sábado, 27 de outubro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Nada é tão constante como a mudança"

Heráclito de Éfeso
filósofo grego, 535-475 AC

Um orçamento para desgraçar o país


Tal como Octávio Teixeira referiu,  há semanas atrás no J. Negócios taxar em 0,8% do património em acções, participações e outros títulos renderia ao Estado 2.800 milhões de euros, tanto quanto o Governo quer espoliar aos rendimentos em IRS.
E nem repitam à exaustão que estas e outras formas de taxar mais o capital afastaria o investimento...Os capitalistas investem com o dinheiro dos bancos e nem está provado que não haja outros recursos a crédito no estrangeiro a não ser junto das instâncias financeiras responsáveis por esta e outras crises, que se mantêm agarradas ao osso para nos chuparem até ao tutano.
Nem venha o governo também  dizer que não há outras formas de obter receitas sem o terrorismo social ue enforma a proposta de Orçamento para 2012. E isto nem falando de redução de despesas que podia ser aumentadas, cancelando em nome do interesse do para os contratos de PPPs mas auto-estradas e hospitais.
Ainda ontem na Antena Um, João Ferreira do Amaral, referia que "há margem para se cortar nas despesas que tem menos impacto na actividade económica e para aumentar outras despesas". Ferreira do Amaral pede cortes nos consumos intermédios e uma aposta em despesas que permitam criar emprego, porque o Estado ganha muito por cada pessoa que se empregue.
Mas, apesar do FMI ter confessado que os efeitos do programa de austeridade com Portugal terem implicado uma recessão duas ou três vezes superiores ao previsto, o governo faz um orçamento pautado por um agravamento do IRS tanto maior quanto menor a base tributável, um agravamento do imposto para os recibos verdes com um alargamento ainda da base tributável.
Este orçamento, a ser aprovado, iria provocar a desgraça em 1913! E Nem se diga que sofremos agora para daqui a dois anos retomarmos o crescimento que possa contribuir para pagamentos de empréstimos e respectivos juros, aliviando a carga fiscal e a pressão sobre as prestações sociais...Suprema mentira! A recuperação do nosso e de outros países sujeitos a tais tratamentos ser infelizmente mais longa, talvez em dezenas de anos.
O percurso desta União Europeia, a incrível entrada para o euro, aceitando-o como moeda forte a que nunca poderíamos corresponder, a crescente federalização que, face à derrapagem na Europa, se desenha como um projecto crescentemente antidemocrático e à revelia dos povos, são questões que terão que ser rejeitadas, sob pena da Alemanha nos conduzir para o abismo.

Comunistas analisam criticamente o OE e defendem convergência na luta para derrotar o governo


Cada dia que passa o governo do PSD/CDS-PP tal como a sua política estão cada vez mais cada vez mais desacreditados, e já não há no seio do povo alguém que admita que, com tal governo e tal política, o país consiga encontrar uma solução para os seus problemas.
Toda a perspectiva de futuro que se apresenta com este governo de Passos e Portas e a sua política é a do contínuo afundamento do país e da incessante degradação das condições de vida e de trabalho dos portugueses.
Este é um governo que todos sentem que está a mais, como a mais está a sua política formatada nas receitas do Memorando/Pacto de Agressão que PS/PSD/CDS assinaram com a troika estrangeira – esse colete de forças que ata de pés e mãos o país, o sufoca e depaupera – e do qual urge libertarmo-nos.
Não é por acaso que aqueles que impuseram o Pacto de Agressão – os banqueiros – face ao isolamento do governo e à perspectiva da sua derrota, já manobram para manter o rumo da sua política e do seu Pacto com outros protagonistas, e criar a ilusão de mudança, acelerando a rotação porque sabem que esta política queima mais e mais rápido. Falam pela boca do banqueiro Ulrich da possibilidade de eleições para Maio do próximo ano, dando seis meses de prazo a este governo para limpar o terreno com a sua política de terra queimada e em agitada fuga em frente.
na íntegra em

sábado, 20 de outubro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness."

