domingo, 29 de agosto de 2010

As Honduras e a vitória do Smart Power, segundo Eva Golinger

Apesar de escrito há quase um ano, retomo a referência a este artigo onde a autora refere:

Henry Kissinger disse que a diplomacia é "a arte de refrear o poder". Como é óbvio, o mais influente ideólogo da política externa dos EUA no século XX referia-se à necessidade de "refrear o poder" dos outros países e governos de forma a manter a dominação mundial dos EUA. Presidentes ao estilo de George W. Bush empregaram o ’Hard Power’ [Poder Duro] para atingir este objectivo: armas, bombas, ameaças e invasões militares. Outros, como Bill Clinton, utilizaram o ’Soft Power’ [Poder Suave]: guerra cultural, Hollywood, ideais, diplomacia, autoridade moral e campanhas para chegar "à razão e ao sentimento" das populações civis das nações "inimigas". A administração Obama optou por uma mutação destes dois conceitos, combinando o poder militar com a diplomacia, a influência económica e política com a invasão cultural e manobras legais. Chamaram a isto ’Smart Power’ [Poder Inteligente]. A sua primeira aplicação foi o golpe de Estado nas Honduras, onde, até hoje, funcionou na perfeição.
(...)
Ao prestar reverência a Washington a crise nas Honduras "foi resolvida". Ironicamente, a mesma crise que foi fomentada pelos EUA desde o início. Fala-se de golpes similares no Paraguai, na Nicarágua, no Equador e na Venezuela, onde a subversão, a contra-rev olução e a destabilização crescem diariamente. O povo das Honduras permanece em resistência, apesar do "acordo" alcançado pelos que estão no poder. A sua insurreição determinada e o seu compromisso com a justiça são um símbolo de dignidade. A única forma de derrotar a agressão imperialista – ’soft’, ’hard’, ou ’smart’ – é através da união e integração do povo.

Eva Golinger é jurista, foi promotora federal em Nova Iorque, e vive desde 2005 na Venezuela, onde escreveu vários livros sobre a Venezuela e relatando o esforço para a recuperação de influência norte-americana na América Latina, quando se esboçaram relações institucionais no subcontinente alternativas às que Washington tinha imposto.
Veja aqui este artigo na íntegra.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Nunca ataques os outros pelo estilo quando o podes fazer pelo sentido"


Sam Brown (activista político americano, 1943-)

Wrestling à portuguesa, de Manuel A. Araújo

No blogue Praça do Bocage o Manuel Augusto de Araújo publicou ontem este bem-humorado 
desancar na alternância. A lêr.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Uma candidatura imprescindível

Ouvi ontem Vitor Ramalho lamentar-se que o candidato do PCP não fosse outra pessoa, não necessáriamente do Partido, entrando naquela lenga-lenga pouco democrática de que tal opção carecesse de legitimidade, pelo que até levou um puxão de orelhas de Marias José Nogueira Pinto.
Não será Ramalho o primeiro nem o último a procurar que o PCP não tenha candidatos à mais alta magistratura do País, apesar de ser uma eleição unipessoal, não tenha direito a expressar nessas eleições os seus pontos de vista sobre o exercício das funções presidenciais ou que mantenham independente da decisão de outros o destino a dar às suas candidaturas...
Na apresentação da candidatura de Francisco Lopes, Jerónimo de Sousa explicitou a importância da candidatura do PCP ao referir que:

O PCP avança com uma candidatura própria às eleições presidenciais de 2011, que traduz as suas próprias ideias quanto ao papel e funções do Presidente da República e contribuirá para que seja assegurada na Presidência da República uma intervenção comprometida com a defesa e respeito da Constituição da República, liberta dos interesses e posicionamentos do grande capital.
Uma candidatura que estará inquestionavelmente vinculada aos valores de Abril, a uma democracia política, económica, social e cultural, a um Portugal soberano e independente. Uma candidatura comprometida com as aspirações dos trabalhadores, presente e solidária na sua luta por uma vida melhor e mais digna, portadora de um projecto de ruptura e mudança. Uma candidatura patriótica e de esquerda, coerente e determinada, dirigida aos trabalhadores, aos jovens, a todos os democratas e patriotas. Uma candidatura que assume plenamente o exercício dos seus direitos, desde a apresentação até ao voto, bem como as responsabilidades decorrentes da opção do povo português.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A invenção da Glória- As tapeçarias de D. Afonso V

