terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ensinar ao patronato como aplicar as malfeitorias de Sócrates

No próximo dia 1 de Outubro, a AERLIS vai realizar uma acção de formação sobre as os instrumentos de flexibilização do tempo de trabalho introduzidos no Novo Código do Trabalho que são favoráveis a algum patronato e um verdadeiro crime contra os trabalhadores.
Pretende este braço patronal que os patrões rapidamente se familiarizem “com a criação do contrato de trabalho intermitente e de muito curta duração, o banco de horas, os horários concentrados, a adaptabilidade grupal e a simplificação introduzida nos processos de despedimento com a supressão da fase de instrução foram algumas das medidas introduzidas no Novo Código de Trabalho. As mesmas visam permitir uma maior flexibilidade do tempo de trabalho e uma diminuição de custos para as empresas”.

Nesta sessão os participantes serão “esclarecidos” sobre quais os instrumentos de flexibilização do tempo de trabalho introduzidos pelo Novo Código de Trabalho e como efectuar a implementação destas alterações com recurso aos sistemas de informação.

Relembre-se a propósito que no seu site (http://www.aerlis.pt/), a AERLIS se define como movimento de descentralização iniciado pela AIP, Associação Industrial Portuguesa, que resultou na criação de Associações Empresarias Regionais (AER), das quais a AERLIS representa o distrito de Lisboa com os seus 16 municípios.
Diz-se aí que o objectivo da AERLIS é criar condições para um desenvolvimento sustentado (???)do tecido económico e social (???), em consonância com os interesses das empresas (de quais???), das regiões (???) e dos municípios (???) onde se inserem.
Aí também se consagra que a missão da AERLIS se consubstancia na prestação de serviços de qualidade às Empresas da Região de Lisboa, tornando-as mais competitivas nos mercados onde operam e na representação e defesa dos seus interesses junto das diversas instâncias estatais e privadas (neste caso deve ser o inverso, isto é, a representação da defesa das políticas e decisões do governo junto das diversas instâncias privadas, não???).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Agora as autárquicas!

Versão corrigida

Ontem à noite os meus sentimentos eram contraditórios face aos resultados eleitorais.
Satisfação por o PS ter perdido a maioria absoluta, o que resultou essencialmente por deslocação de votos de esquerda do PS para o Bloco. Satisfação pelo reforço ligeiro da CDU em votos, percentagem e deputados eleitos. Satisfação por a direita se ter mantido em minoria, perdendo margem de manobra que só lhe poderá restar se o PS a isso aceder. Satisfação pela derrota da arrogância, que só renascerá num outro contexto político com motivações provocatórias.
Insatisfação por a deslocação de votos do PS se não ter feito em termos significativos para a CDU, tendo optado por uma plataforma onde a transitoriedade das opções dão mais sentido ao protesto do que à alternativa. Por o PCP, o grande animador e organizador dos grandes movimentos de protesto contra a política do PS, não ter disso beneficiado eleitoralmente, não pelo facto em si mesmo mas pelas interrogações que isso coloca à possibilidade de ser interrompido o caminho de destruição dos dirigentes socialistas.
Quando o PS ontem proclamou vitória, tendo sido ele o único partido que baixou os resultados. Quando Sócrates disse que quem tinha sido escolhido para formar governo fora ele e não os outros, quando os seus porta-vozes insistiram que o rumo político se manteria, é de prever que entrámos numa fase de acordos explícitos com a direita ou que prepara um caminho de provocação e chantagem.
Mas Sócrates foi derrotado e a bipolarização quebrou-se. E disso tem que saber ler os sinais.
Agora, vamos às autárquicas porque estes resultados foram promissores.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Frase de fim-de-semana, por Jorge


O mundo, se o puder ser, só será salvo pelos insubmissos

André Gide (Diário)

Estrangulamento financeiro da segurança social pelo CDS, PSD e PS e a tentativa de criar um mercado para fundos de pensões privados, por Eugénio Rosa



Os programas eleitorais do CDS e do PSD contêm medidas que, se forem implementadas, criarão problemas graves à Segurança Social, já que poderão pôr em causa a sua sustentabilidade financeira e mesmo o pagamento das pensões no futuro. Infelizmente no debate eleitoral, e mesmo por parte das organizações dos trabalhadores, essas medidas não mereceram qualquer posição ou intervenção, ou então passaram despercebidas.

O CDS apresenta uma proposta que coincide com a que Bagão Félix apresentou em 2004 quando era ministro. E essa proposta consiste em estabelecer um limite ou "plafond" (6 salários mínimos nacionais) acima do qual empresas e trabalhadores deixariam de descontar para a Segurança Social e a parte dos trabalhadores seria aplicada em fundos de pensões privados. Os trabalhadores seriam duplamente prejudicados. Em primeiro lugar, as contribuições acima desse limite que as empresas entregam agora à Segurança Social ficariam para as empresas, o que determinaria que o valor que os trabalhadores receberiam dos fundos de pensões quando se reformassem seria apenas o correspondente aos seus descontos, portanto um valor reduzido. Em segundo lugar, uma parte das poupanças dos trabalhadores seria investida em fundos pensões cujos resultados dependem da especulação bolsista, o que poria em perigo uma parte das pensões dos trabalhadores. E a Segurança Social perderia uma receita de 16.000 milhões de euros num período de 30 anos.

