O recurso a um outro tipo de comemoração institucional do 25 de Abril contribuiu para alimentar grandes equívocos sobre o nosso futuro próximo e as responsabilidades de cada um..
O apelo dos quatro Presidentes da República, eleitos pelos portugueses depois do 25 de Abril, foi convergentemente claro.
Há que nos unirmos em torno do combate em relação à crise, disseram eles. Sem se esquecerem de acrescentar que esse "combate" era a concordância com o que saísse das negociações do governo com a troika, ou seja com o FMI, a CE, e o BCE.
Nenhuma hipótese alternativa de "combate" foi colocada, mesmo por Jorge Sampaio que, enfatizando o que já dissera antes de que havia outras coisas além do deficite, se limitou a referir o que o secretário-geral do FMI também diz por outras palavras. FMI que muito boa gente anda a dizer que já não é o "papão" de outrora, numa negação cega e sectária do que aconteceu recentemente com a Grécia e a Irlanda, exactamente com a mesma troika...
Na transmissão da cerimónia pela RTP-1, a jornalista de serviço, com ar triunfal rematou "agora todos os partidos estão obrigados a convergir...". Se o PCP e o BE não aceitaram participar nas reuniões "faz de conta" com a troika, logo Mário Soares disse que "ficam de fora, não contam"...O mesmo Soares que, sendo o único dos quatro com cravo ao peito, certamente em nome da "convergência" fez duas diatribes anticomunistas. Lembrei-de da canção do José Barata-Moura "cravo vermelho ao peito, a todos fica bem,, sobretudo dá jeito...".
A troika vem impor-nos, para nos emprestar dinheiro, e depois o recolher com juros confortáveis, uma série de medidas anti-sociais de peso. E procura a unanimidade...Compreende-se mas é um passe muito manhoso, convenhamos, este de pôr todos, de repente, de acordo com o que tem sido o núcleo duro das políticas do PS, PSD e CDS desde há35 anos...
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1 comentário:
Convenhamos que a jogada de Cavaco foi uma das mais magistrais: Quatro discursos diferentes que, no fundo, foram iguais
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