quarta-feira, 30 de julho de 2014

Frase de fim-de-semana, por Jorge

It is well enough that people of the nation 
do not understand our banking and 
monetary system, for if they did,
 I believe there would be a revolution 
before tomorrow morning."
"É bastante bom que os cidadãos não percebam
 o nosso sistema bancário e monetário,
porque se o percebessem creio que
haveria na manhã seguinte uma revolução."

Atribuída a Henry Ford
Industrial americano, simpatizante nazi
e por eles agraciado, 1863-1947

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Concursos televisivos rendem milhões

Posted: 17 Jul 2014 por Octopus

A alienante programação televisível é prenchida à noite por telenovelas e durante o dias por enfadonhos concursos televisivos que no entanto são altamente rentáveis.

A Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC) apresentou uma queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e à Provedoria da Justiça contra o "assédio" e "abusos" de concursos televisivos da RTP, SIC e TVI.
 Os telespetadores são "sucessivamente massacrados, ao longo do dia, com mensagens a apelar à participação em concursos" televisivos, através de chamadas de valor acrescentado, fazendo-os acreditar que se estão a candidatar "a um prémio monetário elevado", criticou Mário Frota, presidente da APDC.
Para Mário Frota, esta prática constitui "assédio", sendo entendido como "uma prática comercial agressiva", considerando-a "absolutamente ilegal". 
As chamadas de valor acrescentado são um grande negócio para os canais de televisão, para a PT, Finanças e para os bancos. Todos ganham. Os canais de televisão e a PT ganham uma percentagem das chamadas, as Finanças ganham o IVA e os bancos ganham uma taxa por cada transação que o vencedor efectua com o cartão de crédito que ganha.
Por lei, não há dinheiro nenhum em jogo, o que há é um cartão de crédito de um banco para o vencedor com o valor anunciado que só lhe permite pagar despesas durante um determinado período de tempo, pagando uma taxa elevada por cada despesa paga. Se o prazo expirar perde o saldo que lhe restar. 
Há programas cuja existência se deve apenas ao concurso, onde os apresentadores conseguem estar quarenta e cinco minutos a falar de nada, a aliciarem constantemente quem os está a ver.

Em 2013, só a SIC e a TVI ganharam mais de 70 milhões de euros com estes concursos.

 
Woody Allen, disse a propósito da Califórnia, que não se deita fora o lixo: "Eles reciclam-no sob a forma de programas de televisão". Este conceito infelizmente aplica-se também na Europa e particularmente em Portugal.

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Il n'est pas de plus grande folie 
que de ne pas en avoir."
"Não há maior loucura 
do que não ter nenhuma"

Émile Zola (escritor francês, 1840-1902)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Crimes e mais crimes de Israel...Basta!

Ontem foram mais quatro crianças mortas quande se banhavam numa praia

Controlo público do BES: um imperativo inadiável!

Há que dar atenção às empresas do Grupo Espírito Santo, assim como  o eventual envolvimento de alguns administradores deste grupo em casos de fraude e branqueamento de capitais. A preocupação com a possibilidade de um risco sistémico associado a este Grupo já está a ter consequência nas cotações em bolsa das maiores empresas portuguesas. A CMVM suspendeu  a negociação das ações do BES, depois de estas se terem afundado 17%. As incertezas já se estão também a refletir nos juros da dívida pública, que estão a subir em todos os prazos. Ou seja, a possibilidade de estarmos perante um novo BPN vai ganhando consistência.
Perante isto, pergunta-se: o que é que o Governo está a fazer? 
Vai continuar a assistir sem intervir? 
Vai deixar que a situação se deteriore para depois nacionalizar os prejuízos como fez o anterior Governo com o BPN? 

Não. Até agora só foi mudada a administração executiva mas isso não sossega os investidores. As acções do BES continuam a descer.

