Ricardo Salgado e José Ricciardi, ambos membros da família que, através do Banco Espírito Santo, terão tido uma influência muito importante sobre a economia, através de "favores" ( leia-se corrupção), dominando dirigentes de partidos e membros de governos de quem obtinham "contrapartidas" (leia-se ainda corrupção).
A transmissão em directo dos depoimentos de ambos ontem na Comissão Parlamentar da Assembleia da República não ajudou a esclarecer a questão do esbulho feito aos pequenos accionistas e aos contribuintes.
Importa que próximos depoimentos não travem o curso normal da justiça na identificação do roubo feito aos contribuintes, a associação criminosa que o permitiu e as responsabilidades que têm que ser apuradas na realização de crimes que terão certamente uma moldura penal adequada.
Mas mais do que estas responsabilidades e das respectivas penas de prisão e outras (que os portugueses esperam que sejam aplicadas para as culpas não morrerem solteiras, apesar do recurso a escritórios de advogados a que eles não podem ter acesso em causas muito mais singelas), há
uma outra grande questão que tem que estar incorporada num programa de alternativa à política de direita.
Os grupos económicos e a banca tomaram conta do poder político. Há que retirar o poder político das mãos dos grandes grupos económicos e da banca. O poder político, também liberto de uma ganga autoritária, administrativista e de afastamento dos portugueses, pode assim ter o sustento democrático do povo. O poder dos grupos económicos, grandes empresas e da banca não resultam da vontade popular. Neles, hoje em dia, à entrada na empresa, cessa a democracia, as liberdades e direitos dos trabalhadores
deixam, em geral, de existir e isso resulta do
peso que têm sobre o poder político, forçando a aprovação de leis que são um assinalável recuo de civilização, um recuo da dignidade para a escravidão.
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