segunda-feira, 30 de março de 2015

Naquela noite dormi no Mar, José João Louro

Permite-me Louro que te roube a prosa por uns momentos
 
Naquela noite dormi no Mar
Num 1 de Janeiro em Vila Nova de Milfontes (Odemira, Portugal) recordei-me de um leitão que comi no Cuando Cubango em 1982 em  Angola. Era um leitão preto selvagem. Tivemos todos de correr para apanhar o porco. Corria como um cabrito selvagem  .A  guerra contra os sul-africanos fez uma estranha pausa. Os FAPLA foram passar o Natal a Casa , Os UNITA foram passar o Natal a Casa , Os racistas sul-africanos tinham ido passar o Natal a CASA . O VILAVERDE foi passar o Natal a Casa. Parecia o Natal da "Guerra do Solnado ".
Tinha ficado  com os médicos e militares cubanos ,com dois engenheiros polacos que reparavam tanques em Menongue .
E de repente seria o 1 de Janeiro e os cooperantes cubanos queriam fazer a sua festa. Então corremos todos atrás  dum porco preto. . Selvagem que não se deixava apanhar. Passava debaixo das minhas pernas ,de todas as pernas ,corria como um cabrito selvagem. Mas os cubanos riam como no basebol e tentavam apanhar o porco como uma bola em movimento. E de repente uma médica cubana como se fosse uma campeã de cem metros ,uma mulher belíssima de pernas longas e mãos largas mas suaves pareceu voar e conquistou o porco preto para o seu colo.
  Era a pausa da Guerra ,havia uma cascata de gargalhadas.
No dia seguinte fomos assar o porco e fizemos a festa de Cuba com a alegria de Cuba ,com cantos e danças revolucionárias. Comemos um imenso bolo que era a Ilha de Cuba. Rimos .Chorámos. Naquela noite dormi no colo daquela belíssima médica de mãos de seda ,ternas. Naquela noite dormi no Mar.
Todos os dias morriam dos dois lados.. Angolanos dos dois lados .Muitos heróis cubanos. Sul Africanos dos dois Lados .
No dia seguinte fomos para Vissati . Centenas de pessoas saíram das matas para se entregarem ás FAPLAS . Enganadas por Savimbi queriam regressar .Não eram humanos eram esculturas de Giacometti , pinturas de Portinari , OSSOS de Pedro Costa ,esguias ,longas, riscos , SOMBRAS.
Os médicos cubanos amparavam as crianças com medo que morressem. Alguns morriam só com as papas de milho que os FAPLA  lhes davam. Como se viver fosse demais..
A bela médica agora chorava. Lágrimas corriam-lhe pelos olhos.  Os médicos cubanos todos choravam.
São como nós pensei. Loucos no Amor , Boémios na Festa. .E choram na guerra.
Lembrei-me disto em Milfontes em 1 de Janeiro. Juntei os patacos que me sobraram da reforma e fui comprar um Leitão para oferecer aos 2 médicos cubanos da Vila, Lembras-te Humberto Lopes ?. Para a sua Festa de 1 de Janeiro.
Depois corri para o Mar com o BE. Um Mar Azul me acariciava terno.
José João Louro

sábado, 28 de março de 2015

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Success is how high you bounce
when you hit bottom."
"Triunfar é bater no fundo
e atingir ressalto"
George S. Patton
general americano
1885-1945

Bispo de Beja apoia posição do PCP sobre o regadio do Alqueva


O debate sobre o tema Alqueva, desafios para a pequena propriedade, realizado ontem de manhã pela Caritas Diocesana de Beja, decorria sem sobressaltos, quando o bispo de Beja, D. Vitalino Dantas, pediu a palavra para lançar um desafio ao presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) José Pedro Salema.

 Este referira-se antes aos problemas criados pela existência na zona de regadio de cerca de 20 mil hectares de pequena propriedade.

 Surpreendido, o auditório com uma centena de pessoas, na sua maioria ligadas a organizações de apoio social, ouviu atentamente o bispo. D. Vitalino Dantas, nascido na região minhota, trouxe para o debate um tema escaldante: “Há 14 anos, o PCP avançou uma proposta em quedefendia que as parcelas no regadio do Alqueva não deveriam superar os 50 hectares”, lembrou.

Cruzam-se olhares espantados e ouve-se dizer: “Ele está a falar de quê?”

