terça-feira, 30 de novembro de 2010

Influência rococó no azulejo do sec. XVIII

Aqui no Palácio Marquês do Pombal em Oeiras (fonte Instituto Camões)

Mais do mesmo?

1. Ontem um canal de TV fazia a seguinte pergunta a quem lhe quisesse telefonar: "Acha que vão ser necessárias novas medidas para combater o déficite?".
Como se sabe esta forma de sondagem da opinião pública é altamente representativa, não manipulável, etc, etc, pelo que os donos da comunicação social gostam tanto dela como maneira de nos ir convencendo de inevitabilidades que o não são.
O resultado era a determinada altura Sim 54% e Não 46%.
Para além da trafulhice do método, imaginemos que a pergunta era feita de forma mais compreensível, por exemplo: "Concorda com novas reduções de salários, de pensões e de reduçõres de patamares de descontos no IRS?", as mesmas pessoas, mesmo algumas das arregimentadas para darem certas respostas, talvez passassem o Sim para 5% e o Não para 95%...Alguém duvida?
Manhosos estes "jornalistas"...

2. Disse.nos ontem a Comissão Europeia que a previsão da Comissão para o défice orçamental é agravada para 4,9 por cento do PIB, um resultado que sofrerá nova deterioração para 5,1 por cento do PIB em 2012 - em vez dos 3 por cento previstos pelo Governo, o que obrigará à adopção de novas medidas de austeridade em 2012." Isto em virtude da recessão que afectará o país em virtude do Orçamento e PECs no próximo ano e no ano de 2012, eliminando as positivas previsões de evolução do PIB feitas pelo governo.
Poderá dizer-se que esta é uma visão pressionada pela Alemanha e pelos bancos dos "mercados financeiros" para reduzir ainda mais o acesso ao crédito para a economia. Sem dúvida. Mas esta tendência decorre da política de exclusivo ataque ao déficite em que estão tão empenhados Governo e PSD, isto é a entrada em recessão e na espiral de novos déficites, mais juros não compensada pelo relançºamento da economia...

Segundo o Público de hoje, fazendo a leitura dessa declaração.,"Os juros da dívida serão, aliás, segundo a Comissão, um dos principais factores que dificultarão o equilíbrio das contas públicas. Isso significa que o país entrou num círculo vicioso de aumento do endividamento para financiar o défice que continua a crescer devido aos encargos crescentes com a dívida. Bruxelas refere outros dois factores que tornarão a redução do défice mais difícil: o menor crescimento do PIB e os "ambiciosos planos de despesa" que, tudo indica, se referem à construção do TGV.

O desemprego também vai continuar a subir, para 11,1 por cento no próximo ano e 11,2 por cento em 2012, contra 10,5 por cento este ano e 9,6 por cento no ano passado. Ao invés, tanto a zona euro como a UE já atingiram este ano o pico do número de desempregados, cujo número deverá baixar dos valores de 10,1 e 9,6 por cento previstos para este ano, respectivamente, para 9,6 e 9,1 por cento em 2012".

3. Vamos continuar  esta caminhada para o abismo?  Ou reequacionamos o papel da banca? Ou apostamos no acréscimo de produção, não só para manter exportações necessárias a uma outra relação na balança de pagamentos, mas para alargar o mercado interno sem quebras no poder de compra para a manutenção de actividade do tecido produtivo e a substituição de importações - a mais segura forma de combater os deficites

domingo, 28 de novembro de 2010

O desenho nos Azulejos (Av. Infante Santo)



A perspectiva funcional do azulejo, como arte pública, iniciada nos anos 50 do sec. XX (fonte I. Camões)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Fotografo o que não quero pintar e pinto o que não posso fotografar"


Man Ray (fotógrafo, pintor e anarquista norte-americano, 1890-1976)

Trabalho temporário reduz emprego e produtividade

Estas  são conclusões a extrair do relatório anual da Comissão Europeia sobre o mercado laboral, ontem divulgado a que o Publico hoje se refere. São os efeitos de trinta anos de emprego volátil que tornou a insegurança um estado de vida para toda uma geração, com impacto no seu comportamento individual.
É evidente que o estudo não aponta alternativas mas não pode deixar de referir estes factos.