Só tem três semanas para as ver, no Museu Nacional de Arte Antiga.
São quatro tapeçarias, de 4x11 metros, encomendadas pelo "rei conquistador" a artesãos da Flandres a partir de pinturas feitas em cartã. Foram recentemente restauradas e circulam, aguardando pelo restauro das instalações que as voltarão a receber em Prastrana, em Espanha.
A sua função à data da sua produção tinha evidente intenção de projectar o rei como um conquistador.
Em 3 dos paineis retratam-se o desembarque em Algezira e o início complexo do montar do arraial português, um segundo revela-nos o ataque e o terceiro a conquista da cidade. O quarto mostra-nos a entrada dos militares portugueses na cidade deTanger, entregue sem resistência.
Sobre o percurso destas tapeçarias, persistem interrogações: Como foi feita a sua encomenda? Como aparecem em Espanha? É um campo em aberto que nos é deixado.

domingo, 22 de agosto de 2010

Na Austrália, contagens em falta determinarão, na próxima semana, quem formará partido minoritário

Só para o final da próxima semana, com as contagens de votos fechadas, se poderá dizer ao certo qual dos dois maiores partidos – o Labour e o Partido Liberal – irão formar governo.
Para já, hoje Gillard, actual primeira-ministra do Labour, reuniu com independentes e o Partido dos Verdes, com vista ao futuro. Para já ambos os maiores partidos têm garantidos 70 lugares cada na Câmara de Representantes, de onde sai o governo, podendo na conclusão da contagem o Labour ser mais beneficiado pelos liberais, donde estes contactos com os minoritários serem muito importantes para a viabilização do futuro governo minoritário.
A queda do Labour e a subida dos liberais, bem como a grande subida dos Verdes (em quem o Partido Comunista apelou ao voto excepção feita ao candidato próprio que apresentou em Sidney) evidenciam um desgaste do Labour, que mudou de primeiro-ministro em Julho, resultante do seu alinhamento numa política de centrão, identificando a sua política com a dos liberais.
O candidato liberal, Tony Abbott é, de facto um homem de extrema-direita. E a campanha eleitoral foi centrada em medos.
Gillard sublinhou que o voto no Labour foi um voto popular e que isso teria que ter consequências na política do futuro governo se for do seu partido e que nenhum dos dois grandes partidos poderia governar sozinho.
O sistema político de poder e o sistema eleitoral diferem muito do português e facilitam a bipolarição dos resultados.

sábado, 21 de agosto de 2010

Depois dos fogos,...é só fumaça

Os fogos deixaram de ocupar as primeiras páginas dos jonais e de abrir as emissões de rádio e TV.

Ainda não terão acabado. A discussão das questões de fundo associadas, que passam pela gestão florestal nas suas múltiplas vertentes, foi agora substituída por outro tipo de fumaça.

PS e PSD têm que gerir estes vazios indesejáveis para o tratamento de coisas sérias como o encerramento de escolas, o desemprego, o estado da economia, efeitos do PEC, criando as artificiais entre eles.

A subida de tom de voz de dirigentes do PS e PSD sobre supostas graves diferenças políticas, é uma espécie de conversas de marretas. Eles falam alto, afirmam inflexibilidades, mas quando chegar o momento convergem, revelando "um grande serviço prestado à nação, colocando os interesses partidários acima do país, bla,bla, bla", dando imagem de gente séria. O que aconteceu com o PEC vai repetir-se com o Orçamento de Estado de 2011. Porquê? Porque no essencial estão de acordo.

