Enquanto a Srª Merkel visita Lisboa entretenho-me a coleccionar o que aconteceu com bancos europeus no crash de 2008. Agora que, no próprio relatório recente do FMI, se diz (e prova) que nos últimos anos tem havido uma transferência de dinheiro sistemática dos países periféricos para os bancos dos países centrais, percebe-se o que são os resgates. Os resgates são isso: “empresta-se” dinheiro e recebe-se, ano a ano, muito mais do que aquilo que se “emprestou” à custa dos impostos lançados sobre as populações dos países mais pobres.
Esta UE é uma anedota grosseira e os portugueses que lá trabalham, Durão Barroso e Vítor Constâncio, deviam ter vergonha de estarem a colaborar, alegres, na desgraça do seu país.
Setembro 2008:
1. A 28 de Setembro o banco europeu Fortis, um banco continental gigante, colapsa e é nacionalizado.
2. O governo britânico nacionaliza o banco Bradford and Bingley com o custo de 50 biliões de libras.
3. Na Irlanda o governo assegura todos os depósitos e todos os empréstimos de TODOS os bancos da ilha. Na altura consta que os bancos irlandeses têm um buraco negro suficientemente grande para consumir várias vezes o valor do orçamento do governo do país. A bancarrota em 2010 é a conclusão do estado ter garantido as dívidas dos bancos privados.
4. Em 29 de Setembro, a Bélgica, a França e o Luxemburgo metem 6.4 biliões de euros noutro banco, Dexia, para impedir a sua falência.
Outubro 2008
1. A 6 de Outubro o governo alemão coloca 50 biliões de euros para salvar um dos seus próprios bancos Hypo Real Estate. Na Islândia o governo declara que vai tomar conta dos seus três bancos, incapazes de continuar a negociar como privados. Isto afecta a Grã-Bretanha e a Holanda onde os bancos islandeses eram especialmente activos.
2. A 10 de outubro o governo britânico injecta 50 biliões de libras adicionais no sector financeiro e oferece 200 biliões de libras em empréstimos de curto prazo. Ao mesmo tempo a Reserva Federal dos EUA, o Banco de Inglaterra, o EBC e os bancos centrais do Canadá, Suécia e Suiça cortam as suas taxas de juro. No dia seguinte o FMI reúne em Paris e os líderes europeus garantem que a nenhuma instituição bancária irá ser permitido falir. Mas não oferecem garantias à UE. Cada estado membro terá de salvar os seus próprios bancos – uma decisão fatal da qual ainda hoje se sofrem as consequências.
3. No dia seguinte 13 de Outubro o governo britânico injecta mais 37 biliões de libras no RBS, no Lloyds TSB e no HBOS. Nos EUA o governo dá mais 20 milhões ao Citigroup.
Dezembro 2008
1.- A França cede um pacote de 26 biliões de euros ao seu sector bancário.
2.- O Governo inglês oferece empréstimos de 20 milhões de libras a pequenas firmas como ajuda. Angela Merkel segue na Alemanha com um pacote similar de 50 biliões de euros. A Irlanda nacionaliza o Anglo Irish Bank.
Em Abril de 2009
Setembro 2008:
1. A 28 de Setembro o banco europeu Fortis, um banco continental gigante, colapsa e é nacionalizado.
2. O governo britânico nacionaliza o banco Bradford and Bingley com o custo de 50 biliões de libras.
3. Na Irlanda o governo assegura todos os depósitos e todos os empréstimos de TODOS os bancos da ilha. Na altura consta que os bancos irlandeses têm um buraco negro suficientemente grande para consumir várias vezes o valor do orçamento do governo do país. A bancarrota em 2010 é a conclusão do estado ter garantido as dívidas dos bancos privados.
4. Em 29 de Setembro, a Bélgica, a França e o Luxemburgo metem 6.4 biliões de euros noutro banco, Dexia, para impedir a sua falência.
Outubro 2008
1. A 6 de Outubro o governo alemão coloca 50 biliões de euros para salvar um dos seus próprios bancos Hypo Real Estate. Na Islândia o governo declara que vai tomar conta dos seus três bancos, incapazes de continuar a negociar como privados. Isto afecta a Grã-Bretanha e a Holanda onde os bancos islandeses eram especialmente activos.
2. A 10 de outubro o governo britânico injecta 50 biliões de libras adicionais no sector financeiro e oferece 200 biliões de libras em empréstimos de curto prazo. Ao mesmo tempo a Reserva Federal dos EUA, o Banco de Inglaterra, o EBC e os bancos centrais do Canadá, Suécia e Suiça cortam as suas taxas de juro. No dia seguinte o FMI reúne em Paris e os líderes europeus garantem que a nenhuma instituição bancária irá ser permitido falir. Mas não oferecem garantias à UE. Cada estado membro terá de salvar os seus próprios bancos – uma decisão fatal da qual ainda hoje se sofrem as consequências.
3. No dia seguinte 13 de Outubro o governo britânico injecta mais 37 biliões de libras no RBS, no Lloyds TSB e no HBOS. Nos EUA o governo dá mais 20 milhões ao Citigroup.
