domingo, 23 de janeiro de 2011

O povo tunisino não aceita compromissos com aqueles que derrubou

1. Dias após a formação do governo provisório e depois de vários golpes de teatro para não deixar confundir este governo com o prolongamento do partido derrubado, estudantes, sindicalistas, camponeses continuam a manifestar-se em todo o país. A polícia, aparentemente, não tem usado a violência. Porém, a não participação no governo de comunistas, movimento sindical e islamitas, não parece deixar lugar para dúvidas quanto a quem ainda se mantem no poder aí ficar.
Hoje, milhares, confluindo de diversos pontos juntaram-se para exigir a queda do governo provisório.

2. Uma inicial aparente unanimidade das grandes potências que disputam a influência na Tunísia (EUA, França, Bélgica e, por arrastamentoo, a UE) em caracterizar o governo derrubado como ditadura, não pode ser encarado como um divórcio da situação reinante. Se o governo é caracterizado como ditadura, como sublinhou Michel Chossudovsky, importa reter que a sua margem de manobra para ter uma política económica independente dos programas do FMI e Banco Mundial, e da Wall Street. não existe. Ben Ali aceitou ser a marioneta que no governo dava corpo aos programas  de elevação dos preços dos alimentos, que outros decidiam por si.
Quando o lider da independência Burguiba quiz romper com esses condicionalismos foi de imediato derrubado por um golpe liderado por militares e Ben Ali. Que passaram a gerir um programa económico neo-liberal gerador da corrupção no Estado e do aumrento daas desigualdades e da pobreza. Depois do golpe de estado de 1987, as estruturas nacionalistas do Estado herdadas da independência foram transformadas em correias de transmissão do neo-liberalismo.

3. Quando a Ministra dos Negócios estrangeiros francesa há dias referiu, a propósito de uma suposta necessidade de Argélia e Tunísia coordenarem esforços policiais para impedir "atentados às liberdades" (eufemismo parta designar a revolução), procurava já tirar proveito de acções de elementos provocadores que serviços secretos destes países terão conseguido infiltrar nas manifestações.

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