As propostas do PSD constantes do seu programa eleitoral são três: (1) Reduzir em dois pontos percentuais a Taxa Social Única suportada pelos empregadores até 2011; (2) Apoiar a contratação de novos trabalhadores com uma redução da Taxa Social Única em 35% e 70% , respectivamente para os trabalhadores a termo e sem termo". E a introdução, à semelhança da proposta do CDS, também de um limite ("plafond") nas contribuições para a Segurança Social. A primeira medida (redução de 2 pontos percentuais na taxa de contribuição das empresas) determinaria uma redução de receitas para a Segurança Social de cerca de 750 milhões de euros por ano. Como é para vigorar em 2010 e 2011, esta medida significaria uma redução de receitas que se estima em 1.500 milhões de euros. A segunda medida – redução da taxa contributiva das empresas em 35% e em 70%, conforme o contrato for a termo ou sem termo – determinaria uma redução de receitas para a Segurança Social que não deveria ser inferior a 300 milhões de euros por ano. Finalmente a ultima medida – introdução do plafonamento nas contribuições – não é possível estimar as suas consequências porque o PSD, diferentemente do CDS, não concretiza o limite contributivo.
No entanto, a introdução de qualquer limite determina uma quebra imediata de receita, porque uma parte dos "descontos" das empresas e dos trabalhadores deixariam imediatamente de ir para a Segurança Social.

Sócrates já introduziu na lei a possibilidade de implementar o "plafonamento das contribuições". Assim de acordo com o artº 58 da Lei 4/2007 aprovada pelo PS, "a lei pode ainda prever …. a aplicação de limites superiores aos valores considerados como base de incidência contributiva ou a redução das taxas contributivas dos regimes gerais". Portanto, por simples decreto ou portaria o governo poderá introduzir o chamado "plafonamento horizontal" (acima de determinado limite, por ex. 6 SMN, deixar-se-ia de descontar para a Segurança Social, e o valor dos descontos apenas dos trabalhadores seriam aplicados em fundos de pensões) ou o "plafonamento vertical" (redução da taxa contributiva paga por todos os trabalhadores, seja qual for o seu salário, e o valor assim liberto (apenas os dos trabalhadores) seria aplicado em fundos de pensões, o que determinaria uma quebra imediata das receitas para a Segurança Social, criando dificuldades financeiras a esta.
Não resta duvida que o CDS e o PSD têm assim o caminho consideravelmente facilitado para aplicar as suas propostas. O PS já lhes deu uma importante ajuda. Para além disso, Sócrates também aprovou um conjunto de medidas – redução da taxa contributiva das micro e pequenas empresas em 3 pontos percentuais; premio de 2000€ dado às empresas que contratem trabalhadores até 30 anos, etc. – que determinarão, só em 2009, uma redução de receitas para a Segurança Social em 240 milhões de euros.
No fim de Agosto de 2009, o saldo global da Segurança Social era de 628,1 milhões de euros, quando em idêntico mês de 2008 atingia 1.534 milhões de euros, ou seja, 2,4 vezes mais. Isto mostra que a crise está a ter um forte impacto na Segurança Social e que, embora estando a aguentar as graves consequências dela, o certo é que não poderá continuar a ser utilizada, como tem feito o PS e como pretendem fazer o CDS e PSD, para resolver os problemas das empresas, e mesmo para garantir os lucros de algumas empresas.
Ler este estudo na integra aqui.

CDU: o único voto útil para uma outra política

Ontem no Campo Pequeno eramos mais de 7 mil. O entusiasmo. A convicção. Não eram ainda os votos mas era a imagem daqueles em que se pode confiar para que o voto, que pode ser tão volátil, possa ter utilidade e permanecer, depois de domingo, para os devidos efeitos: uma outra política.
Sendo certo que ninguém é dono dos votos de cada um, é também certo que eles serão utilizados. Incuindo para manter quem nos quiz tourear, alterando alterando as regras da lide e que, agora, apesar de ferido na faena destes quatro anos, diz que a vai continuar a fazer mas com um olhar manso para os eleitores. Em todas as faenas há os que dão o peito mas também há os peões de brega, que nem sempre desdenham sentar-se à mesa.
Os portugueses sabem quem pegou a política pelos ditos e animou a faena. O animal já não estava em boas condições quando o soltaram. Já tinha muitas bandarilhas de esperança. Mas não estava embolado e fez tudo o que pode para se arrastar em mais uma temporada.
O inteligente teve umas entradas em falso para gáudio de algumas ganaderias velhas com uma aficción que não deixou de fazer todas as cambalhotas possíveis para se aggiornare com as regras das novas lides.
Hoje as chocas recolherão o animal e no domingo sentirá que as feridas lhe retiraram potencial de arremesso e começará a piscar os olhos para alguns camarotes.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Liberdade, escultura de Jorge Vieira

Lula da Silva pede ao governo fantoche das Honduras que não assalte a embaixada brasileira


A carga policial sobre os hondurenhos concentrados junto à embaixada fez com que Zelaya declarasse recear pela sua vida e com que o presidente brasileiro pedisse há instantes que a embaixada não fosse invadida pela tropa.

O canal 36 viu a energia eléctrica cortada para impedir que continuasse a transmitir. A Radio Globo, a única que transmitiu directamente o regresso de Zelaya, está a ter o sei sinal sucessivamente interrompido.

Na 5ª feira aparece e no domingo... vota na CDU

Ainda sobre a síntese abiótica de hidrocarbonetos

Recebi com gosto observações de um amigo ao post que, sobre esta matéria, publiquei aqui no passado dia 20, a que respondi nos termos que podereis consultar nos respectivos comments, chamando a atenção para o interesse de que se reveste trabalho anterior do falecido cientista Thomas Gold publicado na resistir.info.
Daí resultaram tentativas de contactos com os três cientistas do trabalho que eu inicialmente tinha citado.
Goncharov, atendeu-me amavelmente e disse-me que o interesse dos três investigadores vinham de experiências e previsões teóricas anteriores (já referidas no trabalho do falecido Thomas Gold atrás referido).

Nessas experiências o metano sujeito a altas pressões e temperaturas dava origem a hidrocarbonetos mais pesados. Mas as moléculas não se podiam identificar, apresentando uma distribuição semelhante. Goncharov afirmou-me terem ultrapassado essa questão com a sua técnica de aquecimento a laser, em que puderam tratar volumes maiores e mais uniformemente, tendo verificado que o metano pode ser produzido a partir do etano e que, portanto, existe uma reversibilidade de reacções.