Posição do Sinn Fein sobre a intervenção do FMI na Irlanda

Considerando que esta intervenção é reveladora do fracasso das políticas capitalistas do Fianna Fáil, de centro-direita no governo e que ela vai criar uma ditadura capitalista sem fachada de democracia, o vice-presidente do Sinn Fein, Fergal Moore, referiu que «a solução dos problemas económicos actuais é a criação de uma nova Irlanda, baseada nos princípios socialistas, com todas as instituições bancárias e financeiras sob controlo social». E que «Só com a destruição do actual sistema baseado na agiotagem, no clientelismo e na demagogia da classe capitalista, será possível a construção de uma Irlanda que valorize realmente todos os seus filhos por igual. Só uma solução socialista será capaz de resolver este problema causado pelo capitalismo».

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Christian Tetzlaff e as sonatas e partitas para violino a solo, de Bach

Não é frequente assistir a um espectáculo como este.
Por um lado um grande violinista que, ao contrário de outros que entendem dever acrescentar algo à partitura, deixar-lhe a sua marca, para garantir alguma novidade, procura decifrar as intenções originais do compositor e convencer o público, não endeusando o músico em relação à obra.
Por outro lado por se tratar da interpretação do Integral das Sonatas e Partitas para Violino de Bach (1720) a solo, peças de grande dificuldade técnica que confere ao violino um carácter autónomo sem apoio de outros suportes harmónicos paralelos como o cravo ou as formações de cordas. E que um dos maiores violinistas (talvez Pisendel) terá confidenciado a Bach "nada mais ter houvido de tão adequado para a aprendizagem de um bom violinista; nada de melhor que pudesse aconsaelhar a alguém ansioso poor aprender, que os referidos solos para violino sem baixo".
O grande Auditório da Gulbenkian ontem estava cheio, de pessoas e de entusiasmo

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve Geral é um êxito de luta e de coragem

Os dados a meio do dia transmitidos pelo movimento sindical, a atitude de aceitação, apesar das consequências, de muitos utentes de serviços encerrados, configuram um êxito da luta de hoje.
Para aqueles que julgam este êxito apenas pela suspensão das medidas que têm vindo a ser tomadas contra os trabalhadores e a população em geral, importa que saibam (eles sabem mas não o dizem...) que aos executantes desta política foi dado um cartão vermelho muito forte, que muita gente venceu o medo a que também ajuda uma crescente precarização do emprego, que ganharam consciência para uma participação mais activa para a alternativa

Atenção ao risco de confronto no Mar Amarelo, envolvendo as duas Coreias e os EUA!

Recordemos que na Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, morreram 3,5 milhões de pessoas. Dum lado a Coreia do Norte, do outro a Coreia do Sul e os EUA.
Os acontecimentos que rodearam os exercícios navais da Coreia do Sul a 12km da costa da Coreia do Norte, de há dois dias são graves e têm antecedentes. Têm por detrás mais de meio século de conflitos, provocações e tentativas de as converter numa "retaliação maior" contra a Coreia do Norte.

Silenciando tal facto, há dois dias "o governo sul-coreano reconheceu que estava a realizar exercícios navais na zona, garantindo que os seus tiros foram realizados para ocidente e não para norte, sem ter atingido o país vizinho."
À margem da declaração de Seul, importa sublinhar que a "zona" tem fronteiras entre os dois países que a Coreia do Norte nunca aceitou porque, como muitas outras coisas, a guerra de 1950/53 acabou sem um tratado de paz e, portanto, várias disputas mantêm-se vivas.
Aquilo que um dos países declara ser a sua fronteira com o outro não é reconhecida por ele. E é nesse espaço que o Sul faz exercícios navais como se as coordenadas dos disparos fossem aceites como boas por ambos os países...O mapa ao lado permite verificar a proximidade desta ilha(número 3) de Yeonpyeong (12 km) com a costa da Coreia do Norte, distância bem menor do que a separa da costa da Coreia do Sul. A ilha está preparada para ser um rastilho de iniciativas militares e já o foi em 1999 e 2002.
A Coreia do Norte acusou entretanto a iniciativa de disparos à Coreia do Sul.
No dia a seguir à NATO ter decidido alargar o seu campo de acção a novos horizontes...
A coisa começa a clarificar-se mais...
Duas grandes potências estão particularmente atentas. A China apela a atitudes que reduzam a preocupação com a situação. não apoia nem condena a Coreia do Norte. Os EUA e a troika europeia, sua aliada na NATO (Alemanha, França e Inglaterra), acusam a Coreia do Norte da atitude beligerante, apoiam-na. Os EUA, ontem consideravam "demasiado cedo" mobilizar para uma "resposta" os seus 28 mil homens na Coreia. Hoje já anunciam para domingo novas manobras navais na zona com forças norte-americanas e da Coreia do Sul.
A coisa continua a clarificar-se perigosamente...