"Consideramos estas verdades auto-evidentes, que todos os homens são criados como iguais, que são dotados pelo criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura de felicidade."
in Declaração da independência dos Estados Unidos da América (1776)

domingo, 14 de outubro de 2012

Em S. Bento foi assim e Aquilino Ribeiro Machado lá estaria


Foram milhares os trabalhadores que, vindos nas marchas há dias iniciadas em Braga e em Faro, se juntaram na P. Figueira e rumaram a S. Bento para expressar o seu protesto em frente à Assembleia da República.
A luta vai continuar, o governo começa a não ter condições para governar.

A proposta de OE que o Governo apresentará à Assembleia já reflectirá o impacto destas lutas mas será um mau orçamento baseado num aumento muito grave da carga fiscal,  aumentos de IMI enormes,que afectarão particularmente os que menos ganham ou que auferem subsídios vitais para a sua sobrevivência,, ou para equilibrar orçamentos impossíveis, inviabilizados por todos os lados.
Estou certo que se Aquilino Ribeiro Machado ainda fosse vivo, e tivesse saúde para isso, teria marchado ao nosso lado. Aquilino foi um dos socialistas com que trabalhei de perto, que apesar das naturais diferenças de opinião, sabiam as consequências do nome socialista, sabiam de que lado, em termos de alianças, deveriam estar, e que, certamente, teria colocado reservas à inaceitável proposta de ontem de Jorge Sampaio, em querer reeditar um bloco central sob a égide de Cavaco e sabendo que os últimos anos revelaram que não será daí que virão salvações "nacionais".

Com os seus inconfundíveis casacos e boné de tweed, teria estado uma vez mais com os trabalhadores.
Aquilino prosseguiria um combate que teve o seu primeiro ponto alto como primeiro presidente da câmara de Lisboa a ser democraticamente eleito após a Revolução de Abril, cargo que exerceu entre 1977 e 1980. Aquilino Ribeiro Machado, co-fundador e militante do PS, foi o primeiro presidente da câmara de Lisboa a ser  eleito após a Revolução de Abril. Filho do escritor Aquilino Ribeiro e neto de Bernardino Machado, último Presidente da I República, Aquilino Ribeiro Machado, nasceu na Ile de France, Paris, e foi engenheiro de profissão, co-fundador do Partido Socialista e deputado. 
A CGTP-IN prestou-lhe homenagem bem como a Nuno Grande, outro grande democrata, que nos deixaria ao mesmo tempo..

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"What do I think of Western civilization?
 I think it would be a very good idea."

"O que penso eu da civilização ocidental?
 Penso que seria uma ideia muito boa."

Mahatma Gandhi
fundador do estado Indiano e criador da
desobediência civil não-violenta, 1869-1948

Na UE, as grandes manobras,...Agora o Nobel da Paz

De Oslo se soube que a União Europeia fora galardoada com o Nobel da Paz (!).
De imediato os federalistas do costume e o 1º Ministro rejubilaram! Como se não estivéssemos à beira dum ataque sem precedentes ao bolso dos portugueses pela via fiscal que vão, uma vez mais agravar as condições de vida dos portugueses, particularmente os de mais baixos rendimentos~mas também os trabalhadores e a "classe média"...
Por momentos esqueceu-se a informação de ontem do FMI que as previsões na recessão dos pacotes de austeridade tinham sido sub-avaliados.
Europa de Paz esta que cooperou no retalhar da ex-Jugoslávia, na criação de um narco-estado no Kosovo, e que bombardeou os Balcãs? Que interveio para destruir a Líbia? Que se prepara para se pôr ao lado da Turquia na escalada contra a Síria, depois da intervenção que tem tido ou apoiado na tentativa de destruição da Síria? Que promove o empobrecimento de grande parte dos europeus, promove o desemprego e faz alastrar a miséria?
É esta paz que os ricaços de Oslo, patrocinadores do prémio Nobel querem premiar?
E Passos Coelho quer acelerar as consequências do desastre promovido pelo sistema financeiro para aprofundar a União Europeia, institucionalizando o controlo bancário supra-nacional e uma política bancária comum?
Nem o FMI nem Passos Coelho nem outros dirigentes europeus aprenderam nada e insistem no mesmo.
Terão que ser os povos e não as visitinhas de Seguro ao belicista Hollande que têm condições para mudar o que se impõe!