O prelado referia-se a um projecto de lei apresentado pelo PCP em 2001, sem sucesso, que estabelecia “um limite de 50 hectares” para as explorações agrícolas das áreas abrangidas pelo perímetro de rega de Alqueva.

D. Vitalino Dantas acrescenta um desejo: seria vantajoso para a região se “os grandes proprietários arrendassem os seus latifúndios”.

Ao PÚBLICO, fundamentou a ousadia da sua proposta. A doutrina social da Igreja é clara: “A função social da terra está em oposição ao princípio do direito absoluto que ainda condiciona as mentalidades” e no Alentejo “há empresas agrícolas que são associais, e criadoras de pobreza”.

Carlos Dias
Publico/Agricultura

 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Sínteses de artigos da Rede Voltaire

Limpeza étnica e cultural na Ucrânia

Enquanto o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, acaba de propor um acordo com os líderes da República Popular de Donbas, Andrew Korybko discorre sobre as razões para a revolta: não é simplesmente uma questão de se recusar a reconhecer o governo do golpe de estado em Kiev, mas uma tentativa de afastar um projeto oficial, que implica a limpeza étnica das populações de língua russa.

Netanyahu anuncia o fim da «solução de dois Estados»



Os acordos de Oslo, que Yitzhak Rabin e Yasser Arafat haviam imposto aos seus povos, foram liquidados durante a campanha eleitoral israelita. Benjamin Netanyahu mergulhou os colonos judeus num impasse, que será forçosamente fatal para o regime colonial de Telavive. Tal como a Rodésia não aguentou mais que 15 anos, os dias do Estado hebreu estão agora contados.
| Damasco (Síria)




O Estado contra a República

A pedido do presidente François Hollande, o Partido Socialista Francês acaba de publicar uma Nota sobre o movimento internacional «conspiracionista». O seu objetivo: preparar uma nova legislação proibindo-o de se expressar. Nos EUA, o golpe de Estado de 11 de setembro de 2001 permitiu estabelecer um «estado de emergência permanente» (Patriot Act), e o lançamento de uma série de guerras imperiais. Progressivamente, as elites europeias têm-se alinhado com os seus homólogos do outro lado do Atlântico. Por todo o lado, os cidadãos inquietam-se por serem abandonados pelos seus Estados e colocam em questão as suas instituições. Buscando manter-se no poder as elites estão, agora, prontas a utilizar a força para amordaçar as suas oposições.
| Damasco (Síria)
 

A CIA ultrapassada pelo apoio dos populares ao Daesh

Ultrapassada pelo desenvolvimento fulgurante do Emirado Islâmico, que ela própria criou, a Agência Central de Inteligência(CIA) será reorganizada em profundidade. Mas o problema que enfrenta não tem precedentes: uma retórica que ela havia imaginado para a difusão de comunicados de reivindicação de actos terroristas, sob falsa bandeira, em contacto com uma população da qual ela ignorava até mesmo a existência, transformou-se numa poderosa ideologia. Para Thierry Meyssan, a reforma da CIA será ineficaz : tal não lhe permitirá gerir o cataclismo que ela provocou no Levante.
| Damasco (Síria)
 


 

Um informador da PIDE denuncia Herberto Helder à "prestimosa"

terça-feira, 24 de março de 2015

excerto do poema «Tríptico», publicado em A Colher na Boca, 1961



Não sei como dizer-te que minha voz te procura

e a atenção começa a florir, quando sucede a noite

esplêndida e vasta.

Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos

se enchem de um brilho precioso

e estremeces como um pensamento chegado. Quando,

iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado

pelo pressentir de um tempo distante,

e na terra crescida os homens entoam a vindima

— eu não sei como dizer-te que cem ideias,

dentro de mim, te procuram.

 

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros

ao lado do espaço

e o coração é uma semente inventada

em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,

tu arrebatas os caminhos da minha solidão

como se toda a casa ardesse pousada na noite.

— E então não sei o que dizer

junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.

Quando as crianças acordam nas luas espantadas

que às vezes se despenham no meio do tempo

— não sei como dizer-te que a pureza,

dentro de mim, te procura.

 

Durante a primavera inteira aprendo

os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato

correr do espaço —

e penso que vou dizer algo cheio de razão,

mas quando a sombra cai da curva sôfrega

dos meus lábios, sinto que me faltam

um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer

coisa extraordinária.