Retomando a questão que coloquei há dois dias, o petróleo e o gás que abastecem as nossas casas e os carros resultaram de organismos vivos que morreram, foram comprimidos, e aquecidos sob pesadas camadas de sedimentos na crosta da Terra. Há anos que os cientistas têm debatido se alguns destes hidrocarbonetos também poderiam ter sido criados em camadas mais profundas da Terra e sem o concurso de matéria orgânica.

Agora, pela primeira vez, os cientistas descobriram que o etano e hidrocarbonetos mais pesados podem ser sintetizados sob a pressão de condições de temperatura do manto superior da camada de terra sob a crosta e no topo do núcleo. A pesquisa foi conduzida por cientistas do Laboratório de Geofísica do Instituto Carnegie, com os colegas da Rússia e da Suécia, e foi publicada, on line, em 26 de Julho passado, nas Letters da Nature Geoscience.
Legenda: Este olhar artístico do interior da Terra mostra os hidrocarbonetos a formarem-se no manto superior e a serem transportados através de falhas profundas para as profundezas da crosta da Terra. A outra imagem inserida mostra um instantâneo da reacção de dissociação do metano estudada neste trabalho.

O Metano (CH4) é o principal componente do gás natural, enquanto o etano (C2H6) é usado como matéria-prima na indústria petroquímica. Ambos os hidrocarbonetos, bem como outros relacionados com o combustível, se designam por hidrocarbonetos saturados, porque eles têm ligações simples e estão saturados com hidrogénio. Eles usaram uma célula de “bigorna de diamante” e uma fonte de calor laser. Submeteram em primeiro lugar o metano a pressões superiores a 20 mil vezes a pressão atmosférica ao nível do mar e a temperaturas que variam entre 1.300 ° F e mais de 2.240 ° F. Estas condições reproduzem as que poderão ser encontradas a 40-95 quilómetros de profundidade no interior da Terra.
O metano reagiu e formou etano, propano, butano, moléculas de hidrogénio e grafite.
Depois submeteram o etano às mesmas condições e obtiveram metano. Esta reversibilidade de reacções implica que a síntese de hidrocarbonetos saturados é termodinamicamente controlada e não requer matéria orgânica.
Estes cientistas excluíram catalisadores como parte do aparato experimental, mas reconhecem que os catalisadores poderão estar envolvidos no interior da Terra numa mistura de compostos.

Já não consegui obter resposta de Kutcherov que foi quem fez a declaração, não fundamentada, das promissoras perspectivas económicas, que citei no post anterior, mas que não constavam do trabalho propriamente dito, apresentado em Julho pelos três autores, parecendo ser tão só um aparte seu.

Zelaya nas Honduras: pátria, restituição ou morte!


Ontem perto da meia noite, depois de ter sido confirmadas a sua reentrada clandestina em Tegucigalpa, capital das Honduras e a sua presença na embaixada doBrasil nesta cidade, o presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de estado, dirigiu-se ao seu povo, dizendo: "A partir de agora nada nos tirará de aqui, e por isso a nossa posição é patria, restituição ou morte".


“Les habla el comandante general de las Fuerzas Armadas de Honduras que el pueblo eligió para dirigirlos y que les tendió una mano siempre. Les hago pacíficamente un llamado a la cordura, que no vaya a haber violencia en las calles. La gente que está aquí con nosotros está desarmada gritando consignas de alegría porque hoy es un día de fiesta”, afirmou Zelaya aos órgãos de comunicação na embaixada do Brasil, enquanto apelou ao povo para se aproximar da embaixada “que me ha recibido y me ha dado el apoyo en nombre del presidente Lula da Silva”. Afirmou ainda que a sua chegada pacífica às Honduras tem como objectivo iniciar um processo de diálogo nacional e internacional que, com os que participaram no golpe de estado, "hagamos un esfuerzo por Honduras y por nuestro pueblo. Yo estoy dispuesto a hacer el sacrificio que sea necesario”.


Muitos hondurenhos estão à volta da embaixada não acatando o recolher obrigatório que Micheletti voltou a decretar. Ao corte da electricidade imposto, reagiram mantendo acesas velas o os ecrans de telemóveis.

Micheletti exigiu que o Brasil lhe entregue Zelaya para ser julgado ou então lhe dê asilo político...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A ilha da paz, por Tomy, no Granma


Mais de um milhão em concerto pela paz, ontem em Havana

Sob o olhar firme de uma imagem de Che Guevara aplicada em ferro na fachada de um ministério, mais de um milhão de pessoas, a maioria vestida de branco, ocupou, a Praça da Revolução, em Havana, para participar num concerto pela paz.
O acontecimento foi encabeçado pelo artista colombiano Juanes - que, por isso, chegou a ser ameaçado pelos anti-castristas de Miami.
O espectáculo "Paz sem fronteiras" teve como objectivo justamente promover uma aproximação entre os Estados Unidos e Cuba.

Com mais de um milhão de participantes , o mega-concerto pela paz ontem realizado na Praça da Revolução em Havana foi um espectáculo que fará história. A iniciativa partiu de Juanes, cantor colombiano, residente na Florida, e considerado pelo US People Magazine como “a mais destacada figura do rock latino-americano na última década”. Entre outros prémios, Juanes já ganhou 17 Grammys latinos e 1 anglo-saxónico, que ontem avaliou os presentes em 1 milhão e cento e cinquenta mil, a maioria dos quais jovens.
A iniciativa foi transmitida por várias emissoras de TV dos Estados Unidos, Europa e América Latina. "Aos jovens de Miami e de todo o mundo: podemos ter diferentes pensamentos, mas, aqui, estamos pela paz. Deixemos o ódio de lado", disse Juanes, que manifestou o desejo de promover o mesmo show em Miami. E rematou "Queremos que, com o tempo, as coisas mudem e a família cubana seja apenas uma. E a melhor linguagem para chamar a atenção para isso é a da música e a da paz.”

