segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A neve...

A neve é entre nós um elemento de alegria associado à beleza e à grandeza de imagens espectaculares e fora de comum. É uma novidade para a generalidade dos portugueses que a querem ver, sentir e com ela brincar. Para quem vive nas zonas onde aparece regularmente, constitui ora uma forma desejada e consistente de humedecer os solos que beneficiam a agricultura ora factor de incómodo pelo frio de pessoas particularmente expostas no seu trabalho ou pelos acidentes decorrentes das dificuldades acrescidas de arrefecimento dos corpos, de incómodo das casas não aquecidas, dotráfego pedonal e automóvel, de mini-inundações, da concentração de sujidades. Nada porém que se compare às catástrofes resultantes de avalanches e degelos ou ao cancelamento de voos e outras comunicações de outros países.
O uso de diversas camadas de roupa, o aquecimento das casas, de correntes nos pneus de tracção ou o abaixamento do ponto de congelação da água por dissolução no gelo de sal (cloreto de sódio) são formas de obviar a alguns inconvenientes da neve.
Em Portugal a neve ocorre particularmente nos distritos do nordeste e Guarda e nas zonas mais altas das serras da Estrela e do Gerez.
Em Lisboa lembro-me bem do espanto dos meus seis anos, à janela da casa da Rua Augusto Machado. E há dois anos foi a minha neta Beatriz que se espantou, da cama do Hospital da Estefânia onde estava internada, vendo e sentindo alguns flocos que a correr lhe fomos apanhar à entrada do hospital.

A mais atraente forma neve é a de cristais de gelo em flocos, de formato hexagonal, parecidos com pequenas estrelas, sendo que nem toda a neve vem na forma dos tradicionais flocos de neve. Mas também se podem apresentar na forma de grãos de neve e de gelo, de granizo e de chuva gelada ou água-neve.
Mas qual a sua relação com os bonitos cristais de neve de que apresentamos acima alguns exemplos?
Os flocos de neve e os cristais de neve são feitos de gelo e nada mais. O cristal de neve, como o nome indica, é um único cristal de gelo. Um floco de neve é um termo mais genérico, que pode significar um só cristal de neve, ou alguns cristais de neve colados entre si, ou grandes aglomerações de cristais de neve que formam bolas que caem, flutuando como nuvens.
As moléculas de água num cristal de gelo que formam uma rede hexagonal em cuja unidade molecular existem dois átomos de hidrogénio para cada de oxigénio, sendo a respectiva fórmula química H2O. A simetria hexagonal dos cristais de neve, em última instância, resulta da simetria hexagonal da rede do cristal de gelo.
Os flocos de neve não são pingos de chuva congelados. Às vezes os pingos de chuva congelam ao cair, mas a isso chamamos gelo. As partículas de gelo não têm qualquer padrão simétrico como o encontrado nos cristais de neve. Os cristais de gelo formam-se quando o vapor de água condensa directamente em gelo, nas nuvens. Os padrões surgem à medida que os cristais crescem.
A maior parte das formas básicas dos cristais de gelo são prismas hexagonais, que se vêem nas imagens. Esta estrutura ocorre porque determinadas superfícies do cristal acumulam o material muito lentamente.
A história de um floco de neve começa com o vapor de água na atmosfera. A evaporação dos oceanos, lagos, rios, assim como a transpiração das plantas, coloca água no ar. Cada vez que expiramos, colocamos vapor de água na atmosfera.
Quando arrefecemos uma porção de ar, o vapor de água que transporta acaba por condensar, como nos vidros interiores dos carros. Quando isso acontece próximo ao solo, a água pode condensar como orvalho sobre a relva. Bem acima do solo, o vapor de água condensa em torno de partículas de poeira do ar. Condensa em inúmeras gotículas, em que cada gota contem pelo menos uma partícula de poeira. Uma nuvem não é nada mais, nada menos do que uma colecção enorme dessas gotículas de água suspensas no ar.
As nuvens ainda são maioritariamente constituídas por gotículas de água líquida, mesmo quando a temperatura está abaixo de zero. Diz-se que a água está sobre arrefecida quando está abaixo do ponto de congelação, como referimos atrás a propósito do espalhar do sal. Nas nuvens, com a queda da temperatura, as gotículas podem começar a congelar. Isso começa acontecer em torno dos -10º C, mas é um processo gradual, e as gotículas não congelam todas de uma vez. Se uma determinada gotícula congela, fica uma pequena partícula de gelo rodeada pelas restantes gotículas de água líquida da nuvem e torna-se num pólo da congelação. O gelo cresce com o vapor de água, que condensa, formando um floco de neve nesse processo.

Enfim, vamos voltar a olhar a neve…

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente texto!
Parabéns