Nota final - Sendo altamente improvável que na nossa comunicação social as posições norte-coreanas sejam referidas de forma imparcial, será útil acompanharmos a restante informação com os despachos da respectiva agência  noticiosa.

domingo, 21 de novembro de 2010

Joaquim Gomes, 1917-2010

Decorreu hoje o funeral e a cremação de Joaquim Gomes, um do dirigentes históricos do PCP, que deu toda a sua vida à  luta dos trabalhadores pelos seus direitos, à luta pela democracia e pelo socialismo.
Aos 6 anos já era operário aprendiz da Marinha Grande, onde nasceu em 1917. Participou activamente em lutas dos vidreiros e viria a ser preso na sequência  das acções que conduziram à importante insurreiçãoo no 18 de Janeiro de 1934.
Passou à clandestinidade em 1955, tendo sido três vezes preso. Participou na fuga de Peniche com Álvaro Cunhal e outros dirigentes do Partido.Foi membro do Comité Central do PCP entre 1957 e 1996. E da Comissão Política e Secretariado.
A sua vida está cheia de episódios importantes e de exemplos de heroísmo no quadro da luta colectiva dos comunistas portugueses.
A nossa solidariedade com a sua companheira, Maria da Piedade Gomes

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

NATO: não há lugar para falsas expectativas

As expectativas criadas por alguns de que uma NATO em regime de parcerias, for falta de dinheiro dos EUA, iria levar a uma regionalização das suas políticas, ou a uma maior responsabilização dos "parceiros" carecem de crédito. A NATO vai ser uma organização militar, com crescente intervenção noutras áreas, com um comando dos mesmos interesses estratégicos, a que os parceiros se obrigarão para ficarem "protegidos"...
As expectativas de que a NATO retire do Afeganistão está remetida para um limiar muito indefinido. O que se pretende é que a situação se mantenha mas mais apoiada por outros países.
As expectativas quanto a uma consideração diferente para com a Rússia é ilusória. A NATO mantém a aproximação das fronteiras da Rússia, mantém grande investimento de actividades de inteligência em antigos territórios integrantes da URSS, com o objectivo de interferir no papel da Rússia no comércio de petróleo, quer a Rússia no Afeganistão, não para combater o narcotráfico mas para dar apoio militar às tropas afegãs que  "justifique" o terrorismo talibã contra o povo russo. O alinhamento da Rússia em certos compromissos com a NATO seria profundamente negativa e perigosa.
As expectativas de que a NATO deixe de ser o polícia do mundo, como referiram Amado e Sócrates, é um desejo não inocentemente pífio. É óbvio que desta cimeira os EUA, a Inglaterra, a Alemanha e a França querem legitimar a intervenção da aliança em qualquer ponto do mundo e o mapa das próximas prováveis é já bem conhecida.
Só não vê quem não quer.
Na intervenção de abertura, Sócrates foi banal. E mentiu quando disse que transmitia a alegria do povo português com a presença dos participantes neste areópago de guerra.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"O argumento do mais forte é sempre o melhor"


La Fontaine (Fables I, 10 - Le loup et l'agneau)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Depois do Afeganistão, o Iémen?

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere declarou ontem que " a situação de segurança na Alemanha se tornou mais séria". E isto em resultado de avisos feitos por um "país parceiro", que o ministro se recusou a identificar perante os jornalistas  Disse que os iindícios seriam "dois pacotes de explosivos", interceptados num envio do Iémen para os EUA, um dos quais via Colónia, na Alemanha"

Estes indícios vêm somar-se a outras alusões feitas ao Iémen nos últimos tempos como sede de um ramo da Al-Qaeda que, tal como a sua casa mãe tem na origem um destacado quadro, Anwar al-Awlaki, que manteve relações com a CIA.
O Primeiro Ministro do Iémen declarou recentemente que este grupo não teve origem no seu país mas tudo indica que os EUA já terão uma agenda própria para tratar desta questão.
Não escapará a niguém que o domínio do Golfo Arábico é relevante para controlar todos os transportes marítimos de diferentes potências, incluindo a China.