Porque não sei como dizer-te sem milagres

que dentro de mim é o sol, o fruto,

a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,

o amor,

 
que te procuram

sábado, 21 de março de 2015

A Líbia “libertada de Kadhafi” para servir de base de treinos do Estado Islâmico (pois claro!)


Segundo o “Publico de hoje”

Tunisinos estiveram na Líbia.Foi em campos do autoproclamado Estado Islâmico na Líbia que os terroristas tunisinos que mataram 22 pessoas em Tunes na quarta-feira, em nome do EI, receberam treino militar.
Os dois homens, disse o secretário de Estado da Segurança, Rafik Chelly, saíram clandestinamente da Tunísia e regressaram em Dezembro do ano passado.Chelly admitiu que há, no país, varias células jihadistas adormecidas, formadas por antigos combatentes e prontas para entrarem em acção, realizando atentados. Yassine Labidi e Hatem Khachnaoui, os dois terroristas que foram mortos pela polícia, explicou, fariam parte de uma dessas células.
“Sabemos que eles podem realizar operações a qualquer momento, mas temos que reunir provas para podermos realizar detenções”, disse o secretário de Estado, adiantando que estão identificados vários campos de treino do Estado Islâmico na Líbia para onde são levados jovens combatentes tunisinos. Há um em Bangazi, disse, e outro na cidade costeira de Derna, uma praça-forte jihadista na Líbia.
A influência do Estado Islâmico cresce e são cada vez mais os tunisinos que atravessam a fronteira, para se juntar ao grupo.Yassine Labidi e Hatem Khachnaoui fizeram esse caminho e, em Dezembro, fizeram o caminho inverso. A irmã de Khachnaoui — que foi detida na sua casa perto da fronteira com a Argélia, onde a actividade jihadista é cada vez maior — disse à polícia que o irmão terá estado a combater no Iraque depois de ter recebido treino na Líbia.”

Frases de fim-de-semana, por Jorge

"Nur die Kunst und die Wissenschaft
erhöhen den Menschen bis zur Gottheit."
"Só a arte e a ciência podem elevar
os homens ao nível dos deuses"
Ludwig van Beethoven,
em carta ao seu admirador Emilie M.,
de 10 anos de idade (17 julho 1812)

"As artes fazem-nos humanos"
Manuel Gusmão (poeta comunista, n.1945)
na homenagem prestada
pel' A Voz do Operário
a 28 de fevereiro passado.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Sobre os abusos permanentes aos trabalhadores dos hipermercados CONTINENTE / por trabalhadora abusada

Os hipermercados são um lugar horrível: cínico, falso, cruel. À entrada, os consumidores limpam a sua má consciência reciclando rolhas e pilhas velhas, ou doando qualquer coisa ao sos hepatite, ao banco alimentar ou ao pirilampo mágico.

Dentro da área de consumo, cai a máscara de humanidade do hipermercado: entra-se no coração do capitalismo selvagem. O consumidor, totalmente abandonado a si próprio (é mais fácil de encontrar uma agulha num palheiro do que um funcionário que lhe saiba dar 2 ou 3 informações sobre um mesmo produto), raramente tem à disposição mercadorias que, apesar do encanto do seu embrulho, não dependam da exploração laboral, da contaminação dos ecossistemas ou de paisagens inutilmente destruídas.

Fora do hipermercado, os produtores são barbaramente abusados pelo Continente (basta que não pertençam a uma multinacional da agroindústria), que os asfixia até à morte e, quando há um produtor que deixa de suportar as impossíveis exigências que lhe são impostas, aparece outro que definhará igualmente, até encontrar o mesmo fim. Finalmente, nas caixas do hipermercado, para servir o consumidor como escravos idênticos aos que fabricaram os artigos comprados, estamos nós.

sonae-c810

O hipermercado está portanto no centro da miséria que se vive hoje no mundo. O consumidor, o produtor e nós temos uma missão comum: contribuir para que os homens mais ricos do planeta fiquem cada vez mais ricos – contribuir para que a riqueza se concentre como nunca antes na história. Se somos todos diariamente roubados e abusados, é por este mesmo e único motivo.

Vou-vos relatar apenas a minha banal experiência diária (sem pontos de exclamação já que o escândalo é comum a qualquer um dos tópicos que irei descrever). Espero que sirva de alguma coisa, apesar de saber que ninguém se incomodará muito com ela. Afinal, é a mesma selva que está já em todo o lado.

