É o que se pode dizer deste primeiro-ministro. com toda a propriedade e sem qualquer insulto.
Teria sido avisado poupar as famílias portuguesas à má ficção do que foi a sua arenga natalícia.
Atendendo aos pontos fortes da sua intervenção houve o cuidado de incomodar e provocar o sarcasmo, a anedota, a irritação, o repúdio.
Quando afirmou que estará "terminado em Maio o programa de assistência, etapa decisiva da nossa recuperação" ou que começámos a "vergar a dívida", Passos Coelho mente. Todos sabemos já que assim não será, que os credores (também mentirosamente designados por investidores) vão tentar impor um outro plano de "apoio" que fará arrastar as dívidas para maiores valores e continuar a perda de soberania.
Quando afirma que, "depois da Troika, vamos concentrar todos os nossos objectivos no combate à pobreza, no reduzir rapidamente o desemprego, a aumentar o investimento e a reduzir as desigualdades sociais, que percurso passado e próximo futuro (OE 2013) está compaginado com esses objectivos, para que não sejamos justos ao dizer que volta a mentir?
Quando valoriza alguns indicadores económico-sociais pouco positivos como percursores de um relançamento (imaginado), Passos Coelho mente. Que aqui se verifique estarem a colher-se " os primeiros frutos da estratégia abrangente baseados nos sucessos da competitividade em mercados externos" ou "que a economia está a dar a volta" roça o delírio". Ou que tais efabulações compensariam a austeridade que os portugueses já sofreram e vão sofrer de forma agravada com o Orçamento de Estado para 2014 pela direita, o cinismo cresce em flecha.
Quando afirma que vai encarar as adversidades políticas (leio chumbo de algumas normas do OE pelo TC) "mobilizando os instrumentos que tem usado desde que assumiu o seu mandato", Passos Coelho insinua que vai mais uma vez aos bolsos dos portugueses para tapar o "buraco" criado pelas suas "inconstitucionalidades?
Quando descarta a água do capote que o fez chegar às funções actuais, Passos Coelho afina pela hipocrisia. Que dizer de "durante demasiado tempo temos tolerado em Portugal fortíssimas desigualdades e (...) resignámo-nos com a estagnação social."? O PSD esteve fora disso? Passos Coelho não apoiou tais atitudes? Ou atribui apenas as culpas aos " parceiros externos e aos nossos amigos de todo o mundo"que "hoje dão confiança" ao seu governo?
Quando refere o decréscimo do desemprego, um dos indicadores positivos apontados por Passos Coelho, este volta a mentir pois não entra em linha de conta com os 120 mil portugueses que este ano tiveram de emigrar para sobreviverem e sustentarem as suas famílias".
Quando remata as suas "ideias" com uma pretensa componente ideológica, Passos Coelho volta a ser cínico por não explicitar (ou esconder) as suas ideias ao afirmar que estamos perante novas " oportunidades para os portugueses geradas por uma economia mais democrática (??), por uma sociedade mais dinâmica(??), por um país mais aberto (??)".
De facto não há volta a andar. Este governo tem que ir andando e em 2014 tudo faremos por isso, vencendo a hipocrisia e o cinismo.