sexta-feira, 14 de março de 2014

O Manifesto, as reacções nervosas do governo e do PR

As reacções nervosas do PR e de membros do governo ao manifesto dos 70 ampliaram a sua importância, que, por si só, foi importante e oportuno.  Foi claríssimo que acertou na mouche! Em tais cabeças institucionais, tudo o que seja ignorar o perigo da continuidade desta política e do pensamento único que lhe tem associado, é um crime, não é oportuno, vai provocar a retracção dos mercados financeiros (ainda não se acabaram aos governantes os adjectivos vergastantes da iniciativa...).
No dia 15 de Maio "acaba" o resgate da troika. No dia 25 há eleições europeias onde as questões nacionais vão ter, obviamente,  papel destacado. E o PR e o Governo querem que o país discuta o quê? A coabitação no pombal de S. João ou as vantagens do PS ficar ainda mais identificado com a política da direita?
Instilam o medo, o receio, são os guardiões dum templo que se está a desmoronar mas preferem que fique tudo em cacos...por causa dos mercados financeiros!
Deixo-vos com uma passagem da posição do PCP sobre esta questão.


"Não podendo deixar de sublinhar que o País poderia ter sido poupado a três anos de profundo desastre, o Manifesto agora divulgado – ainda que pecando por tardio e tendo como subscritores alguns dos responsáveis pela espiral de consequências decorrentes do Pacto de Agressão – é uma confirmação mais da indispensável renegociação da dívida e a ruptura com o actual rumo político e da urgência de interromper a acção do governo.
Com diferenças em vários aspectos com a proposta do PCP – por exemplo, a não consideração de um corte substancial do volume da Dívida, mesmo se falam lateralmente de «perdão» de parte da dívida, a restrição da reestruturação à dívida ao sector oficial salvaguardando a dívida ao sector privado institucional, ou uma expectativa não fundada numa mutualização significativa da dívida pela União Europeia, a partir de uma iniciativa eleitoralista da Comissão Europeia (um Relatório sobre a criação de um fundo europeu de amortização da dívida antes das eleições para o Parlamento Europeu, a 25 de Maio!), o que os subscritores do manifesto agora vêm reconhecer é a necessidade da renegociação.
Uma renegociação que, para o PCP, deve ser assumida por iniciativa do Estado português, na plenitude do direito soberano da salvaguarda dos interesses do País e do povo, assente num serviço da dívida compatível com o crescimento económico e a promoção do emprego, tendo como objectivo a sustentabilidade da dívida no médio e longo prazos.
Há muito que o PCP proclama que a Renegociação deve ser acompanhada por uma ruptura com as orientações da política de direita, de que aliás alguns dos subscritores foram executantes, e a concretização de uma política de crescimento e emprego, de desenvolvimento económico e social do País. Também há muito que o PCP, na sua intervenção política sobre o assunto, propõe, como fizeram agora os signatários, como exemplo e grelha possíveis de uma renegociação da Dívida, a reestruturação da Dívida da Alemanha no pós-guerra!"

1 comentário:

Filipa disse...

Não tinha interpretado as coisas assim, mas faz sentido, sim.