1 – salário
 
Trabalho 20h semanais em troca de 260€ mensais, o que dá pouco mais de 3€ por hora. Que isto se possa pagar a alguém em 2015 devia ser motivo de vergonha para um país inteiro. Que seja um milionário a pagar-me esta esmola devia dar pena de prisão efetiva.
2 – precariedade
Já vou no terceiro ‘contrato’ de seis meses e ainda não passei a efetiva. Quando chegar a altura em que poderei finalmente entrar para o quadro, serei dispensada como tantas outras. A explicação para a quebra brutal na natalidade está encontrada: afinal, alguém consegue ter filhos nestas condições?
3 – trabalho não remunerado fora do horário de trabalho
 
Se o futuro é uma incógnita, o presente é sempre igual: todos os dias, sem exceção, trabalho horas extra grátis que me são impostas. O meu horário de saída é às 15h mas, depois dessa hora, ainda tenho para executar várias tarefas obrigatórias, que me levam entre 15 a 20 minutos diários, como arrumar os cestos das compras e os artigos que os clientes deixam ficar na caixa ou guardar o dinheiro no cofre. No quase ano e meio que levo a trabalhar no Continente, devo ter saído uns 5 dias, no total, à hora certa. E já cheguei a sair uma hora e meia depois das 15h, apesar de os meus superiores saberem muito bem que dali ainda vou para outro trabalho e de, por isso, eu ter sempre imensa pressa para não me atrasar.
4 – trabalho em dias de folga
Para perpetuar a falta de funcionários na loja, obriga-se aqueles que lá estão a trabalharem pelos que fazem falta, oferecendo assim todos os meses algumas horas do seu tempo de vida e de descanso ao patrão, que deste modo poupa no número de salários a pagar. Mais absurdo: num dia em que esteja de folga, posso ser convocada para ir à loja para fazer inventário. Sou obrigada a ir, apesar de estar na minha folga, e apenas posso faltar mediante justificação médica. E, como se não bastasse, até já aconteceu eu ser avisada no próprio dia da folga.
5 – cada segundo de exploração conta
Neste ano e meio, cheguei uma única vez 5 minutos atrasada e a minha superior foi logo bruta e agressiva comigo, tendo-me gritado e agarrado pelo braço, apesar de supostamente haver uma tolerância para se chegar até 15 minutos atrasada. Nunca mais voltei a atrasar-me. Nem 10 segundos. (Já sair pelo menos 15 minutos mais tarde do que a hora prevista, isso é todos os dias.)
6 – formatação do corpo
Relativamente à aparência física, devemos formatá-la meticulosamente, ao gosto sexista do patrão. Na loja onde trabalho, várias colegas tiveram por isso de eliminar os seus pírcingues, apagar também a cor das unhas (lá só é admitido o vermelho) e uma até teve de mudar de penteado. O patrão quer que nos apresentemos como autênticas bonecas. Faz lembrar os escravos que eram levados para as Américas, a quem se retiravam as suas marcas corporais para serem explorados sem outra identidade que a de escravos (seres humanos transformados em mercadorias).
7 – pausa para comer/urinar/descansar é crime
Mas o pior de tudo é mesmo o que acontece durante o tempo de trabalho. Os meus superiores querem que eu esteja as 4 horas sentada a render o máximo que é humanamente possível, por isso, dificultam ao máximo as minhas pausas – que são legais e demoraram séculos a conquistar – para ir comer qualquer coisa ou ir simplesmente à casa de banho. A única coisa que me autorizam a levar para junto de mim, no meu posto de trabalho na caixa, é uma garrafinha de água previamente selada e nada mais. De resto, o que levar para comer e beber (sumos e iogurtes líquidos não podem ir comigo para a caixa) tenho que deixar no Posto de Informações e só tenho acesso quando da caixa telefono para lá. Normalmente, no Posto, fazem que se esquecem desses pedidos, passando uma eternidade até eu finalmente conseguir ir comer. E, quando a muito custo lá consigo obter autorização para ir comer, sou pressionada para ser ultra rápida, pelo que em vez de mastigar estou mais habituada a engasgar-me. O mesmo acontece com as idas à casa de banho, sempre altamente dificultadas.
8 – gerem-nos como se fôssemos animais
 
Há uns tempos, uma colega sentiu-se mal quando estava na caixa, fartou-se de pedir licença para ir à casa de banho, mas foi obrigada como de costume a esperar tanto, tanto que lá se vomitou, quase em cima de um cliente.
Não se calem e denunciem todos os abusos nas redes sociais e nos blogs.
(gostava imenso de assinar, mas os 260€ do salário fazem-me tanta falta)

AFL
 
 
 
 
 
 
 
 

Intervenção de Ângelo Veloso no Tribunal Plenário, em 1970


Sei que vou ser condenado. Sei que irei longos anos para a Cadeia de Peniche, onde se condensam alguns dos aspectos mais negros do regime, onde impera a coacção moral e física, a arbitrariedade e a prepotência, os castigos corporais e a má alimentação, onde um director psicopata e invertebrado passeia o seu sadismo.