"O porto da Trafaria", de Nikias Skapinakis, 1955


sábado, 6 de outubro de 2012

Edifício de Frank Gehry, em Praga


Álvaro Perdigão, serigrafia sem título, 1989


Taberna da Casa dos Peixes, Luis Pavão, 1979


Apareça, acompanhe, esclareça


Presidente do Chipre rejeita resgate semelhante ao aplicado à Grécia


O presidente de Chipre, Demetris Christofias, rejeitou esta quarta-feira a aplicação no país de um pacote de resgate semelhante ao da Grécia, argumentando que falharam as políticas de cortes salariais e vendas de ativos estatais.

«O método neo-liberal de lidar (com a crise) está falido, isso é claro da situação na Grécia», disse Christofias, que é comunista, em declarações ao canal de televisão estatal grego NET.

«A política da troika é mortal», acrescentou Christofias, referindo-se aos credores internacionais da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu, que fiscalizam os resgates da Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre.

Christofias garantiu ainda que não vai aprovar a eliminação dos aumentos salariais indexados à inflação, entre outras medidas exigidas pelos credores, tais como a venda de empresas rentáveis parcialmente detidas pelo Estado.

«Nós não estamos simplesmente a rejeitar, estamos a fazer contrapropostas», disse o presidente, que considerou um «conto de fadas» a noção, no Norte da Europa, que os países do Sul da UE «são preguiçosos».

Em troca de dois resgates, a Grécia teve de aplicar rigorosos cortes no salários e nas pensões, nos últimos dois anos, que causaram o agravamento do desemprego e mantiveram a Grécia numa recessão que dura há cinco anos.

O governo grego planeia outra ronda de medidas de austeridade, no valor de dez mil milhões de euros, para o próximo ano.

Christofias está hoje em Atenas para conversações com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.

Os representantes da troika visitaram o Chipre duas vezes, desde junho, quando o país pediu o resgate, depois de tanto o Banco do Chipre, como o Banco Popular do Chipre, terem dito que não conseguiam assegurar financiamento para garantir as necessidades de recapitalização.

A troika adiou a terceira visita, na qual se previa a assinatura do memorando, porque a UE espera ainda do governo cipriota contrapropostas de medidas de austeridade que possam servir de condições para um eventual acordo de empréstimo.

(publicado no iol 03 Out 2012)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A França vai seguir o caminho da Itália?


(excerto de um jornal francês)

Economias europeias em recessão

Tal como na Itália, a competitividade da França tem sido prejudicada pela criação do euro. Os dois países pesam na economia europeia, mantendo o segundo e o terceiro lugar do pódio. Basta dizer que se os mercados estão preocupados com o facto da Itália ser um país muito grande para cair, uma queda da França seria fatal para o euro.
A produção industrial, medida pelo índice das ordens de compra (PMI) fez uma careta em ambos os lados dos Alpes. O índice PMI é o mais baixo desde Abril de 2009. Em causa: a forte queda nas quebras de compras. Deterioração da actividade que levou a planos de despedimentos. "A carga de trabalho diminui, os fabricantes franceses continuam a reduzir os efectivos em Setembro. O emprego cai pelo sétimo mês consecutivo, a taxa de quebras no emprego também é maior do que em Agosto", disse o Le Figaro.
Além disso, o governo anunciou na semana passada que o número de desempregados ultrapassou os 3 milhões.
Na Itália, o PMI caiu pelo décimo quarto mês consecutivo. Segundo a Reuters, "a produção industrial italiana é agora 25% menor do que era há cinco anos atrás, antes da crise financeira e da crise da dívida na zona do euro."
Em ambos os países, o sector automóvel,  motor da produção industrial transalpina está ferido.
O Governo italiano, portanto, reviu em baixa as suas previsões de crescimento. A recessão deve chegar a 2,4% este ano (contra 1,2% previsto em Abril), e -0,2% em 2013 (contra 0,5% na primeira estimativa ).
Quanto à França,  é provável que um melhor expectativa quanto ao crescimento seja zero este ano e no próximo ano.



