terça-feira, 22 de julho de 2008

Tropa de Élite, de José Padilha, um filme fascista?


Estreado em Setembro de 2007, apesar de antes ter sido pirateado na net e com circulação de cópias, o filme acabou por ganhar este ano o urso de Ouro em Berlim.

Nesta altura o crítico Jay Weissberg, da revista Variety, que exprime as opiniões da indústria cinematográfica norte- americana, chamou-lhe fascista e disse que o filme servia para recrutar fascistas patra as forças policiais.

A polémica continua hoje muito acesa, sendo certo que correntes de opinião de extrema direita saudaram o filme por servir a causa dos que querem mão forte e negação de direitos de defesa aos criminosos, incluindo o direito à vida e a protecção da tortura e desacreditar movimentos pacifistas contra a violência policial nas favelas. Daí a afirmar o filme fascista vai um grande salto que me recuso a dar.

Não o considero peça brilhante de arte e de cultura mas mais uma reportagem de exposição de violências, suportada em boa qualidade técnica, que não faz grande apelo à inteligência, apesar de que há quem veja nele a vantagem de despertar polémica. Mas quem sou eu para discutir os critérios do prémio recebido?

Do pretendido distanciamento dos factos e ausência de atitudes maniqueísta ou moralista que defendeu o seu autor e de ser narrado pelo comandante dos GOPE (Grupo de Operações especuiais), e portanto nos transmitir a sua "visão", não acresce valor particular.

O filme retrata a realidade da corrupção da polícia comum, da sua pequena corrupção, incluindo a de venda de armas aos traficantes de droga que dominam as favelas e a outra realidade do GOPE , com uma formação para a guerra e para matar. O comandante prepara a sua retirada de funções por exigências familiares. Dois recrutas voluntaristas e idealistas, vindos da polícia comum onde resistiram à corrupção, são os outros personagens centrais, que acabam por se envolver na prática de violências.

No meio das duas realidades estão os assistentes sociais de uma ONG que trabalha na favela, que reconhecem à força a autoridade local do bando de traficantes e que também criam dependências dele por causa do consumo e dealing a que se vinculam.

Resumindo: penso que é um filme a ser visto e pensado. Até pela sua qualidade técnica.

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