«Fervilham por aí uns livros ditos de auto-ajuda que pretendem ensinar os novos autores a escrever. Instalou-se uma movimentada indústria conselheiral, popular e cansativa. De uma forma geral, esses livros são inofensivos. Mas não poucos abusam da benevolência e boa-fé dos principiantes. Assertivos, peremptórios, simplificadores, seguem os princípios da linguagem publicitária. É próprio de quem pretende ganhar dinheiro à custa do desembolso dos outros. Muitas vezes começam pelo auto-elogio. Fiz e aconteci, vendi tantos e tantos exemplares, estive em tal ou tal sítio, fui elogiado por A e por B, conferenciei no Gabão, etc… Música celestial. Vai-se ver e a obra produzida é mole, clandestina e insignificante. O alarido autopromocional é sinal quase certo do palco trampolineiro. Os elogios na epígrafe ou na contracapa lembram os testemunhos dos doentes curados acerca do elixir milagroso.
Pretende-se dar a impressão de que todos estes temas e procedimentos são simples e redutíveis a definições, chavetas e listas. No entanto, o leitor facilmente se aperceberá, se não lhe interessar a banha reptilária, que a maioria das matérias de que vamos ocupar-nos dava, em si, para um livro. Algumas, até, para bibliotecas. No meu caso, aposto que depois deste volume impresso me hão-de ocorrer mais coisas. Faltar-me-á aprender muito mais do que nele se contém."
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