quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Público e os acontecimentos na China

1. Se quiser ficar desinformado com o que se está a passar na região autónoma de Xinjiang, leia no Público de hoje um pretenso dossier "Perguntas e respostas - o que se está a passar em Xinjiang?"
A própria estrutura deste tipo de dossiers é cozinhada algures para transformar coisas complexas em evidências de glossário. De uma forma concentrada, pode aí encontrar as linhas de desinformação que encontra noutros grandes media no país e no estrangeiro. Sem trabalho próprio, sem recurso a repórteres independentes, sem alusão a visões alternativas, sem identificação das fontes, sem consulta à impresa e TV da R. P. da China. Com um alinhamento condescendente com crimes já praticados e simpatias por actos terroristas, separatistas e fundamentalistas que se casam com as actividades de uma figura apresentada de forma apologética, Rebiya Kadeer, presidente do Congresso Mundial Uighur e da Associação Uighur Americana (!). Com a insinuação de que os 156 mortos resultantes da barbaridade dos "manifestantes pacíficos" de dia 5, instigados pela Sra. Kadeer, foram feitos pelas autoridades (!!!).

O Publico aceita, assim, ser promotor de um péssimo jornalismo, desligado de preocupações deontológicas básicas.

2. No passado dia 28, numa fábrica de uma província do sul da região autónoma de Xinjiang, a acusação posta a circular na net de que duas trabalhadoras tinham sido violadas por trabalhadores uighurs, terá estado na origem de confrontos na fábrica em que foram mortos por outros trabalhadores dois colegas seus desta etnia.

A partir daqui os canais de comunicação orientados pela Sra. Kadeer, admiradora e seguidora do ainda Dalai Lama, sucederam-se os seus apelos incendiários, e no dia 5 deste mês juntou-se nas ruas da capital da região, Urumqi (3,5 milhões de habitantes) uma multidão que varreu parte da cidade matando, queimando e destruindo em termos que observadores locais consideram de uma ferocidade e barbaridade inimagináveis. Várias fotos que apresentamos são ilustrativas disso.

Nem alguns destes factos nem o progresso económico e êxito da política inter-étnica na região autónoma, que as autoridades chinesas invocam, posso subscrever sem mais e mais diversificada informação. Já sobre a história da Sra. Kadeer e a tentativa de cenas idênticas quando dos Jogos Olímpicos, em Pequim, os factos são públicos. A Sra. Kadeer estava entre os dez empresários mais ricos do país e era a mais rica da região autónoma. Desempenhou funções institucionais importantes. Uma vasta fraude fiscal levou-à prisão e em 2005 saiu para os EUA, invocando um segundo casamento, onde passou a ter papel activo nas referidas duas associações que criou no tempo de Bush.
Ontem as autoridades já teriam feito cerca de mil e setecentas prisões.

Se o Público não disponibilizar estes elementos (mas não apenas estes...) aos seus leitores estará a manipular a opinião de terceiros com fins inconfessáveis, e precisamente no dia em que o presidente chinês iniciava a sua visita a Portugal, que acabou por desmarcar devido a estes graves distúrbios.

2 comentários:

anamar disse...

O horror...esta denúncia visual!
Sem mais comentários!
Saudações amigas

Carlos Vale disse...

É estranha a constante ligação da sra Rebiya Kadeer a personagens que actuam concertadamente com grupos e organizações ocidentais interessadas em promover acções violentas em países fora da órbita dos interesses capitalistas entre eles o Dalai Lama.
Estranha-se que o Ocidente esconda a informação de que os uigures são minoria em relação ao resto da população daquela zona da China.
Para quem lê algumas notícias até parece que os uigures estão na China há pouco tempo, quando a sua presença vem desde o século VIII.
Portanto, há mais de 1200 anos. Mais anos que existência da nação portuguesa!
Estranha-se a deturpação e ocultação de actos da sra Kadeer.
Até algumas destas fotos foram usadas como sendo vitimas uigures.
Os acontecimentos e a forma como foram aproveitados, parecem uma rampa de lançamento internacional da sra Kadeer,para aproveitamentos
futuros.Esperamos para ver.
Um abraço. Carlos Vale