Tive ontem a oportunidade, com alguns amigos, de assistir a um grande concerto. A 9ª sinfonia de Mahler pela Orquestra Filarmónica de Los Angeles, dirigida pelo maestro venezuelano Gustavo Dudamel.
Foi elevado o nível alcançado pela direcção da orquestra. Dudamel é um dos maestros saídos da experiência de formação musical única de José António Abreu, que continua a beneficiar milhares de jovens venezuelanos. Passou a maestro principal da Orquestra Sinfónica Juvenil Simon Bolívar, em que se mantem, mas espalha hoje esse sistema de ensino (el sistema) na cidade de Los Angeles onde trabalha com jovens de bairros pobres.Foi este jovem, de 28 anos, que vimos ontem dirigir uma das mais importantes orquestras do mundo, a Orquestra Sinfónica de Los Angeles, com um notável grupo de músicos, com destaque para as cordas.
E a 9ª Sinfonia de Mahler é a maior sinfonia deste autor que nos transmite, com grande emoção, as transformações operadas na música pós-romântica pelo autor. Só estreada um ano depois da sua morte, a sinfonia de 4 andamentos - dois adagios e dois outros rápidos sarcasmos - torneou a "fatalidade das nonas sinfonias" que noutros autores assinalaram a sua decadência criativa. Não a tendo numerado, e chamando-lhe "A canção da Terra", ela reflecte um estado de espírito de decadência física, a despedida da vida, mas também a esperança nos destinos da humanidade, os ambientes da amizade e do amor, das danças camponesas, a complexa vida urbana e respectivos códigos de comportamento.
O andamento final é, para um confidente do autor, "a tristeza da despedida da vida e a visão da vida celestial" (Bruno Walter).
Com sala cheia, e um grande calor, o trabalho foi saudado com sucessivas ovações.
Uma noite que se não esquece!...
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