Os países afogam-se em dívidas

A dívida da França atingiu 89% do PIB, o da Itália de 123%. A "Bota" é ainda o terceiro maior emissor de dívida do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão. Ao lado de nossos vizinhos transalpinos fazemos figura de jogadores menores no mercado de dívida.
No final, na França e na Itália, o coração do problema é o mesmo: para estimular suficientemente o crescimento para para manter a dívida sob controle.
Porque sem crescimento, a dívida em ambos os lados dos Alpes deve continuar a crescer.
CC

O que se ignora sobre o grupo Bilderberger, por Thierry Meyssan - 1 (cont.)


(continuação de 1 - A primeira reunião)

Apesar de alguns jornalistas com imaginação terem acreditado que o grupo de Bilderberg pretendia criar um governo mundial oculto, este clube de personalidades influentes não é senão uma ferramenta de lobbing que a NATO utiliza para promover os seus próprios interesses. Isto é muito mais sério e muito mais perigoso, já que é a NATO que ambiciona converter-se num governo mundial oculto, capaz de perpetuar o status quo internacional e a influência dos Estados Unidos.
Para além disso, nas reuniões seguintes a segurança do Grupo de Bilderberg não estaria a cargo da polícia do país onde se organizaria o encontro mas sim de soldados da NATO.

Entre os 10 oradores inscritos destacaram-se então dois ex-primeiros-ministros – o francês Guy Mollet e o italiano Alcide de Gasperi –, três responsáveis do Plano Marshall, o falcão da guerra fria Paul H. Nitze e, sobretudo, um poderosíssimo financeiro, David Rockefeller.

Segundo os documentos preparatórios, uns vinte participantes estavam ao corrente do segredo. Conheciam mais ou menos em detalhe quem eram os que realmente manejaram o show e escreveram de antemão as suas intervenções. Até os menores detalhes estiveram previstos e não foi deixado lugar à mínima improvisação. Por outro lado, os demais participantes, uns cinquenta, ignoravam por completo o que se estava a tramar. Foram escolhidos para que exercessem a sua influência sobre os seus respectivos governos e sobre a opinião pública dos respectivos países. Desta forma, o seminário foi organizado para os convencer e para os levar a implicar-se na propagação das mensagens que se queriam difundir.
Em vez de abordar os grandes problemas internacionais, as intervenções analisaram a suposta estratégia ideológica dos soviéticos e explicaram o método a seguir para a contrariar no «mundo livre».

As primeiras intervenções avaliaram o “perigo” comunista. Os «comunistas conscientes» são indivíduos que pretendiam pôr a sua pátria ao serviço da União Soviética para impor ao mundo um sistema colectivista. E havia que combatê-los. Mas tratava-se de uma luta difícil já que estes «comunistas conscientes» estavam disseminados por toda a Europa dentro de uma massa de eleitores comunistas que nada sabiam dos seus “sinistros” propósitos e que os seguiam com a esperança de obter melhores condições sociais. A retórica endureceu pouco a pouco. O «mundo livre» deveria enfrentar o «complot comunista mundial», não só de forma geral mas dando também resposta a problemas concretos vinculados aos investimentos norte-americanos na Europa e à descolonização.
Finalmente, os oradores abordaram o problema principal que, segundo afirmam eles, os soviéticos estavam a explorar em seu próprio benefício. 

Por razões culturais e históricas, os responsáveis políticos do «mundo livre» empregaram argumentos diferentes nos Estados Unidos e na Europa, argumentos que por vezes se contradiziam. O caso mais emblemático é o das purgas que organiza o senador McCarthy nos Estados Unidos. Estas seriam indispensáveis para salvar a democracia, mas o método utilizado foi visto na Europa como uma forma de totalitarismo.
A Gládio e a NATO

