segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Em exposição 33 estudos referentes à execução Painel cerâmico da estação do Metropolitano de Lisboa, "Sete Rios", da autoria de Júlio Resende

Painel cerâmico da estação do Metropolitano de Lisboa, "Sete Rios”

23 Out. 2010 // 10 Abr. 2011

A INTUIÇÃO ATENTA À RAZÃO

Afirmo que a pintura sempre se envolve no objectivo final de servir a causa dos espaços públicos, sentido esse que a enobrece. A sua função não se limita a “decoração” de um dado espaço mas a dotá-lo de um sentido próprio e inconfundível.

A sua natureza de estação foi respeitada no confuso espaço interior no qual se dão os cruzamentos direccionais de linhas.

O objectivo da estação de que sou autor, foi de tornar esse espaço animado como uma continuidade do clima exterior.

Dada a proximidade do Jardim Zoológico, entendi natural que a vida animal e vegetal servissem de motivação no tratamento das paredes e dos pavimentos. Os estudos foram feitos à exaustão mas a execução foi de um grande improviso respeitando o princípio que nenhum sinal é repetível!…

Os azulejos foram realizados na Fábrica Viúva Lamego em Sintra, onde sempre encontrei o melhor ambiente de trabalho e colaboração.


Júlio Resende, Outubro 2010

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta obra do Júlio Resende foi, de longe, a mais notável intervenção de todas as remodelações das antigas estações do metropolitano de Lisboa.

Não necessariamente porque seja a mais bela.

Mas porque, comparando o antes e o depois, nenhuma das outras intervenções conseguiu, como esta, transformar uma estação estreita, apertada, escura, pesada, triste, húmida, insegura, degradada e abandonada, numa estação aberta, clara, luminosa, cheia de leveza, tranquilizadora e alegre.

A proeza foi conseguida sem mudanças arquitectónicas, apenas com os paineis cerâmicos do pintor. O que é um feito verdadeiramente notável.

Poucas vezes na minha vida observei uma intervenção artística, sem mexer na estrutura, modificar tão profundamente o aspecto desolador de um edifício.

O valor desta obra não deve ser julgado apenas pela visita à exposição dos respectivos estudos (que justamente aqui é recomendada). Deve ser avaliado in loco. Sobretudo por aqueles que ainda se recordam da desolação em que caíra a antiga estação.

HM