sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os conselhos de Cavaco e Soares



Cavaco Silva apoiou a concertação PS/PSD e juntou-lhe algumas condições, nomeadamente, preterir o investimento público em bens não transaccionáveis em favor de bens transaccionáveis que conduziriam à redução do recurso a empréstimos contratados ao exterior. E que os grandes investimentos deveriam ter uma forte componente de produtos e de mão-de-obra nacionais.
Enfim, produzir para vender ao estrangeiro como forma de reduzir o deficite.

Só que para aumentar a produção nacional para substituir produtos estrangeiros necessita-se de um esforço de investimento para aí direccionado mas também para reforçar o mercado interno , isto é, a capacidade de aquisição dos portugueses de produtos preferencialmente produzidos internamente, o que exige que salários e pensões não sejam degradados e que a vida das pessoas não seja desorientada pela desregularização das relações laborais e não seja vítima da actividade bancária predadora.

E algum investimento não transaccionável é importante pelos reflexos que possa ter na economia, quer pelo emprego que gera, quer pela dinamização de empresas que concorrem a montante para ele, quer pela aplicação do nosso conhecimento quer pelo know-how que qualquer aquisição de tecnologia estrangeira deve ter associada.

É isto difícil? Tem as suas dificuldades mas é inteiramente irrealizável com este governo, com a irresponsabilidade, o infantilismo, o negocismo e laxismo, as opções políticas e económicas deste grupo em total negação da realidade que continua a reclamar-se de ser o governo do país.

A banca e muitas empresas nacionais têm que ser chamadas ao esforço de investimento, que não é imediatamente geradora de grandes lucros, mas ancora fundamental para o relançamento da actividade económica e do emprego, únicas formas de criar uma capacidade interna para resistir à especulação que a banca internacional e as agências de rating, que para ela trabalham, entidades que se ocupam do escrutínio dos países mas não são escrutinados democraticamente pelos cidadãos.


Também Mário Soares entendeu dar uma achega para a desgraça, invocando o corte do 13º mês de 1983, de que se declarou orgulhoso, porque isso foi decisivo para entrarmos na Europa, isto é, naquela concreta integração europeia que nos levou onde se viu... Grande feito! Então realizado essencialmente por razões políticas (de nos formatar politicamente com o modelo vigente ño capitalismo das potências europeias) para combater a esquerda no nosso país e não por razões económicas. A não ser a opção alguns anos antes feita de nos entregar nas mãos das instituições financeiras internacionaisque passaram a condicionar o curso da economia e a pressionar o aniquilar da capacidade produtiva nacional.

Puxando de tais "galões", Mário Soares ameaçou os trabalhadores de que se reivindicarem a defesa das suas condições de vida vão ser responsáveis por qualquer coisa que, francamente, já não ouvi porqui estava a pensar "Porque não te calas Soares?".
É este o homem, com enormes responsabilidades na deriva da nossa democracia, a que ainda há uns anos atrás foi creditada uma "viragem à esquerda"...

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