A mensagem final é que não haveria lugar a negociações diplomáticas nem compromissos possíveis com os «vermelhos». Havia que impedir, custasse o que custasse, que os comunistas lograssem desempenhar um papel na Europa Ocidental. Mas seria necessário actuar com astúcia. Como não se podiam prender e fuzilar, haveria que neutralizá-los com discrição, sem que os eleitores se dessem conta. Ou seja, a ideologia que se desenvolveu no encontro é a da NATO e da Gládio. Nunca se diria ali que se recorreria a fraude eleitoral nem que os indecisos seriam assassinados, mas todos os participantes admitiram que, para salvar o «mundo livre», havia que por as liberdades entre parêntesis.
Ainda que o projecto da Comunidade Europeia de Defesa (CED) viesse a fracassar 3 meses más tarde devido aos golpes que lhe assestaram tanto deputados comunistas como «nacionalistas extremistas», ou seja os gaullistas, o seu objectivo não era na realidade apoiar a criação da CED nem nenhuma outra medida política em particular mas sim divulgar uma ideologia no seio da classe dirigente e transmiti-la depois, através da dita classe, ao resto da sociedade. 
Objectivamente, os cidadãos da Europa Ocidental dispunham de cada vez mais informação sobre as liberdades que não tinham os habitantes da Europa Oriental, mas tinham cada vez menos consciência das liberdades que eles mesmos iam perdendo na Europa Ocidental.

O que se ignora sobre o grupo Bilderberger, por Thierry Meyssan - 1

A ideia de que o Grupo de Bilderberg é um embrião de governo mundial tem vindo a espalhar-se desde há muitos anos. Por ter tido acesso aos arquivos desse clube tão secreto, Thierry Meyssan assinala que essa imagem é uma pista falsa destinada a mascarar a verdadeira identidade e a real função do Grupo: o Bilderberg é uma criação da NATO. O seu objectivo é convencer os líderes e manipular através deles a opinião pública para a levar a aceitar os conceitos e as acções da Aliança Atlântica.
Desde 1954, una centena de eminentes personalidades da Europa Ocidental e da América do Norte reúnem-se anualmente – à porta fechada e sob condições de rigorosa segurança – no seio do Grupo de Bilderberg. A reunião dura 3 dias e nada se publica sobre os temas tratados.
Depois do desaparecimento da União Soviética, alguns jornalistas começaram a interessar-se pelo Grupo de Bilderberg. Vários autores viram nele o embrião de um governo mundial e das principais decisões políticas, culturais, económicas e militares da segunda metade do século XX, uma interpretação que Fidel Castro retomou. Nada permite, no entanto, confirmá-la ou desmenti-la (ver artigo a respeito sobre a Nova Ordem Mundial para ter uma ideia do que isto implica).
Com desejo de perceber o que realmente é, e o que não é o Grupo de Bilderberg, dei-me ao trabalho de buscar documentos e testemunhos. Tive acesso a todos os seus arquivos correspondentes ao período que vai desde 1954 até 1966 e a muitos documentos posteriores e pude conversar com um dos seus antigos convidados, que conheço de há muito tempo. Nenhum jornalista, nem mesmo os bem-sucedidos autores que popularizaram os actuais clichés, tiveram acesso a tantos documentos internos do Grupo de Bilberberg.
Eis aqui o que consegui descobrir e compreender.

A primeira reunião

Setenta personalidades provenientes de 12 países participam em 1954 na primeira reunião do Grupo, um seminário de 3 dias, de 29 a 31 de Maio, que se desenrolou perto de Arnhem, nos Países Baixos. Os convidados repartiram-se entre dois hotéis vizinhos mas os debates desenvolveram-se no estabelecimento principal por cujo nome ficou conhecido o Grupo.
Os convites, feitos em papel timbrado do Palácio de Soestdijk (uma das quatro residências oficiais da família real dos Países Baixos - Nota do Tradutor,) apresentam termos bastante vagos: «Teria muitíssimo prazer com a sua presença no congresso internacional, sem carácter oficial, que terá lugar nos Países Baixos em fins do mês de Maio. Este congresso visa apreciar um certo número de questões de grande importância para a civilização ocidental e tem como objectivo estimular a goodwill (em português, “boa vontade”) e o entendimento recíprocos graças à livre troca de pontos de vista». Os convites tinha a assinatura do príncipe consorte dos Países Baixos, Bernhard zur Lippe-Biesterfeld, e vinham acompanhados com várias páginas informativas de carácter administrativo sobre o transporte e o alojamento. O máximo que permitiam perceber é que haveria delegados dos Estados Unidos e de 11 Estados de Europa Ocidental e que se realizariam 6 sessões de trabalho de 3 horas cada.
Dado o passado nazi do príncipe Bernhard, que foi membro da cavalaria SS até ao seu matrimónio, em 1937, com a princesa Juliana, e o contexto do mccarthysmo daquela época, resulta evidente que as «questões de grande importância para a civilização ocidental» têm que ver com a luta contra o comunismo.
No próprio lugar do encontro, os dois presidentes da reunião – o empresário norte-americano John S. Coleman e o ministro cessante de Relações Exteriores (Negócios Estrangeiros), da Bélgica Paul van Zeeland – atenuam a dúvida dos convidados. Coleman é um militante do livre mercado enquanto que o ministro Van Zeeland é um partidário da Comunidade Europeia de Defesa. Finalmente, os participantes verão, num extremo da tribuna, Joseph Retinger, a eminência parda dos britânicos. Tudo parece, pois, indicar que as monarquias holandesa e britânica apadrinharam a realização da reunião em apoio à Comunidade Europeia de Defesa e ao modelo económico de capitalismo de mercado livre por oposição ao antiamericanismo que promoviam comunistas e gaullistas.
As aparências, no entanto, são enganadoras. Não se trata de fazer campanha a favor da CED, mas sim de mobilizar as elites a favor da guerra fria.