Exige-se da parte do Governo e do Banco de Portugal uma intervenção rigorosa e transparente que salvaguarde o interesse nacional e apure a real situação do Grupo e do Banco Espírito Santo, e não uma atitude de silêncio e cumplicidade determinada pela subordinação ao poder financeiro. 
O Grupo BES está insolvente e vai derrocar.
A atenção deve estar, sim centrada no Banco.
O Estado português deve intervir para evitar a contaminação de todo o sistema bancário português, não utilizando empréstimos europeus disponibilizados para apoio aos bancos, mas assumindo-se como o maior accionista do BES, se os accionistas não aumentarem o capital, acabando com uma exposição que é de milhares de milhões de euros.
Uma intervenção que determine o controlo público da atividade do Banco e recuse a possibilidade de se vir a repetir uma situação semelhante à do BPN em que os portugueses sejam chamados, mais uma vez, a pagar os desmandos da banca privada.
A perda de confiança no sitema bancário português prosseguirá e terá consequências desastrosas para o sistema, para a economia e para as pessoas. 
Esta perda de confiança só poderá ser detida pela intervenção directa e já!



Fim ao massacre dos palestinianos, incluindo já tantas crianças!

(...)
Pienso en ustedes, judíos de Jerusalem y Jericó,pienso en ustedes, hombres de la tierra de Sión,
que estupefactos, desnudos, ateridos,cantaron la hatikvah en las cámaras de gas;
pienso en ustedes y en vuestro largo y doloroso camino desde las colinas de Judea
hasta los campos de concentración del III Reich.
Pienso en ustedes....y no acierto a comprender cómo olvidaron tan pronto
el vaho del infierno

Auschwitz-Cracovia,1979 - Luis Rogelio Nogueras

Sílvio Rodrigues recita o poema de Luis Rogelio Nogueras e interpreta, a canção "Sinuhé" de sua autoría, em que denuncia a barbaridade da guerra,

Esta canção volta a ser actual, infelizmente. 
A paz será o fim da guerra e a aceitação dos direitos palestinianos

terça-feira, 15 de julho de 2014

BRICS lançam-se na criação de uma arquitectura de tipo novo "Crescimento inclusivo, soluções sustentáveis"

No dia a seguir à  Copa do Mundo no Brasil, teve início a 6ª Cimeira do BRICS (sigla do grupo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Fortaleza e Brasília foram as cidades anfitriãs do encontro,  realizado em 14, 15 e 16 de Julho, para assentar, finalmente, uma arquitectura financeira de novo tipo, com o slogan: “Crescimento inclusivo e soluções sustentáveis.
Ariel Noyola Rodriguez,  do Observatório Económico da América Latina do Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade Nacional Autônoma do México salienta que esta é uma maneira diversa das iniciativas de regionalização financeira asiática e sul-americana, os BRICS, ao não comporem um espaço geográfico comum, ao mesmo tempo em que estão menos sujeitos a sofrer simultâneamente as turbulências financeiras, incrementarem a efectividade dos seus nstrumentos defensivos.
Um fundo de estabilização monetária denominado Acordo de Reservas de Contingência (CRA, do inglês “Contingent Reserve Arrangement”) e um banco de desenvolvimento chamado Banco BRICS exercerão funções de mecanismo multilateral de apoio às balanças de pagamentos e fundo de financiamento ao investimento.
De facto, o BRICS distanciar-se-á do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, instituições edificadas há sete décadas, na órbita do Departamento do Tesouro norte-americano . No meio da crise, ambas as iniciativas abrem espaços de cooperação financeira frente à volatilidade do dólar e criam alternativas de financiamento para países em situação crítica, sem ter que se submeter às medidas de austeridade impostas através de programas de ajustamento estrutural e reconversão económica.

Como consequência da crescente desaceleração económica mundial, tornou-se mais complicado para os países do BRICS alcançar taxas de crescimento acima dos 5%. A queda sustentada do preço das matérias primas para uso industrial derivada da menor procura do continente asiático e o retorno de capitais de curto prazo para Wall Street tiveram impacto negativo sobre o comércio exterior e os tipos de câmbio.