Será que uma futura intervenção no Iémen está contemplada no alargamento do conceito estratégico da NATO?
Para mais informação sobre esta questão carregue aqui.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ainda a cimeira da NATO

Alguns dos defensores incondicionais da NATO querem iludir questões fundamentais com alguns paliativos duvidosos.
O novo conceito estratégico, elaborado por Madeleine Albright e aprovado pelo Secretário-Geral da NATO, decorre de alterações na cena internacional como as derrapagens dos EUA, um enorme novo papel das "economias emergentes",  reconstituição de organizações regionais, e novos e recauchutados terrorismos. Mas a NATO adopta a atitude de tutelar forças regionais mais que deixar para essas instituições regionais a tutela da NATO. Quer mais forças e meios mas manter o comando centralizados nas mãos dos EUA, Inglaterra e Alemanha. Quer legitimar nesta cimeira a sua intervenção em cenários de guerra que crie ou envolver-se noutros.
A Rússia poderá aceitar nos países da NATO uma modalidade de escudo anti-míssil mas que não comprometa os meios que detém de dissuasão nuclear. E não aceita que a NATO identifique como novo inimigo o Irão.  Por outro lado os últimos anos têm sido de revoluções "coloridas", apoiadas pelo EUA no leste europeu, atracção desses países para a NATO para fazer encostar esta à Rússia. Colocando a Rússia de pé atrás quanto às intenções de acordos com a NATO.
O invocado fim da Guerra Fria é um mito. Com configurações actualizadas os "outros" nessa guerra não são hoje Cuba, Irão, Síria, Coreia do Norte, Myanmar, Venezuela, Bolívia, etc? Quanto ao desejo expresso por alguns dos nossos governantes de que a NATO deixe de ser o polícia do mundo, a ver vamos. Até hoje não o deixou de ser.
Um dos actuais membros da NATO é a Turquia. Tal como a Rússia não quer ver identificados "novos inimigos" que iria comprometer a credibilidade que a Turquia diz procurar ter no conjunto dos países islâmicos. E quer controlar o escudo anti-míssil que lhe venha a ser instalado no seu território.
A NATO foi derrotada no Afeganistão. Mas vai deixar muitas dezenas de milhares de operacionais neste país e no Iraque. Que quererá ver apoiados por efectivos e meios de outros paísess da NATO.

Portanto, os consensos poderão não chegar a ser tão plenos como se quer. E mesmo que alguns sejam, muitos países não participarão neles e continuarão a vêr as suas matérias-primas pilhadas, as ingerências externas serem aumentadas e muitos direitos humanos negados.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Que quer Merkl da União Europeia?

A chanceler alemã Angela Merkl tem nas últimas semanas produzido declarações de exigência a membros da UE,  de efeitos aparentemente contraditórios.
Nestas atyiytudfes tem sido acompanhada por Sarkozy.
Por um lado, chamando a atenção para a necessidade de um euro forte para a sobrevivência da própria União Europeia. Mas, por outro, tergiversando sobre os apoios a alguns países, lançando ameaças contra quem não cumpra os objectivos dos deficites orçamentais e ameaçando esses de perderem direitos enquanto seus membros.
Este tipo de declarações dão "argumentos" aos "mercados financeiros" (isto é, a grandes bancos alemães e franceses...) para especularem com os juros praticados em relação a alguns deles que, fazem entrar nesta espiral dos "aflitos" novos países, como a Itália.
Que quer, pois a Alemanha? Parece que reduzir o âmbito da União Europeia aos países mais ricos, depois de ter dado cabo da capacidade produtiva própria desses países, de lhes ter conquistado os respectivos mercados e de eles não verem como vai ser depois das ajudas acabarem...Mas tornam-se ameaça para o euro as falências da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, que, separados uns dos outros enfrentam as condições de Bruxelas e dos mercados,, que com situações e problemas diferentes enfrentam os mesmos riscos.
A UE caminha para o fim ou vai consagrar ainda mais o afastamento das velocidades dos seus membros? O que fica claro já é que Barroso e as duas novas figuras liderantes da UE não falam pela Europa . Quem o faz é Merkl...E Merkl lá foi dizendo que "se o euro falhar, a Europa falhará".
Esta entrada para a então CEE já foi muito má devido ao impacto que teve na sua produção própria. O que se perspectiva é ainda pior.

