sábado, 14 de janeiro de 2012

A política e os seus efeitos desclassifica os seus autores

O governo não pára. As mal-feitorias sucedem-se.

O carácter anti-social das decisões que toma não resiste às fantasias das embalagens diáfanas com que as apresenta.
As previsões de melhoria da crise que sustentam a "austeridade" não se baseiam em dados objectivos. Há muitas condicionantes e imponderáveis que lhe escapam a ele e aos outros governos europeus.
As medidas da troika e suas sucedâneas querem tão só empobrecer os portugueses para os situar a um nível de condições que facilitariam maior sobre-exploração futura.


Quando comecei a escrever estas linhas sobre a falta de "fundamento" da política de austeridade do governo não sabia, não esperava que mais uma desclassificação do país por outra agência de rating norte-americana estava para ontem. Isso só serviu para ilustrar o que aqui tinha referido.


Num àparte não deixarei de referir que esta forma de nos designar como "lixo", humilhante, não é muito diferente da cultura da soldadesca norte-americana, que há dias urinava sobre cadáveres de combatentes afegãos.

Espera-se que isto contribua para que, entre o grupo dirigente desta democracia mitigada, possa sair algum sobressalto quanto ao alinhamento incondicional com as guerras que os EUA e Israel, com apoio da França e dos EUA, têm desencadeado no Médio Oriente e que se preparam para continuar contra o Irão e a Síria, num quadro que prepara uma 3ª guerra em que a China seria a principal visada...Tudo pelo humanitário interesse pelo petróleo e outras matérias primas.

Esta desclassificação da Standard & Poors no quadro europeu vai dificultar ainda mais o pagamento das dívidas e juros de empréstimos anteriores, pelo factor desconfiança que acentua nos mercados de eventuais compradores de dívida quer pelo aumento das taxas de juro que o Fundo de Equilíbrio Financeiro vai pagar e que repercutirá nos empréstimos à banca portuguesa.

Esta situação, aliada à quebra da produção própria, exige uma reconsideração global das condições dos empréstimos anteriores e do papel das instituições comunitárias para que a perspectiva de pagamento portuguesa da dívida não equivalha à transformação de portugueses e outros povos em escravos da Alemanha, num nível muito baixo de pobreza e sem o mínimo de soberania.

É significativo que Merkl já hoje tenha dito que esta revisão em baixa da S&P reflecte a falta de confiança dos investidores quando talvez devesse ter dito que é a desclassificação que induz essa falta de confiança...
 
O governo terá que ser cada vez mais confrontado com a recusa dos portugueses em aceitar este caminho.

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