À excepção da ligeira apreciação do yen chinês, as moedas dos países do BRICS perderam desde 8,8 (caso das rúpias indianas) a 16 (caso dos rands sul-africanos) pontos percentuais frente ao dólar entre maio de 2013 e Junho deste ano. Neste sentido, o CRA BRICS – dotado de um montante de  100 mil milhões  de dólares, anunciado em Março de 2013, com participação dada China em 41 mil mihões; do Brasil, Índia e Rússia, em  18 mil milhões cada um; e da África do Sul, com 5 mil milhões –  reduzirá substancialmente a volatilidade cambial sobre os fluxos de comércio e investimento entre os membros do bloco.





Os cépticos argumentam que o CRA terá importância secundária e exercerá apenas funções complementares às do FMI. Mas não têm em conta que, em contraste com a iniciativa Chiang Mai, por exemplo (integrada pela China, Japão, Coreia do Sul e 10 economias da Associação de Nações do Sudeste Asiático, Asean), o CRA BRICS poderá prescindir do aval do FMI para realizar os seus empréstimos, garantindo maior autonomia política frente a Washington. A guerra de divisas das economias centrais contra as economias da periferia capitalista exige a sua execução rápida.

Por outro lado, o Banco BRICS despertou muitas expectativas. O Banco, que iniciará operações com um capital de 50 mil milhões de dólares(com participações de  10 mil milhões e 40 mil milhões em garantias de cada um dos países), terá possibilidades para se ampliar em dois anos para 100 mil milhões e, em cinco anos, para 200 mil milhões. Também contará com a capacidade de financiamento de até 350 mil milhões para projectos de infraestruturas, educação, saúde, ciência e tecnologia, meio-ambiente, entre outros.

Ainda assim, para o caso da América do Sul, os efeitos em médio prazo apresentam um carácter dual. Nem tudo é tão atraente nos mercados de crédito. Por um lado, o Banco BRICS poderia contribuir para a redução dos custos de financiamento e fortalecer a função contra cíclica da Corporação Andina de Fomento (CAF), através do aumento de créditos em momentos de crise e, assim, descartar os empréstimos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Por outro lado, entretanto, disponibilizando crédito, o Banco do BRICS entrará em competição com outras entidades financeiras de influência considerável na região, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, do Brasil), a CAF e os bancos chineses com maior número de garantias (Banco de Desenvolvimento da China e Banco Exim da China). É inverossímil que as instituições financeiras mencionadas façam suas ofertas de crédito convergirem de modo complementar sem afectar as suas carteiras de credores.

Nos BRICS há diferentes opiniões, segundo A. N. Rodriguez. A elite chinesa pretendeu realizar a participação maioritária erente da proposta russa de estabelecer participações por aliquotas) e converter Xangai na sede do organismo (ao invés da opinião de Nova Deli, Moscovo ou Joanesburgo). No caso de os empréstimos do Banco BRICS se denominarem yenshinesa avançará em sua internacionalização e afiançará gradualmente a sua posição como meio de pagamento e moeda de reserva em detrimento de outras divisas. 

Para lá da consolidação de um mundo multipolar, o CRA e o Banco BRICS representam as sementes de uma arquitetura financeira que emerge em uma etapa da crise cheia de contradições, mas também caracterizada pela cooperação e pela rivalidade financeira.

É natural que a generalidade da mídia internacional e nacionailtenham silenciado este importante facto histórico do século XXI. O interesse jornalístico dos governos e patrões da mídia não passam por aqui.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Yan Shillin, escultor chinês (1969)

na Feira da Arte Contemporânea de Pequim

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"De tous ceux qui n'ont rien à dire, 
les plus agréables sont ceux qui se taisent."
"De todos os que não têm nada para dizer,
os mais agradáveis são aqueles que ficam calados"

Michel Gérard Joseph Colucci
conhecido por Coluche (comediante francês, 1944-1986)

Trabalhadores dizem não à política laboral do governo

Ontem no Largo do Corpo Santo a caminho de S.Bento

O governo deve contribuir para acabar com a agressão de Israel ao povo palestiniano