domingo, 14 de novembro de 2010

A dança das cadeiras

Mais uma fase da hipocrisia está em curso há alguns dias, depois da já passada guerra de alecrim e manjerona do OE.
Que governo nos deve governar com efeitos positivos para a saída da crise?
Ele é um governo com todos os partidos representados na AR. Mas também, pode ser do "arco constitucional" (nome em tempos atribuído a coligações PS/PSD/CDS) ou só do centrão PS/PSD.
Notável é que se discuta já se é com ou sem  Sócrates. Mas que tem que ser já, tem. Com ministros dos PS a disponiblilizarem cadeiras para personalidades de partidos da direita.
Mas será que estas cabecinhas ainda não deram pelo esgotamento destas fórmulas? Que iriam fazer de novo uns ou outros com mais este ou aquele à mistura ?
Ná, o brainstorming saiu pífio.
Têm que ir todos para uma acção de formação para se convencerem que o problema não é de caras, nem do fatinho. É de política. E que as caras e os fatinhos vêm em segundo lugar.
O PS, o PSD e o CDS, tanto quanto os conhecemos até agora, esgotaram as fórmulas, decalcaram-se uns aos outros, não acrescentam valor nem idéias.

Contra o medo e pela Paz todos à rua dia 20

Numa altura em, que a NATO já devia estar extinta, cessada que foi a invocada razão para sua existência no quadro da guerra fria, os EUA procuram, com o apoio dos seus principais aliados europeus, criar as condições institucionais para uma outra forma de sair da crise, de todo condenável: envolver os outros países da aliança na ameaça e uso da força militar para garantir a continuidade e novas explorações de recursos, o controlo dos mercados, o domínio de várias zonas do mundo e o desrespeito das soberanias nacionais bem, como o garantir dos meios para aumentar novos armamentos, o número de bases militares e o estacionamento de exércitos permane«ntes num conjunto mais vasto de áreas, articulados com mercenários recrutados pela aliança.
Para os que confrontados com esta realidade nos dizem estarmos possuídos pela "teoria da conspiração", sugiro alguma leitura sobre a construção de impérios em épocas mais ou menos passadas.
Pela sua parte, o governo português já assegurou na proposta de OE para 2011 um aumento das dotações para intervenções de tropa portuguesa noutros cenários, enquanto nele reduzem as verbas, em termos globais, para a população beneficiar de outras condições de segurança no seu dia-a-dia, por aqui.
Em estreita articulação com os sistemas de informação do governo, a generalidade dos órgãos de comunicação social associam a manifestação de protesto pacífica a actos de vandalismo (imagens de outros países de grupos exteriores às manifestações, rearmamento das forças policiais, treinos  destas para defrontarem manifestações).
O novo conceito estratégico da NATO vai estar  no centro das atenções. É uma autêntica declaração de guerra aos povos do mundo. A "legalização" da intervenção em várias zonas e a simplificação dos "pretextos" para elas se darem com novos actos criminosos e a proliferação de armas nucleares por países da Aliança.,
A agressão que mais rapidamente se perfilam são contra o Irão e a Síria, como apoio de Israel.
Mas os EUA estão dificuldades com esse novo conceito estratégico entre os já membros da aliança para não falar já dos casos da Turquia e Rússia, candidatos. Entres eles o novo escudo anti míssil a implantar nos países da aliança há sérios problemas de concepção (sendo considerado como defesa é um sistema que visa anular a capacidade de reacção a um ataque de mísseis , sendo  de facto, um instrumento de ataque contra os que ficam desprotegidos).

Independentemente das contradições de alguns dos parceiros desta discussão a opinião pública deve dar um sinal da sua força, até para contrariar o medo que estão a fazer recair sobre os potenciais manifestantes.
DIA 20, TODOS À RUA CONTRA A CIMEIRA DA NATO!

sábado, 13 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A realidade é uma ilusão provocada pela falta de álcool"


personagem do filme “Isto é o amor” de Matthias Glasner (Alemanha, 2009)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eleições em Mianmar

