Nenhuma reflexão séria foi feita no sentido de questionar a legitimidade e a prevista brutalidade da invasão.
Como aqui referimos então, tratava-se de um "silêncio ensurdecedor".
Contar-se-ão pelos dedos os que exprimiram essas dúvidas tal como os comunistas portugueses o fizeram,não confundindo essa atitude com um apoio à política de Kadhafi.
Foi necessário pintar um monstro que justificasse tudo quando as verdadeiras razões da intervenção eram por demais conhecidas.
O despotismo de Kadhafi, que variou ao longo do regime, as arbitrariedades, a falta de democracia, os crimes que lhe são imputados, a própria justificação da revolta de Benghazi como reacção popular à perseguição do regime, terão que ser mais bem identificados por parte dos que justificaram a agressão. Não nego à partida nada disso mas não aceito sem provas a contundência das acusações. Designá-lo por facínora ou déspota terá que ser calibrado com a consideração que se tem por idênticos comportamentos de Bush, Obama, Sarkozy, ou Berlusconi. Porque esta barragem de certezas "justificou" algo que a partir da segunda metade do século passado estava adquirido na consciência universal como inaceitável: a invasão militar de um país para apoiar uma parte da sua população que se opunha a um regime mas que não tinha quaisquer tipo de condições para o derrubar...
Espera-se agora que uma atenção mais crítica, despida do seguidismo em relação às campanhas de outros a que muitos dos nossos fazedores de opinião fazem o frete.
Espera-se essa atenção porque o combóio está em marcha e novos casos estão em preparação.
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