Com pretexto no rapto e morte de 3 jovens israelitas, que todas as organizações palestinianas repudiam, o governo de Israel desencadeou uma agressão na faixa de Gaza. 
Por bombardeamentos, mesmo em zonas civis, que já terão morto cerca de cem pessoas, muitos deles crianças e mulheres, a agressão pode  ser continuada numa invasão militar do território por centenas de tanques israelitas que, para o efeito, já estão concentrados nas fronteiras.
Há que deter a agressão.
O governo português, como tantos outros, tem-se calado perante mais este massacre contra o povo da Palestina ocupada. Cabe-nos a todos pressionar o governo para que tome posição contra os crimes de guerra de Israel e contra o terror imposto pelas forças de ocupação.

CONCENTRAÇÃO SEGUNDA-FEIRA 14 de Julho, ÀS 18 

HORAS

NO ROSSIO, EM LISBOA

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Russos em Bagdad, Obama com o terrorismo islâmico, Charles Hussain, em Beirute, pelos Repórteres Sem Fronteiras

Os sinais de que meios militares russos e iranianos estão a ser utilizados no apoio ao exército iraquiano para combater a ofensiva dos fundamentalistas do Exército Islâmico, que acaba de criar um “califado” nas regiões sob seu controlo, confirma que os Estados Unidos e Israel estão por detrás do processo do desmembramento do Iraque.



“Depois dos discursos iniciais de que tudo estava em aberto, o que se observa é uma complacência absoluta dos Estados Unidos perante o que aqueles a quem chama ‘os mais ferozes terroristas islâmicos’ fazem no Iraque”, afirma Husseini Farag, professor universitário em Beirute, embora com origem egípcia. “Isto só pode dizer uma coisa: cumplicidade”, denunciou.

Nos meios diplomáticos e militares de Beirute sucedem-se informações sobre o envio de pilotos russos para operar com aparelhos Sukhoi-25, SU-25, de ataque ao solo, que terão sido entregues no fim de Junho na base de Al-Muthanna, nos arredores de Bagdade. Pelo menos foi assim que o assunto foi apresentado na televisão iraquiana, ao mostrar os aparelhos supostamente enviados por Moscovo.
Não há no Iraque pilotos com capacidade para operar com os mais modernos aviões de guerra da série Sukhoi, admitindo-se que também pilotos e aviões iranianos deste tipo possam vir a ter utilizados.
Os objectivos destas movimentações é bombardear as regiões ocupadas militarmente pelo Exército Islâmico, grupo sunita que controla regiões do Nordeste da Síria e as áreas sunitas do Iraque e que declarou um “califado” onde exerce o seu domínio.


No início da ofensiva do então Exército Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) os Estados Unidos ameaçaram responder em defesa do governo iraquiano, de índole sobretudo xiita, mas a única das “opções em aberto” do presidente Obama que se cumpriu foi o envio de 800 marines para defender as instalações norte-americanas em Bagdade, que incluem a mais faraónica embaixada do mundo.


De acordo com informações que circulam em Beirute, os pilotos russos não participarão em combates, terão como missão treinar militares iraquianos para utilizar os citados aviões.


A Arábia Saudita vê-se  agora “entre dois fogos”, comenta um diplomata francês em Beirute, que pediu o anonimato. “São conhecidos os atritos entre Washington e Riade porque a monarquia saudita não confia no modo como o Pentágono vem controlando o Exército Islâmico”, afirma. “É um facto que a Arábia Saudita não está contra um desmantelamento do Iraque desde que isso não lhe provoque problemas internos. Agora com os russos e os arqui-inimigos iranianos apoiando o governo de Bagdade, os sauditas estão verdadeiramente intranquilos”, revelou o diplomata francês. 
As autoridades sauditas terão feito sentir a sua insatisfação ao ministro russo Seguei Lavrov, que esteve recentemente em Riade, mas este, segundo se diz na capital libanesa, terá ripostado que para evitar situações como aquela que existe no Iraque teria sido melhor não encorajar o terrorismo islâmico a instaurar a guerra civil na Síria.