Obama, que levou para o seu périplo no Sudeste Asiático, o objectivo de conseguir o isolamento de Mianmar (antiga Birmânia), com as actuais eleições a decorrer e que ele decidiu não considerar democráticas, parece ter fracassado.
A maioria dos países não aceitaram ingerências internas, como os EUA e a Inglaterra realizaram neste período de forma descarada. Optaram por considerar positiva a realização destas eleições e esperar que elas permitam uma maior abertura do regime.
O PSDU, com manifestas simpatias pelo militares que ocupavam o poder, terá obtido cerca de 80% dos votos, contra os restantes partidos, com destaque para a FDN, o maior deles que se afastou das posições radicais de Aung San Suun Kyi, à beira de ver terminado o período de prisão domiciliar, em que tem estado e que o poder actual tinha confirmado em libertar depois das eleições (próximo dia 13) quando atingido o limite da pena que sofrera.
A FDN e um outro partido reconheceram a derrota.
O LND que ainda se revê em Aung Kyi, tentou boicotar as eleições. Ao mesmo tempo que assim procediam, a guerrilha autonómica da União Nacional Karen desencadeou acções militares. Ontem centenas de guerrilheiros seus atacaram forças regulares do Exército de Mianmar, com elevado número de baixas de ambos os lados e para a população civil que fugiu da zona de TPP para a Tailândia, tendo este país proposto o regresso dos cerca de 10 mil aldeões a Mianmar.
As fontes de informação próprias de Mianmar estão bloqueadas pelas agências internacionais que se têm limitado a espalhar a interpretação de Washington, e uma imagem  de Aung San Suu Kyi que já não corresponde à relidade de há anos atrás. Os seus apoiantes dividiram-se com o seu radicalismo e carácter impositivo e os habitantes não lhe perdoaram o apoio às sanções que os afectaram a eles e não ao regime.

domingo, 7 de novembro de 2010

A actualidade de um escrito de Guerra Junqueiro, de 1896

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,

fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,

aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,

sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,

pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;

um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde

está, nem para onde vai;

um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,

e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que

 um lampejo misterioso da alma nacional,

reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,

não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,

sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,

descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,

capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,

da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam,

entre a indiferença geral,

escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;

este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,

tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política,

torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,

incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido,

análogos nas palavras, idênticos nos actos,

 iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,

e não se malgando e fundindo, apesar disso,

pela razão que alguém deu no parlamento

 de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

"Pátria", Guerra Junqueiro, 1896.

Os berros e esgares do Público

A reportagem do Publico de hoje sobre a visita de Hu Jintao é azeda. Referindo-se aos cerca de trezentos cidadãos chineses, que vivem e trabalham em Lisboa, ali presentes por convite da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses, que saudavam o presidente chinês, a jornalista diz "E por segundos há berros como se o líder ...da China fosse uma estrela rock", e sobre Hu Jintao e a mulher refere "O casal presidencial está solene, especado em frente à pedra (túmulo de Camões), apenas uns esgares rápidos da senhora Liu".


Falando de uma outra manifestação crítica à visita que refere ter trinta pessoas já os berros e os esgares não são referidos. Tão só o lamento de não lhe terem deixado aproximar-de Hu . A repórter quando Obama vier à cimeira da NATO em, Lisboa, fará o mesmo se tal proximidade também não fôr permitida a um grupo de amigos de Cuba reivindicando a libertação dos cinco presos políticos cubanos que há mais de 12 anos estão detidos nos EUA?

O que acham?

sábado, 6 de novembro de 2010

Hu Jintao em Portugal

A chegada de Hu Jintao a Portugal vai desenvolver as relações entre os dois países, numa perspectiva que, não apenas por razões conjunturais, interessa ao nosso país.
Depois de a UE se ter revelado incapaz para interferir na agiotagem bancária, o BCE continua a financiar os agiotas a juros insignificantes que, depois, são multiplicados entre 4 a 5 vezes quando emprestados a empresas e aos Estados, e não reage perante a desvalorização do dólar anunciadas nos últimos dias para ser desencadeada em 2011 pelos EUA, com prejuízo para as empresas europeias.
É do interesse político e comercial da China comprar a dívida portuguesa associando-lhe a entrada no capital do BCP para melhorar posições em África e cá, na plataforma logística do porto de Sines nas vésperas da duplicação da largura do Canal do Panamá para maior capacidade de atravessamento de navios contentores. A China quer importar vinho  português e os acordos que irão ser amanhã assinados poderão ter outros interesses para Portugal, na linha de negócios anteriores  com investimentos na China da Cimpor, da farmacêutica Ovione e da Airemármores na exploração do calcáreo.
A China entra em termos significativos na Europa e defende-se da desvalorização futura do dólar, aplicando os dólares que tem.
São os mercados capitalistas a funcionar entre os EUA, a UE e a China, e não é o agitar de alguns velhos temas anti-chineses que os irão deter.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Há mais filosofia numa garrafa de vinho que em todos os livros"


Louis Pasteur (cientista, 1822-1895)