terça-feira, 10 de junho de 2008

"Alma, maldita alma", de Manuel Rivas


Manuel Rivas é um jornalista e escritor galego, de cinquenta anos, com vários prémios de jornalismo e de literatura. Foi um dos fundadores da Greenpeace de Espanha e vários dos seus livros foram adaptados ao cinema.

A D. Quixote editou-lhe este livro no ano de 2001 e têm outros títulos publicados do mesmo autor.
"Alma, maldita alma" é um dos treze contos deste livro, contados a partir de estórias do dia-a-dia para lhes explorar e elevar, a um nível superior de reflexão e sentimentos, algumas das suas componentes.
Com uma escrita linear e límpida, não têm palavras as mais. Estão lá as que bastam. para atingirmos essas sensações.
Do conto que dá nome ao livro, um padre, Fermín, crítico da sua Igreja, saboreia a paixão com uma paroquiana. E o conto termina:
"A minha alma, pensou, são estas pedras amontoadas atrás a catedral. Os dados de Deus. Um póquer falido.
Esbracejou no ar, espantando as nuvens de pó. E depois entrou na Santa Basílica para oficiar o funeral.
Quando levantou o cálice com o vinho da consagração, descobriu Ana entre os fiéis. Atalaia davídica é o teu colo, bem guarnecido de ameias. Os teus seios são como crias gémeas de gazela pastando nos lírios.
Ao beber o sangue de Cristo, notou o tique trémulo, incontrolável, no lábio inferior. Aí está, pensou. Ela, a alma. A maldita alma."
Publicações D. Quixote
Colecção Ficção Universal
Preço 11 euros
2001

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