Os museus e o património cultural não estão à venda! Concentração em frente à Fábrica do Inglês, em Silves  18 de Julho de 2014, pelas 11 horas




Está em curso o processo de desmantelamento para venda dos equipamentos da
chamada “Fábrica do Inglês”, em Silves. Neste espaço, classificado como “património
de interesse municipal”, está sedeado o Museu da Cortiça, considerado em 2001 como
“Melhor Museu Europeu” na categoria de património industrial.


Os novos proprietários do edifício da Fábrica do Inglês (a Caixa Geral de Depósitos) e
do espólio do Museu da Cortiça (o Grupo Nogueira) são fiéis depositários de um
património de contornos únicos e de grande significado histórico/cultural em Portugal,
mas também afetivo, para a própria cidade de Silves.
As condições de conservação do edifício, fechado há vários anos, e agora ainda mais
degradado pela remoção sem precauções de equipamentos leiloados, assim como do
espaço onde se conserva a coleção museal, obrigam, por razões de interesse público,
ao rápido esclarecimento por parte dos novos proprietários do destino que pretendem
dar a estes valores culturais.
A cidade de Silves quer saber, o país quer saber, todos aqueles que se preocupam com
a herança histórica e cultural guardada pelos nossos museus querem saber.
A Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (APAI), com o apoio das Comissões
Nacionais Portuguesas do ICOMOS e do ICOM, vêm convocar todos os cidadãos que
prezam a memória e a decência para uma concentração de informação e repúdio a ter
lugar no dia 18 de Julho de 2014, pelas 11 horas, junto à entrada principal da Fábrica
do Inglês, em Silves.
Na ocasião será lida a moção aprovada durante a Jornada de Arqueologia Industrial
recentemente realizada no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, a qual se
constituirá em petição em defesa dos valores patrimoniais e museológicos em causa.
É tempo para dizer “basta!”. A nossa memória não está a venda

Mais uma vez posto em causa o dólar como moeda única nos pagamentos internacionais

Segundo o jornalista Michael Stothard, do Finantial Times, no passado dia 7, o banco francês BNP Paribas comprou páginas de publicidade na imprensa norte-americana para apresentar "desculpas" e assumir responsabilidades, depois de ter sido multado pelas autoridades dos EUA em 8,9 mil milhões de dólares (67,5 mil milhões de euros) por ter ajudado países como Cuba, o Irão e o Sudão defenderem-se dos embargos impostos pelos EUA. Entre a publicidade comprada estão páginas inteiras no The New York Times e Wall Street Journal. "Esta semana, o BNP Paribas chegou a acordo com as autoridades norte-americanas relativamente a transacções com países que estão submetidas a sanções pelos EUA", escreveu o director-geral, Jean-Laurent Bonnafé. "Sempre procurámos manter um nível elevado em termos de comportamento, o que não conseguimos. Lamentamos profundamente", acrescentou Bonnafé. De forma subserviente o director geral declarou que "Os erros que vieram a público nunca deveriam ter ocorrido no BNP Paribas". O banqueiro disse ainda que o banco "tinha tirado as lições" e que "as pessoas envolvidas foram punidas ou saíram do grupo".