É o prolongamento de uma falta de ética revelada em muitos outros planos.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"De todos os que nada têm para dizer, os mais agradáveis são os que o fazem em silêncio"

Nicolas Chamfort (poeta francês, 1740-1794)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Incêndios, PEC e alguma trafulhice

O combate aos fogos tem duas vertentes que, como os comunistas salientaram neste dois últimos meses, têm que pesar de forma diferente na política de combate aos fogos. Sendo que ambas têm que ser objecto de medidas consequentes, sob pena das boas intenções ficarem parcialmente no papel sem atacar as situações de fundo que originam o desastre.

Não sou um especialista nas matérias mas em vários anos da minha actividade profissional contactei com diferentes aspectos dessas duas vertentes para não me sentir como mais um a mandar palpites sobre os enormes sofrimentos causados às populações e aos bombeiros por esta tragédia. Nem a ficar-me pelo simplismo não inocente de ver a questão central nas actuações criminosas ou nas “alterações climáticas”, remetendo para outras instâncias as medidas decisivas neste combate.


A vertente a que normalmente se dá mais atenção é, na altura dos combates contra os fogos, a dos recursos humanos e materiais ao serviço dos bombeiros e protecções civis. É possível, para já, detectar algumas melhorias neste campo. O mesmo aconteceu na coordenação dos meios. Mas, como, alguns apontamentos de reportagem revelaram, persistem desajustamentos que implicariam, entre outras medidas, como a melhoria de planos e meios de protecção civil a nível concelhio, a coordenação entre diferentes níveis de protecção civil e municípios, para suster a subida de número e dimensão dos fogos.


A outra é a que respeita ao agir, de forma continuada sobre as debilidades ou problemas estruturais da floresta. Como, por exemplo, o abandono dos campos, o insucesso das políticas agro-florestais, que minimizariam os efeitos desse abandono, a limpeza da floresta que passou a ser mais cara, os preços baixos pagos pela indústria do papel aos produtores de madeira, o abandono que isso gera na limpeza das matas, a falta de recursos para essa limpeza por alguns proprietários produtores ou compartes dos baldios individualmente. A que a experiência recomendou associar também alguns departamentos de universidades.


Não deixa de ser significativo, como salientou o deputado comunista Agostinho Lopes que “Entre 2008 e 2010, o preço da pasta de papel passou de 580 para 700 euros por tonelada, enquanto o eucalipto desceu de 45 para 39 euros por tonelada”, não deixando de referenciar que a Portucel duplicou os seus lucros de 2009 para este ano.


Como se compreende depressa este tipo de medidas não são compatíveis com a vigência de um PEC como este e suas contenções orçamentais que impedem o investimento e o ordenamento. A somar às frustrações de equipas técnicas pelos insucessos anteriores, a redução de recursos financeiros às Direcções de Recursos Florestais, que atingiu níveis intoleráveis e o regime de mobilidade especial, levaram a uma maior redução das equipas técnicas.


Por outro lado, medidas contra quem não limpe as áreas têm que ter em conta que o Estado não tem recursos para, só por si o fazer, o que implica fazer, alternativamente, aceder, em termos aceitáveis, à parte nacional da comparticipação em fundos regionais disponíveis, a apoiar essas candidaturas, e a estimular o associativismo na utilização dos recursos de limpeza.


Ainda a propósito de fogos, trabalhei numa empresa, de capitais exclusivamente públicos, onde a criação e o alargamento progressivo de uma equipa de sapadores florestais aumentaram a capacidade de limpeza, num quadro de gestão articulada com outros organismos, que já prestava serviços de limpeza de proximidade a quintas da área sob nossa gestão, colmatando a escassez de recursos dos organismos oficiais aí sediados, um dos quais apresentava uma gestão muito nebulosa, para ficar por aqui, e que além disso sabotava de todas as formas o nosso trabalho.


