domingo, 27 de abril de 2014

O Eixo vai mesmo Mal

Que a direcção da SIC convide quem quiser para os seus programas é de sua responsabilidade de que lhe será assacada o sentido das exclusões que entenda fazer.
Agora que nenhum dos doze participantes do "Eixo do Mal" de ontem tenha sentido a necessidade de referir a ausência de um comunista já fia mais fino. A SIC, com a autonomia adequada, não deixa de ser um canal de orientação governamental mas os convidados dos programas não têm que se submeter a regras de aceitação de tais exclusões.


E as exclusões são feitas com que critério?
O PCP e a Intersindical não são responsáveis pelo ascenso da luta popular organizada nos anos anteriores em todas as frentes e sectores? Ou os comunistas não tiveram nada a vêr com a politização de militares antes do 25 de Abril? Ou não teve nada a vêr com o ascenso do movimento estudantil nesse período? Ou não participou no combate político contra a guerra colonial, incluindo a destruição de equipamento militar destinado à guerra colonial? Ou não foram os comunistas a maioria dos presos políticos, sujeitos a torturas brutais, a longas penas de prisão, e ao assassinato a frio pela PIDE?  Ou não foram os comunistas os mais destacados na criação de um movimento democrático de oposição, de grande democraticidade interna e a garantia nele de correntes políticas diferenciadas? Ou comunistas não desempenharam funções de responsabilidade no MFA antes e depois do 25 de Abril? Ou não terão sido os comunistas responsáveis inspiradores da matriz constitucional de 76? Ou não foram os comunistas que mais se bateram contra a golpada da direita reaccionária que queria impedir a aprovação da Constituição em 2 de Abril de 1976? Direita que, também projectava nesse golpe a liquidação física dos comunistas? Ou porque o PCP ou militares que se identificam com a sua orientação política não têm uma profusa produção escrita sobre este período? Ou porque não foram alvos comunistas os principais visados pela acção bombista do MDLP, ELP e Mov. Maria da Fonte, coordenados por diferentes agentes da CIA, com o apoio de outros serviços secretos, de partidos políticos portugueses (que sabemos quem foram...), de sectores e dignitários da Igreja Católica, com o apoio logístico da Espanha franquista?
Enfim, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele....

4 comentários:

Anónimo disse...

Tem toda a razão para protestar, porque um programa de televisão mauzinho por sinal, se esqueceu de lá levar um membro do seu partido.

Agora não tente pÕr-se em bicos de pés, houve REVOLUCIONÀRIOS assassinados pelos fascistas , alguns durante o Golpe do 25 de Novembro e no periodo que se lhe seguiu e nenhum era membro do seu partido.

Aliás o PCP fez parte do governo que saiu do golpe do 25 de Novembro,não se esqueça.

Anónimo disse...

Nunca achei este programa minimamente interessante e agora com toda esta demonstração de sectarismo, para não dizer outra coisa mais agressiva... não interessa MESMO.

Bom texto António.

Mariana

Anónimo disse...

É a verdade a que temos direito!
Não há Media independente em NENHUM lado.Não há PLURALISMO,não há DEMOCRACIA,nem nunca houve.
Para quando Media, produzida pelos explorados????
E,depois estas bestas falam q na URSS não havia Liberdade de expressão.E,agora,com'é?
É todo um mundo de amestrados...

António Abreu disse...

Creio que o anónimo não terá lido bem o que escrevi. Não reclamei a exclusividade do PCP na resistência ao golpe e nas baixas então sofridas. Não esqueço particularmente o Padre Max, que fora comigo, professor do então Liceu Padre António Vieira.
Quanto ao PCP ter tido um ministro no VI governo provisório, isso resulta no acerto do tiro do golpe inicialmente concebido, que permtiu mas já em piores condições a participação na construção das conquistas da Revolução.
Sobre estas questões, que vivi intensamente,voltarei em breve aqui no antreus.