Segundo Stothard, esta questão suscitou  que os meios políticos e empresariais  da França  se insurgissem contra a hegemonia do dólar nas transações internacionais. 
Michel Sapin, o ministro das Finanças francês, apelou  para um "reequilíbrio" das moedas utilizadas nos pagamentos globais, dizendo que o caso BNP Paribas "nos deve fazer perceber a necessidade de usar uma diversidade de moedas."
Em entrevista ao Financial Times, à margem de uma conferência de economia do fim de semana "Eu acho que um reequilíbrio é possível, e necessário, não apenas com o euro mas também com as grandes moedas dos países emergentes" que são cada vez mais responsáveis pelo comércio global. "
Christophe de Margerie, presidente-executivo da Total, maior empresa da França, por capitalização do mercado, disse que não via nenhuma razão para o petróleo  ser comprado em dólares,  mesmo que o preço de referência em dólares permaneça..
"O preço do barril de petróleo é cotado em dólares", disse. "Uma refinaria pode aplicar esse preço e utilizando a taxa de câmbio euro-dólar num determinado dia, e acordar fazer o pagamento em euros."
Um dirigente executivo de um grupo industrial, o CAC 40, disse que apoiou a iniciativ do Sr. Sapin.
"Empresas como as nossas estão num beco sem saída porque nós vendemos um lote em dólares mas podemos não querer estar sujeitos a todas as regras e regulamentos dos Estados Unidos", disse.
O alvoroço sobre a multa ao BNP quebrou o ambiente normalmente calmo das conferências de economistas em Aix-en-Provence. E sublinhou  um novo ponto de atrito nas relações transatlânticas.
Os meios oficiais  franceses vieram dar um forte apoio ao maior banco do país, o BNP, argumentando que ele não tinha quebrado as regras europeias, o que levou a um debate sobre ter sido vítima de decisões judiciais  dos EUA que pretendem aplicar-se a outros países.
Sr. Sapin disse que iria levantar a necessidade de uma alternativa mais forte para o dólar com outros ministros das Finanças da zona do euro, quando se reunirem em Bruxelas na próxima segunda-feira, recusando-se antes disso a entrar em detalhes sobre que passos práticos podem surgir.
Mais da metade dos empréstimos transfronteiriços e depósitos são transacionados em dólares (num estudo recente, o dólar era utilizado em 87 por cento de todas as relações comerciais). Apesar dos esforços para diversificar as moedas, muitos bancos centrais dizem que eles ainda não vêem outra alternativa real para a segurança e a liquidez do mercado de Tesouro dos EUA, e detêm mais de 60 por cento de suas reservas em dólares.
Um alto funcionário francês lançou dúvidas sobre a capacidade do governo para estimular a continuação da utilização do euro no comércio internacional: "No fim das contas, é difícil saber o que pode realmente fazer. O mercado realmente decide essas coisas. "
O Sr. Sapin no domingo reiterou comentários feitos na semana passada que o governo francês estava disposto a vender alguns dos € 100 mil milhões de participações empresariais, exercendo mais uma "gestão activa" sustentada.
Não quis comentar sobre a escala ou ritmo do objectivo de vendas, mas disse que o dinheiro será usado "para reduzir a dívida, para ajudar a financiar a nossa economia, a transição na política da energia e na habitação."


Estes debates e comentários em França reflectem contradições capitalistas que, em si mesmo, não devem ser saudadas, a não ser nos reflexos positivos que um mundo mais multipolar possa ter na contenção do domínio do imperialismo norte-americano.
Para não falar já do papel do euro, que não é uma moeda nacional mas um projecto de federalização de economias e de globalização financeira de dimensão  continental em que   alguns dos países dominam os restantes, amarrando-os a uma moeda e legislação que lhes retira a soberania para decidir, por si próprios, de acordo com os interesses dos respectivos povos e economias.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Despesas militares mundiais. Para onde caminhamos?

Segundo o SIPRI (Stokholm International Peace Research Institute) a  despesa militar mundial em 2013 apresenta como algumas das tendências verificadas
Países com maior despesa 

Os 15 estados com maior despesa
Países que duplicaram a despesa militar entre 2004 e 2013
 Este último quadro, por si só, é esclarecedor sobre as zonas do mundo onde se esperam guerras de agressão.
www.sipri.org

