quinta-feira, 19 de julho de 2012

Governo sírio acusa Kofi Annan de comprometer o plano de paz (dois dias antes dos atentados de Damasco)

Prezado Sr. Kofi Annan, enviado especial das Nações Unidas
Li vossa carta, datada de 13/07/2012, dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, na qual Vossa Senhoria faz referência aos trágicos relatos vindos da vila de Al Tremseh, perto de Hama e sobre o uso de canhões, tanques e helicópteros por parte do governo sírio.
Lamento que Vossa Senhoria tenha baseado a vossa posição numa única e imprecisa fonte de informações. Esperava que Vossa Senhoria verificasse os relatos junto ao governo sírio antes de os adoptar, para que pudesse ver a verdade dos factos, salientando que nós atendemos imediatamente ao pedido da missão de observadores para visitar Al Tremseh e a visita foi, de facto, realizada na data estabelecida por eles, em 14/07/2012.
O que ocorreu na aldeia de Al Tremseh, perto de Hama, é que dezenas de membros de grupos terroristas armados invadiram a aldeia e lá se instalaram, aterrorizando os moradores civis e criando sedes de comando, depósitos de armas e locais de tortura dos seqüestrados, atacando mais de um ponto das Forças de Segurança concentradas nos arredores da aldeia, o que exigiu uma resposta e o choque desde as 05:00 horas da manhã da  quinta-feira, 12/07/2012. Estes choques permaneceram durante algumas horas, mas as forças do governo não utilizaram aviões ou helicópteros ou tanques ou canhões, mas entraram na cidade sob a proteção de carros militares de transporte do tipo BMB e utilizaram armas leves, conforme a definição do Entendimento Inicial assinado entre a Síria e as Nações Unidas. Durante os choques, foram danificadas apenas cinco casas dentro do vilarejo que eram utilizadas como sedes dos grupos terroristas armados, assim como foram encontradas grandes quantidades de armas, munições e artefactos explosivos.
Afirmo a Vossa Senhoria que as forças do governo não cometeram nenhum massacre, conforme anunciou a imprensa, mas os grupos armados levaram consigo alguns corpos dos seus mortos e alegaram que o exército sírio promoveu um massacre contra os civis, fato que nego veementemente.
Causa-me muito estranheza o vosso silêncio diante das violações diárias cometidas pelos grupos terroristas armados, que já ultrapassaram dez mil e quinhentas violações, desde 12/04/2012 até a presente data. Sinceramente, não houve nenhuma referência sobre isso nas vossas declarações e nem nos vossos relatos ao Conselho de Segurança.
A adopção de fontes de informação sem credibilidade prejudica vossa missão e serve unicamente aos interesses dos que buscam o fracasso dela. Ao tempo em que a Síria zela pelo sucesso de vossa missão e reafirma o compromisso do governo da Síria com o Plano de Seis Pontos e com o Entendimento Inicial assinado em 19/04/2012, assim como o entendimento ocorrido entre Vossa Senhoria e o senhor presidente Bashar Al Assad, durante a vossa última visita a Damasco e espera avançar no cumprimento deste entendimento para cessar a violência e iniciar o processo político.
Queira aceitar meus cumprimentos e peço que uma cópia desta minha carta seja encaminhada ao Secretário Geral das Nações Unidas e ao Presidente do Conselho de Segurança.
Walid Al Moallem
Vice-Primeiro Ministro
Ministro das Relações Exteriores e Expatriados
Damasco, em 14/07/2012.

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