É a 3.ª vez que estou preso.                                                                 
É a 2.ª vez que sou julgado.                                                                 
Revejo estes 20anos.                                                                            
Revejo alguns dos melhores homens que conheci, uns mortos             prematuramente, outros assassinados, outros destruídos                     pela violência da própria luta.                                                            
Revejo as centenas e centenas de militantes comunistas que               pessoalmente conheci e que de mim sabiam apenas o que é em mim fundamental: que sou comunista.                                                        
Revejo os meus companheiros de clandestinidade, meus camaradas e meus amigos, esses homens e essas mulheres que, no sobressalto e no perigo, erguem a                                                                             resistência  no meu  país.                                                                                                                                                                          
Repito: sei que vou ser condenado.                                                                                                                                  
Mas digo e redigo: neste tribunal, o meu lugar é aqui. Os serventuários da exploração e da tirania, esses é que são os criminosos.                                                                                                                                                                        
Escrito há 45 anos e lido em pleno tribunal plenário,
este discurso do meu pai ilustra a coragem de muitos
,dizendo na cara dos carrascos aquilo que pensava deles,
 sem medo.Já atrasada nas comemorações dos 94 anos
anos do PCP, não podia deixar de partilhar este texto,
que fala do que foi o Partido e que critica o regime
ditatorial- em tantas coisas tão parecido com o de hoje.
(Rita Veloso)
Ver o restante no link da Rita                                                                                                                
https://www.facebook.com/notes/rita-veloso/interven%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A2ngelo-veloso-no-tribunal-plen%C3%A1rio-1970/811329288914481?pnref=lhc

quinta-feira, 19 de março de 2015

Maria Luísa, os jotinhas, o convite à procriação e os cofres do Estado a abarrotar...

Perante uma plateia de jotinhas, Maria Luísa Albuquerque, a propósito de estímulos à natalidade, num assomo bíblico, convidou-os (as) a "crescerem e multiplicarem-se!". Veio-me à memória, num contexto e sentido diferentes, um slogan do PSD, pintado em paredes no final dos anos 70 "Hoje somos muitos, amanhã seremos milhões". Na altura o pessoal de esquerda escrevia por baixo "Tomem a pílula".
Desta vez a reportagem era pouco clara porque se terá falado lá também de contracepção e estímulos à procriação referindo que os cofres de Estado estarão cheios...
MLA mostrava-se eufórica com esta liquidez toda mas esqueceu-se de referir o carácter conjuntural e reversível da causa dos cofres cheios. Beneficiamos da queda do preço do petróleo, imposto pelos EUA como sanção à Rússia que atingiu outros grandes países produtores de petróleo como Angola, Venezuela, Brasil, tudo países cujos regimes políticos sufragados pelos respectivos povos, o Tio Sam gostaria de ver alterados  Beneficiámos, é certo, da desvalorização do euro em relação ao dólar e da queda das taxas de juros. Repito, tudo causas conjunturais reversíveis. Porque do plano de resgate e do aumento do PIB em termos adequados às necessidades, não saiu nada que conjurasse essa reversibilidade. Foi-se o poder de compra, os salários e os regimes de contratação benéficos ao relançamento da economia E a perda de património privatizado reduziu as condições para um volte-face já muito pouco provável com a eliminação da agricultura, indústria e pescas que PSD, PS e CDS realizaram para cumprir os desígnios do "mercado único".

quarta-feira, 18 de março de 2015

A "desdolarização" da economia mundial e a irritação dos EUA face à Inglaterra


A China  anunciou recentemente o lançamento do seu próprio sistema de pagamentos internacionais, o CIPS, naquele que é considerado mais um passo para reforçar a sua moeda – o yuan – e reduzir a dependência do país face ao dólar. Segundo informa a Reuters, o sistema para transações internacionais em yuanes deverá entrar em funcionamento entre Setembro e Outubro deste ano.