sábado, 5 de julho de 2014

Vejamos como vamos de salários mínimos na UE


Não o demite?, por Carlos Carvalhas


Segundo o BANCO DE PORTUGAL,

“A situação de solvabilidade do BES é sólida, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital. O Banco de Portugal tem vindo a adotar um conjunto de ações de supervisão, traduzidas em determinações específicas dirigidas à ESFG e ao BES, para evitar riscos de contágio ao banco resultantes do ramo não-financeiro do GES”, diz o Banco de Portugal em respostas a pedidos de esclarecimento da comunicação social.
A instituição liderada por Carlos Costa sublinha que só tem responsabilidade de supervisionar a parte financeira do grupo – o EFSG e o BES -, mas que as restantes “não se encontram sujeitas à supervisão do Banco de Portugal, dado que não integram o perímetro prudencial do grupo bancário sujeito à supervisão do Banco de Portugal (ao nível da ESFG) e na medida em que não são consideradas empresas-mãe ou filiais de instituição de crédito, nos termos do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras”.
No entanto, garante o banco central, as operações realizadas entre o banco e as outras entidades do grupo “estão sujeitas ao cumprimento de limites máximos de concentração de riscos”, o que quer dizer que o Banco de Portugal está a acompanhar “o cumprimento desses limites e os impactos das operações na situação patrimonial e prudencial das instituições de crédito ou do grupo bancário”.
Perguntas ingénuas ao "ingénuo " Governador do B.P :
1-No ultimo " stress teste" feito ao BES e  ainda antes "das determinações específicas… para evitar riscos de contagio ao banco resultantes do ramo não financeiro "não foi reiterado pelo BP e seu governador que não havia problemas neste banco? Que credibilidade têm os stress Testes e as garantias dadas também agora pelo B. P. ?
2- Que determinações são essas para evitar o contágio do ramo não financeiro ao BES ? Não nos querem explicar que medidas foram tomadas e qual o seu alcance ? Será que são medidas do tipo do insolvente que para não perder o património se divorcia e passa os bens  mais valiosos para mulher sobrinhos afilhados ou para qualquer primo taxista na suíça ? Isto é são medidas que safam o BES e tramam os credores do ramo não financeiro como a Caixa Geral de Depósitos e mais tarde os contribuintes….E em relação à Caixa como se justifica tal volume de crédito a empresas de banco concorrente ? A Caixa e em particular o crédito não estão nas mãos do CDS e do PSD ?
3- Diz o "ingénuo" Governador que só tem responsabilidades de supervisão em relação á parte financeira do grupo ! …acrescentando um "no entanto" :"as operações realizadas entre o banco e as outras entidades do grupo “estão sujeitas ao cumprimento de limites máximos de concentração de riscos "  Mas depois do que há muito se sabe em relação às negociatas  do BES e EFSG como se justifica uma concepção tão restritiva do perímetro prudencial ?
4- Quando Salgado se esqueceu de declarar no IRS  pela terceira vez pequeninas somas que tinha no estrangeiro , o Governador chamou-o para opinião pública ver , mas continuou a considerá-lo idóneo para continuar como banqueiro…e  quando foi descoberto o também pequenino prejuízo , a tal "enfermidade" do contabilista ,  como lhe chamou Salgado , o governador continuou a considerar este senhor  como idóneo para ser banqueiro. Fantástico . Como prémio merece ir para o BCE tal como o Vítor Constâncio!…
5- Ultimas perguntas: o Governador do Banco de Portugal tem a função de regulador ou de Presidente da Associação portuguesa de bancos ? Não se demite ? Ninguém o demite ? 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

"O verdadeiro objectivo dos 'planos de resgate' foi salvar os bancos", por Harald Schumann

