terça-feira, 29 de março de 2011

Passam agora 58 anos sobre a execução de Julius e Ethel Rosenberg nos EUA


"Um júri reunido em Nova Iorque, EUA, deu Ethel e Julius Rosenberg como culpados do crime despionagem a favor da União Soviética, a quem teriam passado informação sensível sobre a bomba atómica americana. A sentença de morte dos Rosenberg seria proferida a 5 de Abril do mesmo ano. Documentos provenientes dos arquivos russos indicam que Julius tinha, de facto, ligações aos comunistas, mas a dúvida subsiste até hoje relativamente a Ethel. Ambos negaram o seu envolvimento em operações de espionagem. Este caso foi o detonador de um período de grande intolerância nos EUA, nos anos 1950, liderado pelo senador Joseph McCarthy e a sua Comissão de Investigação das Actividades Antiamericanas, popularmente conhecido como “caça às bruxas”. O processo gerou uma onda de protestos e acusações internacionais de anti-semitismo (os réus eram judeus americanos), com tomadas de posição a favor do casal da parte de Jean-Paul Sartre, Albert Einstein, Dashiel Hammett, Jean Cocteau, Diego Rivera, Frida Kahlo, Pablo Picasso, Fritz Lang, Bertold Brecht e outros intelectuais e artistas. O Papa Pio XII apelou a Eisenhower para os poupar, mas o Presidente dos EUA recusou-se a exercer o seu direito de indulto. Os Rosenberg foram executados ao pôr do sol de 19 de Junho de 1953, na Prisão de Sing Sing, Nova Iorque. Foram os primeiros civis a serem executados por espionagem." [Público de hoje].

Os dois filhos de Rosenberg, Robert e Michael levaram anos a tentarem provar a inocência dos seus pais. Depois da execução dos pais foram colocados num orfanato e nenhum familiar teve coragem para os adoptar até que acabaram adoptados pelo músico Abel Meeropol e mulher. Do músico adoptaram o apelido. Foi ele quem escreveu o hino clássico contra o racismo e os linchamentos de negros, "Strange Fruit", popularizado pela cantora Billie Holiday (ver caixa ao lado).
Os filhos escreveram o livro "Somos os seus filhos: o legado de Ethel e Julius Rosenberg (1975) e Robert escreveu em 2003 um outro "Uma execução na família: um dia na vida de um filho". Robert fundou em 1990 uma instituição de apoio aos filhos de activistas políticos perseguidos. A filha de Robert, Ivy dirigiu em 2004 um documentário sobre os avós "Heir to an execution", apresentado no Sundance Film Festival.
Os filhos de Ethel e Julius acreditam que "fosse qual fosse a informação que os seus pais tivessem passado aos russos, ela seria no máximo no supérflua. O caso estava cheio de intuitos persecutórios num comportamento judicial impróprio. A mãe estava convencida da debilidade das provas para enculparem o marido. E não mereciam a pena de morte".

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem feita e completa esta sua peça Antonio.
Porque será que nos Estados Unidos a "caça às bruxas" mais ou menos encapotada é uma constante, de que terão eles tanto medo...

Maria