O número de participantes surpreendeu os organizadores. A multidão - que ultrapassou a da missa ao ar livre de João Paulo II, em 1998 ( 800 mil pessoas) – e suportou desde muito cedo temperaturas de mais de 30º C para assistir ao concerto.O show foi a segunda edição deste acontecimento pela paz. O primeiro foi organizado no ano passado na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela.

Ao entrar no palco, Juanes vibrou: "Não posso acreditar no que os meus olhos estão a ver, é o sonho mais bonito de paz e amor que tive depois dos meus filhos".

Desde que anunciou a intenção de promover o concerto em Cuba, Juanes suscitou a ira de muitos exilados cubanos em Miami, feudo do anticastrismo, onde Juanes mora com a sua família. Vítima da intransigência, o cantor recebeu ameaças de morte e viu os seus discos serem quebrados com golpes de martelo.

Ontem, a expectativa para o concerto era tanta que até o presidente dos EUA, Barack Obama se lhe referiu. Elogiou a iniciativa, mas respondeu que não se deveria dar uma dimensão exagerada ao efeito de espectáculos como o de ontem e da diplomacia cultural. com Cuba para a retomada das relações entre os dois países. "Não acredito que esse tipo de evento prejudique as relações Estados Unidos-Cuba", disse Obama. Já o dirigente venezuelano Hugo Chávez não poupou elogios ao evento, que qualificou de "maravilhoso".

Ontem, no Palácio de Cristal com a CDU




domingo, 20 de setembro de 2009

O petróleo e o gás natural só resultam de fósseis animais e vegetais? Há petróleo no Beato?

A origem orgânica do petróleo e gás natural é explicada por múltiplas evidências, das quais a mais aceite hoje , é a de que, tal como no caso do carvão, eles resultariam da transformação prolongada de fósseis animais e vegetais em ambiente anóxico (sem oxigénio) depois de uma deposição inicial na superfície terrestre e no fundo dos mares e lagos, alojando-se em bacias sedimentares e sofrendo transformações suscitadas por bactérias, que, por alterações tectónicas e as falhas que estas produzem, permitissem fazer chegar à superfície diversos hidrocarbonetos
Mas que seja só por esta via que as duas preciosas fontes de energia se originam já divide investigadores.

Não vou inclinar-me para uma dessas atitudes porque não estou habilitado para isso, se bem que seja questão que há muito me suscita interesse. Nem entrar pela especulação de que esta seria uma alternativa de fonte de energia que não limitasse a prospecção a jazidas de origem fóssil. E ainda menos que não teria razão de ser o receio expresso por tantos nas últimas dezenas de anos de que teríamos que encarar o fim do fornecimento do petróleo.

Em Julho deste ano, um livro (1) dava conta de investigações realizadas no Real Instituto de Tecnologia de Estocolmo que demonstravam que os fosseis animais e vegetais não eram obrigatórios nestes processos, conclusão que abriria a hipótese, que referimos atrás, de poder ser muito mais fácil encontrar estas fontes de energia e em todo o globo.

Estas investigações têm envolvido centros russos, suecos e norte-americanos que estão a contribuir para que a teoria da origem orgânica destas fontes de energia coexista com uma outra, a teoria inorgânica ou abiótica sem intervenção de matéria viva) com cada vez maior aceitação nos meios científicos.

Não as desenvolvendo agora aqui, importa reter que esta corrente dispõe também de fortes argumentos para uma não aceitação da teoria orgânica. Ao mesmo tempo que afirma não ter que se aceitar que o ciclo do carbono se restrija à superfície da crosta, sendo mais razoável aceitar que o Carbono é continuamento bombado para a superfície devido às altíssimas pressõe3s do interior da Terra.

A possibilide de sintetizar hidrocarbonetos a partir de matéria orgânica deu no passdado muita força à teoria dos combustíveis fósseis.
Mas agora é possível sintetizar etano (C2H6), a partir do metano (CH4) e outros hidrocarbonetos pesados num ambiente sem matéria viva, fóssil.

A utilização de uma cápsula e pressão, conhecida como bigorna de diamante (ver esquema ao lado) e uma fonte de calor a laser, os cientistas submeteram o metano a pressões mais de 20 mil vezes superior à pressão atmosférica ao nível do mar, e a temperaturas variando de 700° C a mais de 1200º C, reproduzindo assim as condições ambientais encontradas no manto superior da Terra, entre 65 e 150 quilómetros de profundidade.
No interior da célula de pressão, o metano reagiu e formou etano, propano, butano, hidrogênio molecular e grafite. Os cientistas então submeteram o etano às mesmas condições e o resultado foi a formação de metano, demonstrando a reversibilidadfe das duas reacções.
Essas reações demonstram que os hidrocarbonetos pesados podem existir nas camadas mais profundas da Terra, muito abaixo dos limites onde seria razoável supor a existência de matéria .

A opção por esta teoria, segundo os autores, levaria a um drástico abaixamento dos preços de extracção de petróleo e gás natural e dos preços ao consumidor industrial e doméstico e à generalização a todo o mundo de novos estudos para novas captações em locais até agora não explorados.

O entusiasmo que esta perspectiva pode gerar terá que ser temperado com a necessidade de novas investigações que os autores referem, para além das implicações da reconversão de toda a tecnologia envolvida
Mas seria uma alegria que daríamos ao Raul Solnado sobre a possibilidade da descoberta que fez há uns anos: "Há petróleo no Beato!!"...
(1) "Methane-derived hydrocarbons produced under upper-mantle conditions", Anton .
Kolesnikov, Vladimir G. Kutcherov, Alexander F. Goncharov, Nature Geoscience26 July 2009Vol.: Published onlineDOI: 10.1038/ngeo591

sábado, 19 de setembro de 2009

Trabalhadores de Saragoça contra 1700 despedimentos na Opel


Foram muiitos milhares de trabalhadores que hoje ssaíram à rua em Figueruelas (Saragoça) para impedirdespedimento de 1750 dos 7500 que a empresa tem nesta localidade.