A personalidade escolhida para convocar os convidados foi Sua Alteza Real o príncipe Bernhard , porque a sua condição de príncipe consorte lhe outorgava um carácter de Estado, sem ser no entanto oficial. Por detrás dele escondia-se o verdadeiro promotor do encontro: uma organização intergovernamental interessada em manipular os governos de alguns dos Estados que a compunham.
Naquela altura, John S. Coleman ainda não se tinha convertido em presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, mas acabava de criar o Comité de Cidadãos por uma Política Nacional de Comércio (Citizen’s Committee for a National Trade Policy, CCNTP). Afirma que a liberdade de comércio absoluta, ou seja a renúncia a todos os direitos aduaneiros, permitiria aos aliados dos Estados Unidos aumentar a sua própria riqueza e financiar a Comunidade Europeia de Defesa, leia-se empreender o rearmamento da Alemanha e integrar o seu potencial militar na NATO.
Os documentos significativos em nosso poder demonstram, no entanto, que o CCNTP a única coisa que tinha de “cidadão” era o nome. Trata-se na realidade de uma iniciativa de Charles D. Jackson, conselheiro da Casa Branca encarregado da guerra psicológica. À cabeça da operação encontrava-se William J.Donovan, o ex-chefe da OSS (o serviço de inteligência norte-americano criado durante a Segunda Guerra Mundial), agora encarregue de criar a divisão norte-americana do novo serviço secreto da NATO, o Gládio.
Paul van Zeeland não era só o promotor da Comunidade Europeia de Defensa. Era também um político com muita experiência. No fim da ocupação nazi presidiu à Liga Independente da Cooperação Europeia (LICE) que tinha como objectivo a criação de uma união aduaneira e monetária, organização que foi instaurada pelo já mencionado Joseph Retinger.
O próprio Retinger, que funciona como secretário no encontro de Bilderberg, serviu durante a guerra nos serviços secretos ingleses (SOE) do general Colin Gubbins. No Reino Unido, Retinger, um aventureiro polaco, foi conselheiro do governo de Sikorski no exílio. Em Londres, protagonizou o microcosmo dos governos criados no exílio, o qual lhe proporcionou múltiplos contactos na Europa libertada do fascismo.
O seu amigo Sir Gubbins abandonou oficialmente os serviços secretos britânicos e o SOE foi dissolvido. Dirigia então uma pequena empresa de tapeçarias e produtos têxteis que lhe servia de «cortina». Na realidade, Gubbins estava encarregue da criação da divisão inglesa da Gládio. Depois de ter participado em todas as reuniões preparatórias do congresso de Bilderberg, esteve entre os convidados, sentado ao lado de Charles D. Jackson. Os participantes ignoravam que tinham sido de facto os serviços secretos da NATO que realmente deram origem ao encontro de Bilderberg. O príncipe Bernhard, Coleman e Van Zeeland serviram de fachada. (continua)

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Coitados dos cordeiros, quando os lobos querem ter razão"
provérbio cabinda 
Ana Paula Tavares
escritora angolana 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dizia António Aleixo...





















Há tantos burros mandando 
em homens de inteligência, 
que ás vezes fico pensando, 
se a burrice não será uma ciência.