A iniciativa chinesa ocorre cerca de um mês depois de a Rússia ter avançado no mesmo sentido, pondo em funcionamento um sistema alternativo ao SWIFT (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais), de forma a reduzir os impactos negativos das sanções que lhe foram impostas pelos EUA e União Europeia.

De acordo com o portal do Sputnik News, cerca de uma centena de entidades de crédito russas integram o novo sistema, que permitirá aos bancos do país comunicar através do Banco Central da Rússia (BCR). A implementação do sistema próprio, levada a cabo pelo BCR, surge na sequência de reiteradas ameaças dos EUA e UE de desligarem a Rússia do SWIFT impedindo assim as suas transacções com o Ocidente. Nas novas circunstâncias, segundo os especialistas, é possível reduzir significativamente o domínio financeiro do Ocidente sobre a Rússia.

Actualmente a maioria das transacções interbancárias internacionais, como ordens de pagamento e transferências bancárias, são realizadas por meio da rede SWIFT, que está sob o controlo dos EUA e que Washington utiliza como arma económica.
Num caso paralelo a este,
Washington deu um puxão de orelhas a Londres por ter decidido juntar-se ao Asia Infrastructure Investment Bank (AIIB), lançado por Pequim. A administração de Barack Obama, numa atitude pouco comum para com o seu aliado privilegiado na Europa, considerou mesmo a decisão de Londres como prova de uma "constante acomodação" do Reino Unido à China. Washington teme que Pequim, se tiver o poder de veto, possa utilizar a nova instituição financeira como instrumento da sua política externa. Londres mantém a sua opção.

"Temos consciência de uma tendência de constante acomodação com a China, o que não é a melhor forma de comprometer uma potência em ascensão", afirmou um responsável americano.

A irritação dos EUA justifica-se com o facto de o AIIB, lançado em 2014 por Pequim, ser visto como um rival do Banco Mundial (BM), sediado em Washington e dominado pelos ocidentais (e sempre presidido por um norte-americano), e ao Banco Asiático de Desenvolvimento.

Um responsável da administração Obama afirmou ao Financial Times que a decisão britânica foi tomada sem "praticamente qualquer consulta com os Estados Unidos", numa altura em que o G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) tem estado a discutir a forma de tratar com o novo banco.


Resultado das eleições em Israel: más perspectivas para a paz e a para a relação com os palestinianos

A campanha, que sempre foi considerada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu uma aposta certa, registou  uma mudança durante a semana passada, continuando as sondagenss  a mostrar um enfraquecimento do apoio público para o primeiro-ministro e o seu partido Likud. A última sondagem do Haaretz, publicado quinta-feira, indicava que, se a eleição fosse realizada  então, a União Sionista, encabeçada por Isaac Herzog e Zipi Livni, ganharia 24 lugares no Parlamento, enquanto o Likud ganharia apenas 21 lugares, depois de ter caído dois lugares desde a última sondagem. A "lista conjunta" do Hadash (partido comunista) e os partidos árabes estava previsto  ficar com 13  lugares, o que o tornaria o terceiro maior bloco do Knesset. De acordo com esta sondagem, o partido Yisrael Beiteinu do chanceler racista Avigdor Lieberman mal passava o limiar eleitoral dos 3,25% e ganharia apenas quatro lugares.
O que aconteceu foi uma guinada  à última hora do Likud que fez que ganhasse com 30 lugares, mantendo A União Sionista os 24 e a “Lista conjunta” os 13.
 
Os israelitas quereriam que o país fosse  numa direção diferente na sequência de acordo com uma sondagem realizada para Ma'ariv na quarta-feira e quinta-feira. Nesta última sondagem, 72% dos entrevistados disseram que queria uma mudança, 20% não, e 8% não tinham opinião. A maioria disse que o país estava indo na direção errada sobre questões sócio-econômicas e relações internacionais. Perguntado se eles querem que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para continuar a dirigir o governo, 48% disseram que não, ao contrário de 41% que responderam sim. A União sionista levava uma vantagem sobre o Likud nesta sondagem, conquistando 25 lugares no Parlamento para 21 do partido de Netanyahu. De acordo com esta última pesquisa, a lista comum estaria para ganhar 13 , HaBayit HaYehudi 11, Kulanu 10, Shas sete, United Torah Judaism seis, cinco de cada para Meretz e Yahad, e apenas quatro para Yisrael Beytenu. Doze por cento dos entrevistados continuavam indecisos.