sábado, 6 de outubro de 2012

Presidente do Chipre rejeita resgate semelhante ao aplicado à Grécia


O presidente de Chipre, Demetris Christofias, rejeitou esta quarta-feira a aplicação no país de um pacote de resgate semelhante ao da Grécia, argumentando que falharam as políticas de cortes salariais e vendas de ativos estatais.

«O método neo-liberal de lidar (com a crise) está falido, isso é claro da situação na Grécia», disse Christofias, que é comunista, em declarações ao canal de televisão estatal grego NET.

«A política da troika é mortal», acrescentou Christofias, referindo-se aos credores internacionais da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu, que fiscalizam os resgates da Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre.

Christofias garantiu ainda que não vai aprovar a eliminação dos aumentos salariais indexados à inflação, entre outras medidas exigidas pelos credores, tais como a venda de empresas rentáveis parcialmente detidas pelo Estado.

«Nós não estamos simplesmente a rejeitar, estamos a fazer contrapropostas», disse o presidente, que considerou um «conto de fadas» a noção, no Norte da Europa, que os países do Sul da UE «são preguiçosos».

Em troca de dois resgates, a Grécia teve de aplicar rigorosos cortes no salários e nas pensões, nos últimos dois anos, que causaram o agravamento do desemprego e mantiveram a Grécia numa recessão que dura há cinco anos.

O governo grego planeia outra ronda de medidas de austeridade, no valor de dez mil milhões de euros, para o próximo ano.

Christofias está hoje em Atenas para conversações com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.

Os representantes da troika visitaram o Chipre duas vezes, desde junho, quando o país pediu o resgate, depois de tanto o Banco do Chipre, como o Banco Popular do Chipre, terem dito que não conseguiam assegurar financiamento para garantir as necessidades de recapitalização.

A troika adiou a terceira visita, na qual se previa a assinatura do memorando, porque a UE espera ainda do governo cipriota contrapropostas de medidas de austeridade que possam servir de condições para um eventual acordo de empréstimo.

(publicado no iol 03 Out 2012)

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