terça-feira, 12 de agosto de 2014

Comunistas portugueses combatentes na Guerra de Espanha

Há dias, participei numa conversa restrita, de corredor, em que uma vez mais, alguém, com argumentos "históricos" mas sem a sustentabilidade documental, se referia à falta de participação efectiva do PCP na Guerra de Espanha correspondendo ao apelo da República.
Em 2011, Domingos Abrantes assinou no "Militante" dois artigos sobre as origens da Guerra de Espanha e a participação de militantes do PCP nela.
Pela sua importância, recomendo a sua leitura
http://www.omilitante.pcp.pt/pt/313/Tema/615/A-Guerra-de-Espanha-(1936-1939)---A-agress%C3%A3o-imperialista.htm
http://www.omilitante.pcp.pt/pt/314/Historia/629/O-PCP-e-a-Guerra-de-Espanha-(1936-1939).htm
Lista de alguns nomes de membros do Partido que participaram na guerra (podendo, por razão de espaço, cometer-se alguma injustiça,
sempre subjacente à escolha de exemplos num universo tão vasto)
Alberto Ramos, membro das milícias populares, ferido em combate na frente de Santander;
Alexandrino dos Santos, ex-oficial do exército português. Aderiu ao PCP em Espanha, tendo-se distinguido em várias frentes de combate, participado na reorganização dos carabineiros, integrando o seu Estado-Maior, e promovido a tenente-coronel, o posto mais elevado atingido por portugueses;
António Pereira Lopes, combateu na frente de Aragão e na batalha de Teruel, tendo integrado a «Divisão Karl Marx». Foi feito prisioneiro e encarcerado em vários campos de concentração;
Alípio dos Santos Rocha, combateu na defesa de Madrid e outras frentes como tanquista, sendo promovido a tenente por distinção;
António Bandeira Cabrita, ex-membro do Secretariado do PCP, foi dos primeiros portugueses a alistar-se nas milícias populares, sendo promovido a tenente por actos de bravura. Morreu na frente de Talavera, tendo o funeral constituído uma homenagem a «um herói de guerra»;
Armindo Almeida, dirigente da JCP, morto na batalha do Ebro;
Armindo Perú, participante na «Revolta dos Marinheiros», fugiu para Espanha onde participou na Escola para Oficiais em Cartagena, morrendo em consequência de um ataque aéreo;
António Vicente, membro da JCP que ingressou nas milícias populares logo no começo da guerra, tendo participado nas batalhas de Guadarrama, Talavera e Jarama. Ferido várias vezes, morreu em combate, tendo o seu batalhão adoptado o seu nome;
Augusto Duarte Reis, delegado do Partido e do Socorro Vermelho em Espanha (apresentado em algumas obras como capitão espanhol). Comissário Político, morto na frente de Aragão, considerado exemplo de «heroísmo e abnegação»;
Augusto Nascimento, participou na defesa de Madrid como membro das Brigadas Internacionais;
Eduardo Monteiro, combateu na defesa de Madrid e outras frentes, tendo ascendido ao posto de capitão;
Francisco de Almeida Pio, ex-oficial do exército português refugiado em Espanha, onde aderiu ao PCP. Teve papel destacado na defesa de Madrid, foi ferido em Carabanchel, tendo-se distinguido na formação de oficiais do 5.º Regimento, ocupando o cargo de director da Escola de Oficiais do Regimento;
Frederico Paninho, participou na defesa de Madrid, integrou as Brigadas Internacionais. Tenente Administrador do Hospital Militar n.º 5 de Madrid;
Jacinto Cunha, Comissário Político;
João Paulino de Sousa, combateu nas frentes de Madrid e Catalunha. Tenente dos carabineiros;
Joaquim da Silva Santos, participou na guerra desde os primeiros dias, sendo promovido a capitão dos Serviços Sanitários do Exército por «relevantes serviços prestados»;
José dos Santos Rocha, capitão de metralhadoras. Morto na batalha de Guadarrama;
José Marcelino, fuzilado pelos franquistas;
Manuel Batista dos Reis, combateu na frente de Andaluzia e em várias outras frentes. Ferido em combate, foi promovido a capitão. Chefe dos Serviços Sanitários da Base dos Carabineiros (Castellon);
Manuel Roque Júnior, integrou o 5.º Regimento e o 7.º Corpo do Exército como sargento artilheiro. Frequentou o curso para oficiais na Escola Popular de Guerra n.º 2 (Valência);
Mário José Fernandes, participou na defesa de Madrid, tendo comandado uma companhia de metralhadoras. Dirigiu a Escola Militar de Centella, onde se formaram vários oficiais portugueses. Integrou a Direcção-Geral dos carabineiros. Por mérito em combate passou de sargento a tenente e depois a capitão;
Miguel Ramos, tenente de Artilharia, instrutor na Escola de formação de oficiais;
Pedro Batista da Rocha, combateu em várias frentes, sendo promovido a capitão de Artilharia. Foi incorporado na Escola do Estado-Maior Central;
Salvador Cruz, participou na guerra desde os primeiros dias, tendo-se destacado na defesa de Madrid. Comandante de Batalhão, promovido a capitão, foi morto na batalha de Jarama e considerado «exemplo de trabalhadores que se elevaram à condição de destacados oficiais»
Telmo dos Santos, pertenceu aos Serviços de Informações Militares.
Enfim 23 combatentes, dos quais 9 mortos em combate, 2  feridos e 1 preso.
Lista elaborada com dados colhidos em fontes diversas, com particular destaque para arquivos do PCP, Torre do Tombo e testemunhos de participantes na guerra

3 comentários:

o castendo disse...

Salvo erro falta o Joaquim Pires Jorge.

António Abreu disse...

Falta a referência ao Pires Jorge, ao Álvaro Cunhal e ao Manuel Guedes, o que é feito pelo Domingos Abrantes nomeadamente no O Militante 314, deonde esta lista foi retirada por mim, citando o autor.

vítor dias disse...

O esclarecimento do António Abreu é elucidativo e precioso. De qualquer modo, na consideração desta questão há que ter em conta que, logo nas primeiras semanas da guerra civil, os fascistas ocupam quase toda a fronteira com Portugal, como quaiaquer mapas da evolução das posições ao longo da guerra mostrarão.