Dezembro 2008
1.- A França cede um pacote de 26 biliões de euros ao seu sector bancário.
2.- O Governo inglês oferece empréstimos de 20 milhões de libras a pequenas firmas como ajuda. Angela Merkel segue na Alemanha com um pacote similar de 50 biliões de euros. A Irlanda nacionaliza o Anglo Irish Bank.
Em Abril de 2009
O G20 reúne-se em Londres, no meio de manifestações gigantescas e decide tornar disponíveis 1.1 triliões de dólares para o sistema financeiro global.
No meio de todo este processo o desemprego e as falências aumentam nos EUA e no mundo todo.
Face a estes dados disponíveis no livro 'The Global Minotaur' de Yanis Varoufakis – há muitos mais - será relativamente fácil concluir que quem gastava acima das suas possibilidades eram todos os bancos do ocidente, quem incentivava activamente o endividamento era o sistema financeiro em geral e que, na sequência desta crise estes conceitos foram sabiamente desviados dos verdadeiros responsáveis para começar a circular a teoria que lança sobre as populações o ónus dos endividamentos, posteriormente sobre os estados periféricos eles próprios a chamada “crise das dívidas soberanas” para deste modo se conseguir recapitalizar o sistema bancário em geral e em particular dos bancos dos países do Norte da Europa atingidos pela crise americana do subprime.
Por isso:
De cada vez que ouvir dizer que vivíamos acima das nossas possibilidades direi: a culpa era vossa, do consumismo que vocês promoviam e das vigarices que arquitectaram até com dinheiro que nem sequer existia.
De cada vez que disserem que os povos do sul são preguiçosos eu responderei que preguiçosos, gananciosos e vigaristas eram os gestores dos bancos do capitalismo global que nem sequer conseguiram roubar com competência e, ao fazê-lo desastradamente, nos conduziram até aqui (eles sim!) e agora querem e conseguem, com os políticos que têm ao seu serviço, que sejamos nós – os comuns - a pagar-lhes aquilo que administraram em seu beneficio até à catástrofe.
De cada vez que disserem que “temos de cumprir o acordo” direi que essa é a grande mentira que a direita neoliberal predominante na Europa quer difundir para na realidade levar dinheiro com isso, enquanto não houver coragem e políticos para ir lá dizer que é necessário renegociar o acordo, que o acordo é desonesto face às verdadeiras razões da crise, que os juros são de agiotas e oportunistas e que aqueles que têm força para impor as suas regras do jogo – falseado desde início - não merecem qualquer respeito de ninguém. Ao capitalismo de casino devia-se responder com julgamento e prisão por uso indevido de dinheiro lá depositado de boa fé, fossem os estados dignos das funções que dizem assumir ou representar. Infelizmente já não são.
António Pinho Vargas
No meio de todo este processo o desemprego e as falências aumentam nos EUA e no mundo todo.
Face a estes dados disponíveis no livro 'The Global Minotaur' de Yanis Varoufakis – há muitos mais - será relativamente fácil concluir que quem gastava acima das suas possibilidades eram todos os bancos do ocidente, quem incentivava activamente o endividamento era o sistema financeiro em geral e que, na sequência desta crise estes conceitos foram sabiamente desviados dos verdadeiros responsáveis para começar a circular a teoria que lança sobre as populações o ónus dos endividamentos, posteriormente sobre os estados periféricos eles próprios a chamada “crise das dívidas soberanas” para deste modo se conseguir recapitalizar o sistema bancário em geral e em particular dos bancos dos países do Norte da Europa atingidos pela crise americana do subprime.
Por isso:
De cada vez que ouvir dizer que vivíamos acima das nossas possibilidades direi: a culpa era vossa, do consumismo que vocês promoviam e das vigarices que arquitectaram até com dinheiro que nem sequer existia.
De cada vez que disserem que os povos do sul são preguiçosos eu responderei que preguiçosos, gananciosos e vigaristas eram os gestores dos bancos do capitalismo global que nem sequer conseguiram roubar com competência e, ao fazê-lo desastradamente, nos conduziram até aqui (eles sim!) e agora querem e conseguem, com os políticos que têm ao seu serviço, que sejamos nós – os comuns - a pagar-lhes aquilo que administraram em seu beneficio até à catástrofe.
De cada vez que disserem que “temos de cumprir o acordo” direi que essa é a grande mentira que a direita neoliberal predominante na Europa quer difundir para na realidade levar dinheiro com isso, enquanto não houver coragem e políticos para ir lá dizer que é necessário renegociar o acordo, que o acordo é desonesto face às verdadeiras razões da crise, que os juros são de agiotas e oportunistas e que aqueles que têm força para impor as suas regras do jogo – falseado desde início - não merecem qualquer respeito de ninguém. Ao capitalismo de casino devia-se responder com julgamento e prisão por uso indevido de dinheiro lá depositado de boa fé, fossem os estados dignos das funções que dizem assumir ou representar. Infelizmente já não são.
António Pinho Vargas
(sublinhados meus)
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