobre o permanente e prolongado
stress a que todos os profissionais estão a ser expostos.
Acontece
que a ARS do Norte é uma grande empresa, que tem como missão
garantir
à população da Região Norte o acesso à prestação de
cuidados de saúde, e que envolve a responsabilidade pela gestão dum
orçamento de funcionamento superior a mil e duzentos milhões de
euros (2012).
Alguma
grande empresa com um “volume de negócios” deste nível
avançaria para uma operação de manutenção da sua base de dados
com semelhante leviandade? Sem se debruçar sobre os cenários
possíveis e planos alternativos para minimizar os riscos
(prejuízos)? Alguma grande empresa poderia dar-se ao luxo de
semelhante desperdício?
E que
atitude tomam os seus dirigentes perante semelhante descalabro?
Até
agora nem uma palavra de informação, justificação, pedido
de desculpas, agradecimento aos seus profissionais médicos e de
outras profissões, pela forma quase heroica como diariamente dão a
cara e procuram minimizar, à custa dum enorme esforço, os
constrangimentos com que a administração os contempla.
Afinal,
é a imagem do SNS e a qualidade dos serviços prestados que estão
em causa. Uma preocupação dos seus profissionais que, pelos vistos,
não é acompanhada pela administração.
Apenas
dá respostas aos jornalistas dizendo que o problema estaria
resolvido até ao final da semana que terminou no dia 14. Não
cumpriram.
A FNAM, através dos três sindicatos que a constituem, alerta os
médicos que devem estar atentos às eventuais condições de
insegurança no desempenho do seu trabalho, e que reportem por
escrito todas as limitações e situações de eventual
conflitualidade aos Presidentes dos Conselhos Clínicos e da Saúde e
Diretores Executivos dos ACES.
As USF
e UCSP deverão ainda fazer uma análise cuidada dos eventuais
reflexos que estes constrangimentos poderão ter nas metas
contratualizadas e, caso tal se verifique, exigir fundamentadamente
uma revisão das mesmas e da Carta de Compromisso assinada para o
corrente ano.
Como
sempre os gabinetes jurídicos dos nossos sindicatos estarão à
disposição dos associados.
Coimbra,
18 de Junho de 2013
A Comissão Executiva da FNAM
1 comentário:
A nossa saúde está pela hora da morte.
Um beijo.
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