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"A dúvida cresce com o conhecimento"


Goethe ("Provérbios em prosa")

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

No adeus a Juan Almeida

Almeida fue uno de los mejores capitanes…, el compañero leal, el compañero amable, el compañero que compartía contigo, el compañero que contigo y por ti… estaba dispuesto a dar su vida.
Fidel


Nas fotos com Camilo Cienfuegos, com Che Guevara, com Fidel e Raul














Cartoon de Monginho

in Avante!

Ó Zé, não foi porreiro, pá?...


Agora, nós...



A uma semana do final da campanha eleitoral importa reconhecer que os dados estão lançados. Era preciso muita peixeirada para Sócrates recuperar, muitos freeports para Ferreira Leite descolar e uma frota inteira de submarinos para retirar Portas da linha de água.
Da crise interna e da vulnerabilidade aos efeitos da crise internacional, os partidos que nos têm desgovernado não tiraram lições. É certo que falam das causas sistémicas, do neo-liberalismo, do sistema financeiro à deriva na democracia. Mas por mero show-off. Onde estão as medidas para que não seja assim? Viste-las...

É à esquerda que os resultados vão ter mais significado para o que depois de dia 27 se vai passar. Louçã mantem indefinições promissoras para outros que não o PCP a quem vai bicando, particularmente na margem sul, como se esquecesse à custa de quem teve ou não teve votos.
O factor mais significativo para ser possível uma vida melhor vai depender da força, também recolhida em votos, por parte da CDU.
Foi deste lado que os atingidos duramente por Barroso, Sócrates e Santana, encontraram a voz amiga, a camaradagem na luta, a consequência entre o que se diz e o que se faz.

Agora nós...Eis a esperança de quem lutou e soube interpretar no bem de todos os factos, as políticas, as revoltas e tecer o trabalho que, por ser delicado, nunca deixa de ser de um compromisso exigente.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O cartel da OPEP viola as leis do mercado ao tentar impedir a concorrência do petróleo da Rússia…

Um jornalista russo, Alexander Gudkov, escreve hoje na “Voz da Rússia” que as críticas à Rússia e a outros produtores independentes de petróleo foram o único resultado da última reunião da OPEP, de 10 de Setembro (ver ao lado mapa dos países da OPEP).

Segundo ele, quando os preços estavam baixos, a OPEP pediu à Rússia para reduzir a produção de petróleo. Agora, a Rússia foi acusada de não dar atenção a esse pedido. O Ministério da Energia russo manifestou a sua perplexidade com estas declarações, dizendo que é melhor é ignorá-las porque são desprovidos de sentido económico. No entanto, as críticas públicas da OPEP à Rússia podem mostrar que já não acredita na vontade deste último em respeitar compromissos tácitos.

A decisão de manter a produção ao nível actual era previsível e a fixação do preço da OPEP em 69,23 dólares por barril, foi a melhor que os exportadores de petróleo poderiam esperar.

No entanto, para este analista, algumas declarações extravasaram esse sentimento. O secretário-geral da OPEP, Abdalla Salem El-Badri, expressou sua preocupação pelo facto da Rússia não parecer estar muito disposta a cooperar com o cartel do petróleo. O ministro da Energia do Catar, Abdullah al-Attiya foi mais crítico, dizendo "Ouvimos muitas palavras, mas gostaríamos de receber apoio real e não apenas verbal”.

A OPEP está a reduzir a produção de petróleo para manter os preços. E entretanto, a Rússia deixou para trás a Arábia Saudita nas exportações de petróleo pela primeira vez desde a desintegração da União Soviética. Segundo o Ministério russo da Energia, no segundo trimestre, as exportações de petróleo e derivados de petróleo da Rússia atingiram 7,4 milhões de barris por dia. Na estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE), o maior exportador da OPEP, a Arábia Saudita abastecia o mercado com sete milhões de barris por dia. "O fornecimento de mais petróleo está a minar os esforços da OPEP e conduzirá a uma nova redução dos preços do petróleo no terceiro trimestre", disse Attiya. Não se limitando à crítica à política de preços da Rússia, acusou, sem rodeios, o primeiro-ministro Vladimir Putin, de tentar usar as decisões da OPEP sobre a redução da produção para aproveitar para garantir o abastecimento de segmentos do mercado de petróleo antes garantidos pelo cartel.·
Mas o ministro da Energia russo Sergei Shmatko disse na sexta-feira que é fácil a OPEP fazer comentários quando nem sequer convidou um representante russo a participar na reunião. Os interesses da Rússia e da OPEP não coincidem, mas a política independente de petróleo da Rússia é aceite por muitos países, porque o Ocidente considera que o petróleo da Rússia é uma alternativa para abastecimento a partir de uma região tão instável como o Médio Oriente.

Os membros da OPEP não se esqueceram de 2002, quando a Rússia prometeu à OPEP cortar a produção de petróleo em 150.000 barris por dia. Mais tarde, esse número foi reduzido para 50.000 barris, e finalmente, a produção de petróleo aumentou em 150.000 barris por dia. As acusações da Rússia de aproveitar os mercados da OPEP também são infundadas, porque o mercado de petróleo russo é muito limitado. O petróleo russo é fornecido apenas para poucas refinarias na Europa, que está especialmente vocacionada para uma determinada marca.


A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é hoje composta por 13 países que têm algumas das maiores reservas do mundo, como a Arábia Saudita. Funciona, de facto, como um cartel que pretende controlar a produção do petróleo, incluindo o controlo de preços e dos níveis de produção que funcionem como pressão sobre a livre concorrência no mercado

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Deus, dá-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquelas que devo mudar, e lucidez para perceber a diferença entre umas e outras."
Reinhold Niebuhr (teólogo protestante, 1892-1971)

A propósito dos oito anos de uma provocação sangrenta


Aproveito um pouco de rede até para que não passe a efeméride.


Passam hoje oito anos sobre o que poderá ter sido a maior provocação da História organizada por organismos do estado de um país para justificar fins inconfessáveis e que vitimaram milhares dos seus próprios cidadãos.