Antes do ICN e a câmara respectiva me fazerem saltar, tentei convencer o ministro, mais preocupado em aumentar o número de gestores remunerados numa empresa falida, a ter um só administrador executivo e aumentar razoavelmente o número de sapadores florestais…”. Isso é demagogia” disse ele. Um outro Secretário de Estado de outra pasta optou por me convidar “a retirar todos os esqueletos do meu armário”…


Com alegria vi ontem na televisão um jovem engenheiro que, depois de mim, foi afastado da empresa, quando era um quadro promissor, com boa formação técnica, um “todo-o-terreno” a ter responsabilidades na direcção de bombeiros no combate ao fogo. Boa!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quem beneficia da Revolução no Quirguistão?, segundo F. William Engdhal

Quando olhamos para um mapa da Ásia Central, fica claro que o Afeganistão um lugar central na estratégia norte-americana de destabilizar e militarizar a região. É uma posição ideal para ameaçar, de uma só vez, a China, a Rússia, o Irão e os países vizinhos nomeadamente os que integram a Organização do Tratado de Cooperação de Xangai.
A proliferação da droga e a luta contra a droga, os actos terroristas e as operações anti-terroristas, a brutalidade intencional da polícia local o domínio sobre os pipelines euro-asiáticos existentes ou futuros constituem os ingredientes de uma receita explosiva das missões da NATO, sob tutela dos EUA, e projectadas para o exterior daquele país.

O Quirguistão desempenha o papel de um pivô estratégico na extensão da guerra a toda a Ásia Central. Moscovo sabe-o. Pequim também. O que se decide no Grande Jogo do Afeganistão foi intencionalmente concebido por Washington para se tornar numa nova guerra “sem vencedor”.

O fracasso da guerra no Afeganistão é programado para justificar o aumento da presença militar dos EUA no Afeganistão, no Uzbequistão, no vale de Ferghana no Tajiquistão, e, a partir daí em toda a Ásia Central. Antes da revolta popular quirguize conseguir mandar para o exílio o gang de Bakiev, no passado mês de Março, Washington estava em boas condições, após os acordos assinados por Bakiev, para construir diversos campos de treino anti-terrorista no país. Com tais bases à sua disposição, o controlo do continente eurasiático, do Xingjiang até ao Cazaquistão e Rússia, seria uma questão de tempo, porque já nos dias de hoje o desenvolvimento de rotas de narcotráfico estão a preparar esse caminho.

Desta vez, e ao contrário do que se passou no início dos anos 70, o que está em causa é superior para a hegemonia dos Estados Unidos. O papel que jogarão o governo provisório do Quirguistão e os governos de Moscovo e Pequim, bem como os do Irão e Uzbequistão, será decisivo nesta região, onde se concentram os conflitos mais intensos do planeta.

Para um maior detalhe no papel de cada um dos actores nesta situação sugiro lêr quatro peças deste trabalho publicadas na http://www.voltairenet.org/

pelo autor, nos dias 13, 16 e 20 de Junho e 4 de Agosto.

E as senhoras gestoras também não poderiam?



Patrões votam contra prémios de assiduidade a mães que amamentam
16 Agosto 2010 07:38 - Jornal de Negócios
Catarina Almeida Pereira - catarinapereira@negocios.pt


Confederações da Indústria e do Comércio isoladas contra condenação da discriminação.
As trabalhadoras que gozam a dispensa para amamentação não podem, segundo a lei, ser prejudicadas na atribuição de um benefício remuneratório que dependa da assiduidade. A conclusão da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), que surge a propósito de um caso que envolve a ANA (Aeroportos de Portugal), mas que se estende às restantes empresas, foi aprovada por todos os membros com assento na comissão à excepção de dois. A Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) ficaram isoladas face aos votos favoráveis dos representantes do Estado, autarquias, sindicatos e presidente da CITE.


As senhoras gestoras não amamentam para receber os seus prémios anuais?

sábado, 14 de agosto de 2010

México: imigração, militares e narcotráfico - 2ª parte





Desde a primeira parte deste post, publicada aqui em 7 de Julho, alguns factos novos assinalarei.



O primeiro é, sem dúvida a aprovação por Obama de legislação que visa militarizar a fronteira com o México.