Há uma semana, na conferência de imprensa de rotina do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes, o ministro da Presidência, foi interpelado, em inglês, por um jornalista que se queixava do silêncio do Governo português perante as suas perguntas. A imagem passou nas televisões. Harald Schumann, editor do diário berlinense Tagesspiegel, e autor do livro A Armadilha da Globalização esteve em Portugal a filmar um documentário para o canal Arte, sobre o efeito da troika nos países intervencionados.
É o seu segundo documentário depois da crise financeira. O primeiro chamou-se “Quando a Europa salva os bancos quem paga?”. Vista por seis milhões de europeus, esta investigação de Schumann pode ter causado má impressão nos governantes portugueses. Foi, pelo menos, isso que lhe disseram, para justificar o silêncio de Carlos Moedas, Maria Luís Albuquerque e Pedro Mota Soares…
O que se passou na conferência de imprensa?
Nós estávamos há várias semanas a pedir entrevistas à ministra das Finanças e ao ministro do Emprego, e também ao coordenador do programa de ajustamento, o secretário de Estado Carlos Moedas. Mas os nossos pedidos ou eram adiados ou nem sequer recebiam resposta. Quando a equipa de filmagens chegou e iniciámos a rodagem, na semana passada, foi-nos transmitido, por porta-vozes, que os ministros e o secretário de Estado não queriam ser entrevistados para o documentário. Por isso perguntei ao ministro Marques Guedes a que se devia esta recusa peremptória de colaborar com um filme que será difundido em, pelo menos, seis países europeus. O senhor Guedes apenas disse que não lhe cabia comentar as recusas dos colegas e que devíamos continuar a tentar.
E que razões vos deram para manter a recusa?
Oficialmente, disseram-nos que os governantes não queriam participar num documentário que só será exibido em Janeiro próximo e que, até lá, muitas coisas poderiam acontecer, tornando os seus depoimentos desactualizados. Como o que queríamos deles era uma avaliação do que aconteceu ao longo do programa de ajustamento, creio que estas razões não são credíveis. Nos bastidores, mais tarde, fomos informados de que a minha “má reputação” teria sido a razão fundamental para que recusassem qualquer entrevista.
Como é que interpreta isso?
Bom, só pode querer dizer que o facto de eu ser conhecido como um jornalista crítico, independente, me causou má reputação neste Governo. Infelizmente, isso confirma o problema básico de toda a operação da 
troika de credores na crise da zona Euro: O chamado ajustamento está organizado de uma forma opaca, por vezes arbitrária ou até ilegal. Os seus responsáveis sabem-no, e pretendem evitar perguntas críticas.
O seu documentário é sobre o efeito da troika. Onde tem filmado, além de Portugal?
Até agora estivemos na Grécia e em Portugal. Na próxima semana filmaremos na sede do FMI, em Washington. Mais tarde iremos à Irlanda e ao Chipre e, é claro, a Bruxelas e a Frankfurt, para entrevistar os responsáveis da Comissão Europeia e do BCE. 
Até agora, o que vos foi possível observar?
A ideia de resolver o problema da dívida através da austeridade falhou completamente. A dívida é agora ainda mais insustentável do que era, há três anos. Os programas são, também, extremamente enviezados. Todo o fardo é assumido pelos trabalhadores e pelos contribuintes normais, enquanto as elites privilegiadas, que conseguem evadir a sua riqueza através dos 
offshores, e que são as maiores responsáveis pela crise, até conseguem lucrar com os programas de ajustamento. Por exemplo, quando conseguem comprar activos valiosos ao Estado a preços de saldo.
Essa é, até agora, a vossa principal conclusão?
O “resgate” errado, que apenas salvou os investidores estrangeiros, principalmente alemães, de perderem nos maus investimentos que fizeram, mina a confiança nas instituições democráticas dos países afectados. Os Governos e os Parlamentos desses países parecem ser apenas marionetas nas mãos de desconhecidos, e não eleitos, burocratas estrangeiros. E, ou, de investidores.
O que mais o surpreendeu na situação portuguesa?
O facto de terem tido - em proporção - a maior manifestação de todos os países em crise, mas que não teve qualquer impacto… Se, na Alemanha, 10% da população saísse à rua para protestar, o que significaria uma manifestação de 8 milhões de pessoas, nenhum Governo sobreviveria a isso intacto.
Os cidadãos alemães estão conscientes do que se passa nos países da periferia?
Infelizmente, não. De modo nenhum. A maioria dos alemães acredita realmente que o seu Governo está a “ajudar” os gregos e os portugueses com “dinheiro dos contribuintes”
.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Imaginary evils are incurable."
"Os males imaginários são incuráveis"
Marie von Ebner-Eschenbach 
escritora austriaca (1830-1916)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sophia de Mello Breiner

de José Cutileiro, foto de Margarida Bico

Pátria
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.



Sophia de Mello Breyner Andresen