O terrorismo é hoje uma forma de conduzir guerras em termos não convencionais e o terror e comunicação social constituem uma mistura explosiva que cria as condições favoráveis a grandes mudanças na política mundial e na própria realidade, constituindo-se como um verdadeiro sistema de controlo de processos à escala global.
Esta é uma tese do general russo Leonid Ivashov que era o chefe do estado-maior do exército do seu país no dia 11 de Setembro de 2001, quando os EUA tinham para esse dia anunciado manobras militares aéreas.
Segundo este politólogo, o terrorismo não constitui um sujeito em si mesmo mas um meio de instaurar uma única ordem mundial que elimine as fronteiras e garanta o domínio de uma nova elite mundial.
Para ele, da análise destes acontecimentos de há oito anos pode concluir-se que estes atentados modificaram, o curso da história mundial e enterraram a ordem mundial saída dos acordos de Ialta e Potsdam e libertaram as mãos dos EUA, da Grã-Bretanha e de Israel permitindo-lhes conduzir acções contra outros países, violando regras da ONU e acordos internacionais. Mas também estimularam o alargamento do terrorismo internacional, que se apresenta como instrumento radical de resistência, de combate à mundialização, de separatismo e como forma de resolver conflitos entre nações, entre etnias e entre religiões. E protegeram, desestabilizando-as, as zonas de passagem do narcotráfico.
Na generalidade destas situações, os actos terroristas, excepção feita às lutas de libertação nacional, são actos provocatórios que dão cobertura a decisões de alcance geoestratégico por parte das potências ocidentais. É significativo que, no início deste ano o Congresso dos EUA tenha aprovado que é objectivo da politica de Washington “garantir o acesso às regiões-chave do mundo, às comunicações estratégicas e aos recursos mundiais"...

E os EUA garantirão para o efeito substâncias nocivas e armas de destruição maciça, sem escrúpulos nos tipos de armas que “respondam” aos ataques terroristas.
As provocações terroristas vêem da antiguidade e, mais recentemente, também estiveram na origem da 1ª e 2ª guerras mundiais.
As operações “de resposta” são preparadas, paralelamente à montagem das provocações com que se procuram justificar, e servem para os autores de ambas, resolverem simultaneamente algumas das suas necessidades, como aconteceu no 11 de Setembro.
A oligarquia financeira mundial e os EUA obtiveram o “direito” informal de recorrer à força contra qualquer estado. O papel do Conselho de Segurança foi desvalorizado e passou a fazer figura de organismo criminoso cúmplice dos agressores e aliados de uma nova ditadura fascista mundial a sair da “nova ordem” em construção. E os EUA consolidaram o seu monopólio mundial, obtendo acesso a todas as regiões do mundo e aos respectivos recursos.
A crise financeira internacional que gerou no seu bojo, dificultou este processo, reanimou esforços para a multilateralidade de apoio regional, fez renascer a necessidade de uma nova moeda mundial, mas ela própria, é aproveitada pela elite dirigente para aprofundar esses processos.

Hoje, só nos EUA não é significativamente contestada a tese do 11 de Setembro ser uma altíssima provocação para que os EUA abrissem um novo curso da história. Em todo o lado a hipótese da provocação é discutida e entendida nas suas motivações.
A Al-Qaeda não dispunha dos recursos financeiros, operacionais e logísticos, de redes e sistemas de informação. Poderão ter forneci do os executantes mas tão só. Porque para o resto não dispunham de envergadura. Para o resto só a partir do próprio estado norte-americano havia condições, bem mais complexas.
Uma série de factos que têm vindo a ser revelados, as mentiras, imprecisões e interrogações suscitadas pelos relatórios oficiais sobre o atentado a contra o Word Trade Center e o Pentágono, justificam que não estamos perante um melodrama de cordel de uma teoriazinha da conspiração mas face a uma complexa e desumana operação interna contra os seus próprios cidadãos em prol da expansão do império e de uma nova ordem mundial.

Então até já...


A ausência até 2ª feira da vossa companhia fica a dever-se à dificuldade de obtenção de rede compensada pela beleza e a meditação num refúgio na região de Lafões. Até breve.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Frase de fim-de-semana, por Jorge


“Até no trono mais alto do mundo, só estamos sentados no nosso próprio cú”


Montaigne ("Éssais", Livro III, cap.13)

Novas provocações em Urumqi na China

Depois do massacre de chineses han em Junho nesta cidade, que é a capital da região autónoma de Xinjiang, nos últimos dias centenas de pessoas de diferentes etnias (não apenas han) foram atacadas por indivíduos que as feriram com seringas que os han, disso vítimas, atribuem aos uighurs.
Os autores do massacre de Junho eram activistas uighurs, instrumentalizados pelo Congresso Mundial Uighur que, desde 2006, com a nova presidente Rebiya Kadeer, acentuou as tentativas separatistas, entrando em actos teroristas.

O governo chinês tem tratado esta questão com pinças, , para não permitir que as acções/reacções assumam um carácter de conflito inter-étnico, desejado pelos terroristas.
As reacções dos han às provocações têm vindo a aumentar e a invocada falta de reacção atempada da milícia local aos atacantes com seringas levou à realização de manifestações de rua em defesa da China e contra os uighurs (ver foto) e contra as autoridades e o responsável do PC chinês na região atribuindo-lhes "mão branda" com os uighurs.

Isso levou a que nos últimos dias o governo regional declarasse uma série de restrições à vida normal para conter a conflituosidade latente. E os próprios habitantes se fecham, em casa com medo de novos tumultos. As escolas foram fechadas, há comércio a limitar horários face aos medos com ataques com seringas, as famílias adquirem reservas alimentares.