Esta iniciativa inclui a colocação de aviões não pilotados Predator para vigiarem os imigrantes. São 600 milhões de dólares quando anteriormente a administração norte-americana referira que o colapso da fronteira iria dar origem a reformas que incluíam passos para a legalização de imigrantes não documentados. Parece agora querer ultrapassar pela direita a administração republicana, com a duplicação dos deportados.



Cidades de fronteira como S. Diego, Califórnia, Phoenix, Arizona e Texas são hoje tratadas como zonas de emergência nacional.



Ambos os países identificam os imigrantes como criminosos, quando é sabido que só pequena parte destes têm ver com o narcotráfico. A grande maioria deixa as suas casas para não terem de suportar condições económicas e sociais criadas pela pela banca internacional e os grandes grupos económicos que subordinam tudo ao lucro. E para não caírem com presas no narcotráfico, onde ganham bom dinheiro , e estando este já identificado como estrutura do Estado, podem aceder a outros empregos e privilégios.



Outra questão foi a liquidação do dirigente de cartel de Sinaloa o que com uma perseguição muito superior do outro cartel de Juarez, apoiado pedo governo e tolerância dos EUA.



Finalmente, e revelando num trabalho de reportagem que confirma estes factos, chamo a atenção para a série de treze peças dessa reportagem, de Alexandra Lucas Coelho, no Público.

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Sem música, seríamos pouco mais que animais"


George Martin (o "5º Beatle", produtor, compositor e arranjador)

domingo, 8 de agosto de 2010

Avisos de Fidel



A intervenção de Fidel Castro ontem na Assembleia Popular de Cuba é o reforçar de declarações suas, anteriores, que os factos estão a demonstrar, infelizmente.

Os preparativos de uma ofensiva dos EUA sobre o Irão, estão num avançado estado de preparação, como têm referido alguns analistas. Armamento convencional e não convencional, incluindo armas nucleares, está já instalado à espera de uma ordem do comando superior ( Barack Obama). Desde 2005 que os EUA, os seus interlocutores da NATO e Israel.

O papel de Egipto, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (numa aliança militar alargada) é muito grande. O Egipto controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros no Canal de Suez. A Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, ao estreito de Ormuz e Golfo de Oman.

O objectivo estratégico a médio prazo é tomar o Irão e neutralizar os seus aliados, através da diplomacia de canhoneira. O objectivo militar a mais longo prazo é dirigir-se directamente para a China e para a Rússia.

Sobre o conjunto de passos que estão a ser dados bem como os objectivos estratégicos de uma 3ª Guerra Mundial que seria o desenvolvimento destes factos, ler, por exemplo Michel Chossudovski.

O que Fidel ontem afirmou foi que os EUA e Israel não poderão atingir os seus objectivos se os dirigentes de outras potências se opuserem ao plano. E fazendo-o com a autoridade e o respeito que tem em todo o mundo. Mas muitos jornalistas imaginaram que seria um regresso de Fidel ao poder, uma desautorização do irmão, de algumas medidas governamentais para com presos, etc. A conversa do costume.

sábado, 7 de agosto de 2010

Faleceu Dias Lourenço


Com 95 anos, faleceu António Dias Lourenço, um dos dirigentes históricos do PCP, nascido em Vila Franca de Xira. Torneiro mecânico de profissão, Dias Lourenço começou ainda criança a vida de operário e aderiu ao Partido Comunista Português com 17 anos de idade.

Passou à clandestinidade em 1942, depois da reorganização, foi preso por duas vezes, tendo participado na histórica fuga de Peniche. Teve desde então múltiplas responsabilidades.

O corpo de António Dias Lourenço estará em câmara ardente, na Casa Mortuária da Igreja de S. Francisco de Assis, na Av. Afonso III (ao Alto de S. João), a partir das 16h00 de hoje, dia 7, realizando-se o funeral amanhã, domingo, dia 8, pelas 16h30, para o Cemitério do Alto de S. João, onde o corpo será cremado pelas 17h30.

