domingo, 8 de setembro de 2013

A guerra do gás


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O gás representa mais de um quarto do consumo energético da Europa e a tendência é para aumentar rapidamente. A visualização, neste caso dos gasodutos, explica muitas das guerras e tensões no Médio Oriente. O continente europeu importa 50% do gás que consome, sendo a Rússia, a Argélia e o Qatar os principais fornecedores. Um quarto desse gás vem da Rússia, através de uma única empresa: Gazprom.
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Para contornar a passagem actual do gás pela Ucrânia, a Bielorússia e a Polónia, a Rússia decidiu criar dois gasodutos, a norte o "North Stream" e a sul o "South Stream", como podemos observar, a vermelho, no mapa seguinte: O "North Stream" é um projecto caro, dado que deverá passar por baixo do mar Báltico para atingir directamente a Alemanha. Este projecto é financiado a 51% pela Gazprom, mas também pela Alemanha, através da E. On e BASF com 20% cada. O "South Stream" deverá atravessar a Bulgária, a Hungria e a Sérvia e transportar 63 mil milhões de m3 de gás por ano. A Servia, aliado histórico da Rússia irá ter um papel determinante, com a construção de um depósito de 300 milhões de m3 de gás para eventuais falhas de abastecimento. Este projecto é co-financiado pela italiana ENI.
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Este último projecto é um concorrente directo, como podemos ver do projecto europeu de "Nabucco", a vermelho no mapa seguinte: O gás proveniente do Azerbaijão deveria chegar até à Hungria, onde depois, seria distribuído na Europa ocidental. No entanto, o consorcio Shah Deniz, do Azerbaijão, optou recentemente por um projecto alternativo: o "Trans-Adriatic Pipeline" (TAP), no mapa seguinte a laranja. O projecto TAP tem a vantagem de ter uma extensão com menos 400 km de que o gasoduto de Nabucco. De qualquer maneira, apesar de concurente do projecto russo, TAP ou Nabucco terá um custo duas
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vezes superior ao de "South Stream" e só estará concluído em 2018 contra 2015 para o russo. Existe um outro projecto de abastecimento europeu com o gás proveniente do Qatar, terceira maior reserva do mundo, este deverá ser encaminhado através do sul do Iraque, da Jordânia e da Síria para chegar à Turquia. Aliás, a Turquia já tem essa parte do gasoduto pronta. A Síria é um obstáculo a esse projecto, compreende-se melhor a participação activa da Turquia e da Jordânia na queda do presidente Sírio. Existe, finalmente, um projecto para abastecer a Europa com gás proveniente do Irão com um gasoduto que atravessa o Iraque e a Síria, onde sairia em direcção aos vários países europeus: o "Islamic Gas Pipeline":
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O projecto de um eixo Irão-Iraque-Síria não é bem visto pelos americanos e seus aliados europeus, mas não prejudica o projecto russo e pelo contrario compete com os projectos americanos e europeus. Este facto explica, em parte, a instabilidade criada pelos Estados Unidos na Síria, que tem neste quadro uma importância estratégica fundamental.

(publicado no blog Octopus)

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