Como referi atrás, o Congresso Mundial Uighur é dirigido por uma milionária desta etnia, Rebiya Kadeer, que desempenhou funções de responsabilidade na região autónoma, onde era a maior milionária local. A venda de informações sobre a vida económica a círculos norte americanos e uma fuga brutal ao fisco levou-a a fugir para os EUA onde acentuou este radicalismo da organização.
O CMU é financiado por instituições privadas americanas e por milionários uighurs na diáspora. Porém o seu apoio principal são os mais de 200 mil dólares anuais que recebe do National Endowment for Democracy, uma suposta fundação independente mas que vive à custa de subsídios do Congresso Americano. Esse é um dos meios pelos quais a administração americana paga a um conjunto de grupos provocatórios para desencadearem acções independentistas, de "respeito pelos direitos humanos", e para "promoverem a democracia".

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Passam hoje 40 anos sobre a morte de Ho Chi Minh


O século XX, para além da pujança do desenvolvimento desigual e das conquistas da ciência e da técnica, trouxe a descolonização generalizada em colónias de países europeus.
Entre as figuras heróicas que marcaram a gesta nacional-libertadora destaca-se Ho Chi Minh, o pseudónimo mais famoso (trad: aquele que traz a verdade) dos muitos que foram usados clandestinamente pelo comunista Nguyen Sin Kung. Com 21 anos e como cozinheiro de um navio francês conheceu praticamente todo o mundo. Em 1920 ajuda a formar o Partido Comunista Francês. Passa pelo Comintern, em Moscovo, em 1923, pela China de onde é expulso em 1927, em Hong-Kong dirige o movimento anti-imperialista na Indochina contra a França.
A guerra da libertação tem um ponto final na batalha de Dien Bien Phu em 1954.
Durante a II Guerra dirige a guerrilha anti-japonesa. Em 1941 funda o Vietminh (Liga pela Independência) e no fim dessa luta funda o Vietname do Norte. A França não o tolerou e conduziu uma guerra que viria a perder em 1954.
O país é então dividido em dois.
Com apoio do Norte, no Vietname do Sul é criada a Frente Nacional de Libertação do Vietname do Sul (Vietcong) que conduz a guerra de libertação contra o regime fantoche de Saigão apoiado pelos EUA, durante 15 anos e que termina com a conquista do palácio do governo de Saigão em Abril de 1975, com os norte-americanos em fuga.
Ho Chi Minh não viveu esse dia. Mas é ele o pai da pátria. Também chamado de Avô do Vietname. Ou mais carinhosamente por Tio Ho.
Este é o ano do seu 119º aniversário. O jornal Nhan Dan de hoje dá conta das cerimónias.

Censura e demissões na TVI

O cancelamento pela administração da TVI do regresso do jornal nacional de 6ª feira, que apresentava um trabalho de investigação da equipa de Manuela Moura Guedes sobre o caso Freeport, provocou a apresentação da demissão em bloco da equipa da Direcção da Informação e das chefias de redacção daquela estação.
Trata-se, sem duvida, de um caso grave que vai fazer desviar as atenções do debate eleitoral, polarizando-o ainda mais numa das questões centrais do país e dos portugueses: a interferência do poder económico na liberdade de informação. Estamos convictos, porém, que, para além deste caso, não deixarão os intervenientes no processo eleitoral de apresentar propostas para essas questões no seu conjunto porque, por muito mansos que sejam os olhos cujas bocas nos dizem o contrário, a crise económica e social vai-se aprofundar e o país já não quer mais do mesmo.

A crise energética e o desrespeito pela entropia


John Michael Greer, apresenta no seu blog uma reflexão sobre esta crise e a chamada segunda lei da termodinâmica.
O crescimento capitalista impediu que os avanços teóricos e a formulação de leis observáveis na relação do homem com a natureza tivessem consequências nas consciências para além das aplicações técnicas imediatas.
O autor é um historiador de idéias, hermeticista e druída que reside em Ashland no estado norte-americano de Oregon.
Aconselhamos o contacto com o seu trabalho e a leitura integral deste texto, mas deixamos algumas passagens.

A consequência fundamental da lei da entropia, para aquilo de que estamos a falar, é que não é a energia como tal, mas sim a diferença de energia potencial , que permite realizar trabalho. Imagine duas rochas arredondadas de igual peso, uma delas assente num planalto liso e a outra assente na inclinação de uma colina abrupta. Se as duas estão à mesma distância do centro da Terra, a gravidade confere-lhes exactamente a mesma energia potencial. Mas, se empurrar a do planalto não é provável que vá além do retesar dos seus músculos, ao passo que se der um empurrão igual àquela que está no plano inclinado, poderá pô-la a rolar colina abaixo, esmagando tudo que encontre no seu caminho (…).
Com o tempo que a luz solar demora para chegar até nós, depois de atravessar 150 milhões de quilómetros de espaço vazio, ela não é simplesmente aquela fonte concentrada de energia. Eis porque levou muitos milhões de anos aos organismos de fotossíntese da Terra a acumular as reservas de energia que nós agora dissipamos tão livremente. O vento e a energia hidroeléctrica são ambos luz solar em segunda mão, o produto de ciclos naturais orientados pelo sol e o mesmo é também naturalmente verdade para todos os tipos de bio-combustíveis, A energia nuclear é um recurso de energia não solar que adquirimos, mas ela tem problemas e limitações severos por si própria, nem que seja pelo facto de que os inputs de combustível fóssil que precisamos para construir, operar e desactivar um reactor nuclear são tão elevados que há um problema real de saber se é uma fonte líquida de energia afinal de contas. (Naturalmente que quanto mais a promoção de uma tecnologia nuclear está longe da implementação real, melhor parece, pode-se perguntar se não será promessa de um optimismo infundado).
Mas, será que isto significa que a aposta nas energias alternativas é um desperdício de tempo? Naturalmente que não. Por muito modesta que seja a produção de fontes alternativas, elas são o que temos para trabalhar quando os combustíveis fósseis desaparecerem. O que isto significa, pelo contrário, é que o tipo de civilização que construímos nos últimos três séculos não sobreviverá ao fim dos combustíveis fósseis baratos e abundantes. Uma sociedade que está habituada a ter as coisas feitas por rochas enormes a rolarem colina abaixo está em vias de ter de aprender a contentar-se com os muito menos pródigos resultados do lançamento de calhaus.O problema aqui é que muito poucas pessoas querem lidar com esta realidade. A grande maioria fará por acreditar no ponto zero de energia e em diabólicas lagartixas do espaço e quaisquer outros absurdos que se possam referir, em vez de engolir em seco, respirar profundamente e admitir que a prosperidade que desfrutámos durante os últimos três séculos foi comprada em prejuízo dos nossos netos. Por vezes suspeito que uma das razões porque tantas pessoas gostam de imaginar um fim apocalíptico para a era industrial é que a extinção súbita é mais fácil de contemplar do que a experiência de vagarosamente despertar para a plena extensão da nossa própria estupidez colectiva.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"Mãe Rússia", evocando a batalha de Estalinegrado