Passa para além da morte e é para todos, comunistas ou não, um exemplo de vida de coragem, de combate, de entrega. às causas da liberdade, da democracioa e do socialismo e aos ideais comunistas.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Só és o que és quando ninguém está a olhar"


Robert C. Edwards (jornalista canadiano, 1864-1922)

"Aroma", de Radhika Jha



A entrada de obras dos chamados países emergentes está muito limitada aos lights e pimbas desses países. Encontrar obras de maior fôlego é uma satisfação para o leitor.
A descoberta das literaturas indianas é a entrada num novo mundo.

Li agora, emprestado por mão amiga, onze anos após a sua publicação pela D. Quixote, um livro de que gostei e que foi o primeiro romance escrito pela indiana Radhika Jha.

Já escreveu outros posteriores, que procurarei, e que a informação disponível refere como sendo a revelação de um povo num país que está a desempenhar maior papel na vida económica e cultural em todo o mundo.

Este romance tem como protagonista Leela Patel nascida em Nairobi, separada do resto da família para melhor sobreviver em Londres e Paris, e que tem uma vida cheia de precalços, uns mais negativos que outros,nessa luta tenaz pela sobrevivência e o amor e que vai pontuando com uma grande sensibilidade pesspoal aos odores, quer nos seus afectos e relações amorosas quer na descrição de uma forma forma de cozinhar que lhe vem da tradição familiar, da India.

Aconselho aos meus amigos a sua leitura.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O escritor-fantasma, de Roman Polanski



Como é que a CIA realiza a promoção nas elites de personalidadas, controladas por ela, com a perspectiva de exercerem as mais altas funções nos respectivos estados. É o que Polanski nos propõe neste bom filme, a partir de um desenvolvimento do livro “The Ghost” feito com o seu autor, Robert Harris.

A questão ganhou novos contornos com casos como os de Blair, Aznar, Sarkozy, Durão Barroso. Mas é uma obra de ficção que neste caso o espectador associa, imediatamente, a Blair.

Com as capacidades de Polanski, ficamos dentro de um filme que nos prende até ao último minuto, com um conjunto de personagens que giram em torno do escritor contratado para concluir o livro da vida do primeiro-ministro (escritor-fantasma, ghostwriter).

Quanto a mim, um filme a não perder.

A precarização aumenta o trabalho para novos trabalhadores?




No frente-a-frente de ontem na SIC-Noticias, entre Ruben de Carvalho e Paulo Mota Pinto, manifestaram-se posições divergentes quanto à invocada necessária flexibilização do mercado de trabalho como elemento central da redução do déficite das contas públicas.

Paulo Mota Pinto insistiu no mote do PSD para este verão: não há saída para a crise sem flexibilizar mais as relações de trabalho, a rigidez actual dessas relações impede o acesso de mais portugueses ao trabalho e à contratação de jovens com maiores qualificações.

Paulo Mota Pinto tem obrigação de saber que esta é uma grande mistificação, uma barragem esmagadora para condicionar a opinião pública.

Vejamos então, quantas empresas, das que despedem ou das que beneficiam da vacatura de postos de trabalho por reforma, recrutaram novo pessoal de acordo com os contratos colectivos e em contratos sem termo? A resposta é arrasadora pela negativa.

Numa peça publicada hoje pelo Público, com base em números do Eurostat sobre a precariedade de trabalho, que apontam Portugal como o país da UE que registou a segunda maior taxa de contratos de trabalho temporário na última década, atrás da Espanha. Isto é mais de 20% quando a média da UE foi nesse período de 13,8%.

Quando surgiu, este tipo de contratações foram justificadas para funções temporárias, mas desde então a figura jurídica desta contratação foi aplicada em situações de verdadeiras necessidades permanentes de trabalho. Isto no sector público bem como no privado.

Um outro tipo de contratos devem também ser considerados precários. São os chamados "trabalhadores por conta própria" que estabelecem vínculos que lhes retira os meses de Natal e férias, o subsídio de desemprego e direito a baixa médica. Segundo estimativa do Eurostat o número destes não é conhecido mas pode ser estimado em cerca de ...850.000! Mas que na sua maioria são de facto "trabalhadores assalariados". O Publico sublinha que desde 1999, segundo dados do

INE, desapareceram cerca de 100 mil postos de trabalho permanentes, subiram 173 mil os contratos não permanentes e manteve-se o número dos trabalhadores por conta própria.

