Maria e José seguiam ontem com o seu burro para Belém. Era uma viagem auspiciosa mas com um misto de tristeza.
Para trás ficara o despedimento de José da marcenaria onde recusara fazer mais 2,5 horas de trabalho mensal não remunerado e a previsão de uma indemnização bem menor devido ao pacto assinado entre o governo que elegera e uma troika sem legitimidade. O despedimento de Maria, grávida e, por isso indigitada como desadequada ao posto de trabalho, sem subsídio de desemprego por ter trabalhado ultimamente na tinturaria a recibos verdes...
Uma brigada da Mossad mandara-os parar aludindo a suspeitas de subversão contra o patronato e para os notificar que o presépio fora tomado pela banca por atraso no pagamento de prestações e vendido à família Al Bobone para um condomínio de luxo com vista para os colonatos.
Porém, à entrada em Belém, esperavam-nos centenas de vizinhos de diferentes países e religiões para os ajudarem. A iniciativa fora das organizações sindicais da Cisjordânia. Os pedreiros construíram o novo presépio, os marceneiros algumas peças de mobília, as fiadeiras as roupas em parte tingidas pelas camaradas de trabalho de Maria, os pastores e apicultores o leite, o coalho, o cardo, o queijo e o mel. Quando Jesus nasceu, Deus feito homem e junto deles rejubilou como as demais crianças.
Depois ouviram-se cânticos de diferentes regiões, de diferentes credos e culturas e entoou-se um hino de trabalho "unidade, unidade, unidade,/ do trabalho contra o capital". A resistência tomou os vales e planícies. Era hora de preparar o futuro.
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2 comentários:
E assim aconteceu...
Espera-se o próximo capítulo.
Maria que não a mulher de José.
:))
Isso teve inspiração do conto de James Petras :),uma adaptação a Belém :)
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