Nos 70 anos da invasão nazi da Polónia (actualizado)

Passam hoje 70 anos sobre o bombardeamento de uma base polaca, perto de Gdansk pelo cruzador alemão Schleswig-Holstein.
Este ataque, sem qualquer aviso prévio, desencadeou a 2ª guerra mundial onde morreram mais de 70 milhões de pessoas.
Os governos dos EUA, da Inglaterra e da França financiaram desde muito cedo o armamento alemão na expectativa de que este contribuísse para conter e aniquilar os movimentos comunistas que se desenvolveram na Europa depois da Revolução Russa.
Em dez anos, estes governos e outros seus aliados concederam à Alemanha créditos de 27 mil milhões de marcos com esse objectivo, sendo que 70% dessa verba foi garantida pelos EUA.
Quando da invasão da Checoslováquia pelos nazis, no ano anterior ao início da guerra, o governo polaco ocupou parte dela. O governo polaco trabalhava com Hitler na perspectiva de, a partir de insurreições que os seus serviços secretos garantiriam entre diferentes etnias da Rússia, desintegrá-la e facilitar o objectivo de Hitler antes da invasão da URSS, que se viria a verificar 2 anos depois.
Passados estes 70 anos, como já aqui referimos há dias, tem estado em curso um movimento de comentadores e tentativas institucionais, como na OSCE, de minimizar o papel da URSS na derrota dos alemães, de tentar associar o Tratado de Não-Agressão entre a URSS e a Alemanha nazi a um tratado de partilha da Polónia, de atribuir intenções premeditadamente criminosas às tropas russas no combate contra os nazis ou em actos inaceitáveis que todos os outros grandes protagonistas deste conflito cometeram, de fazer equivaler nazismo e comunismo.
Mas esquecem-se que muitos outros países, particularmente a Inglaterra fizeram tais tratados com a Alemanha. Que neste caso a intenção era atirar os nazis em exclusivo contra a URSS, é matéria que muitos historiadores já abordaram. E que o tratado com a URSS foi a forma de atrasar a invasão pelos nazis para que a URSS, sem os generosos créditos ocidentais concedidos aos nazis, se dedicasse a uma autêntica economia de guerra para os poder vencer.
Esquecem que a página que virou a guerra foi a derrota de Estalinegrado que fez acelerar o desembarque aliado, que muito tardou, na Normandia.
Porque, até aí, persistiam esperanças em alguns governos de que Hitler levaria de vencida os soviéticos, antes dos EUA se decidirem pela derradeira batalha, o que lhes traria ganhos políticos consideráveis e mais uma Rússia destruída para lhe alargar as hipotecas de reconstrução que alargaria o domínio dos EUA a outras zonas para além da Europa Ocidental e o Japão
Ignorar outros factos, além destes, não permite ter o quadro total de conhecimento que permitana entender melhor a origem de algumas opções soviéticas.
É o caso de nos estados bálticos (Letónia, Estónia e Lituânia), pnde, com apoio dos respectivos governos, se alistaram no exército nazi ou nas SS, 285 mil cidadãos desses países. Ou da Holanda e Noruega onde se alistaram 26 mil. Ou na Geórgia, Azerbeijão, Daguestão, Chechénia, Crimeia, Arménia e na Bósnia onde se alistaram 156 mil. Ou ainda o caso de alguns dos estados do leste europeu que tinham regimes nazis e aliados do Reich como a Hungria, a Eslováquia, a Croácia, a Bulgária e a Roménia.
É neste quadro, para além do apoio em equipamentos, metais, combustível, que grandes empresas americanas forneceram ao Reich - e que levou depois da guerra a indignada Eleanor Roosevelt a defender que fossem fechadas as empresas colaboracionistas como a IBM (que iniciou os programas computorizados em cartões perfurados com as liquidações sistemáticas de seres humanos no holocausto...) - que se tem que compreender o papel da URSS.
É por isso normal até que Churchill, o autor posterior do conceito de "cortina de ferro" que esteve associado à "guerra fria", tenha valorizar o papel insubstituível que a URSS teve na conquista da liberdade na Europa ocupada.

A ida de Putin hoje à celebração de Gdansk é passo importante para deter este revisionismo histórico, apesar de ter questionado a "moralidade" do pacto Ribbentrop/ Molotov, e para desenvolver a cooperação nos países do leste europeu que, de novo, estão a ser aproveitados para combater a Rússia.
O carácter do gasoduto do russo-alemão do Báltico (Nordstream) no quadro da necessidade de diversificar o transporte de gás da Rússia para a Europa, as compensações à Polónia pelo gás deixado de receber devido às manobras do presidente ucraniano e a construção pela Rússia, de um gasoduto na Polónia, a ser detido a50% por ambas as partes, e a homenagem aos polacos civis e resistentes, vítimas dos nazis , foram gestos importantes desta visita.
Numa visita onde não faltou a crispação pela interpretação diferente de factos históricos como os massacres de Katyin, Putin reagiu dizendo que a Rússia se comprometia a abrir os seus arquivos da época se a Polónia fizesse o mesmo, o que foi aceite.