É evidente que existe uma correlação entre a crescente precarização e a pobreza, o desfazer de famílias, a atracção por actividade criminosas. E grande impacto sobre a redução da fertilidade e, consequentemente sobre o envelhecimento e a não realização de descontos para a segurança social. As consequências de tudo isto sobre a falta de recursos invocada para reduzir as prestações sociais são evidentes...E mais uma vez, estratégias do patronato têm efeitos sobre a despesa pública, o tal "estado gordo" de que falam, e que tanto jeito lhes dá para o irem engordando, sacudindo a água dos capotes e remetendo as suas responsabilidades para com os trabalhadores para o Estado - todos nós.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Privatize-se tudo...por José Saramago


«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»



José Saramago – Cadernos de Lanzarote - Diário III – pag. 148 - Diário III – pag. 148

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SIC-Notícias: o plano a inclinar-se





Anteontem vi o Plano Inclinado, cada vez mais inclinado pelos elementos fixos do painel, neste caso João Duque e Medina Carreira, excepção feita ao Mário Crespo na sua posição de moderador.
Manuel Carvalho da Silva deu "uma lição" aos dois professores.

Mas os professores-alunos revelaram uma atitude intelectual que importa sublinhar e de que importa reter quatro posições de base:
1. Só há uma maneira de sair da crise: cortar salários e direitos dos trabalhadores;
2. Só assim com a competitividade acrescida à base dos custos do trabalho podemos exportar para atenuar deficite;
3. Estamos completamente manietados por dependências externas, leia-se estarmos dependentes da concessão de crédito, muito selectivo hoje, ou por estarmos na União Europeia, que retirou importantes zonas de soberania aos estados-membros, com particular alcance para países como Portugal;
4. Os sindicalistas modernos não deviam ser reivindicativos.
Ora, quanto a nós e certamente quanto a muita gente que se não refugia nas fatalidades dos dias de hoje,

1. Sair da crise implica crescer economicamente e isto não se consegue com trabalho escravo e famílias desfeitas e vidas desreguladas.
2. A competitividade nos mercados externos tem outros factores a ter em conta como a qualidade de gestão da empresa na organização do processo produtivo, a modernização tecnológica, estar atento aos perfis produtivos em que podemos competir com vantagem.
3. Se para produzir importa ir procurar crédito que, actualmente, não se atrai por condições próprias do país, então há que rever a relação dos estados com o sistema financeiro, que não pode tornar-se independente dos Estados, que vive à custa do trabalho de biliões de pessoas, que entende só apoiar quem quer e optar por um crescimento de lucros próprios, não à custa do apoio à economia (razão que levou à sua criação), mas da especulação financeira, onde tudo pode esfumar-se e os cidadãos serem de novo roubados para resolverem os problemas do sector financeiro, que para isso já parece não ser autónomo.
O mesmo se diz às relações com a União Europeia.
4. Quanto ao papel dos sindicatos ser contribuir para a resolução dos problemas e não reivindicar (!!!), importa dizer que compete ao domínio do poder político e económico resolver as situações porque foram responsáveis. Ou será que o sistema financeiro, o poder político e o poder económico preferem entregar a matéria aos trabalhadores e outros cidadãos, indo eles para os sindicatos cooperarem com os trabalhadores na condução de uma outra +política para o país? Olhe que não, diria alguém que nos é querido.
Os sindicatos lutam pelos direitos e condições de vida dos trabalhadores e perspectivam a necessidade de outras políticas. E quão importante tem sido o seu papel para que os trabalhadores e a sociedade não voltem aos tempos da escravatura, para que a sociedade tenha acedido ao que se convencionou chamar o "estado social".

Mas que painel este o do Plano/ Inclinado...Numa primeira fase a crítica às políticas do governo procuraram ir ao encontro de queixas objectivas dos cidadãos, agora tornaram-se em porta-vozes das intenções de um aprofundamento da política da direita...