quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jogos Florais


O ambiente criado pelo impacto mediático de certos exemplos de quem governa é mau para o nosso país. Mas nem tudo é negativo. Importa, porém, não ceder a facilidades na interpretação.

Uns dizem que isto está pelas ruas da amargura, outros que temos que revelar as coisas de que nos podemos orgulhar. São visões redutoras da tentativa de sair do fundo.

Chegámos ao que chegámos pela política que foi feita, sistematicamente, durante mais de trinta anos, desde a liquidação da revolução, passando pela adesão à Comunidade Europeia no desrespeito de princípios básicos de soberania e sem objectivos nacionais, mobilizadores para enfrentar os nossos grandes déficites.


Se o PSD e o CDS hoje falam de alto, como se fossem impolutos meninos de coro, importa que se não esqueça que as políticas e dinâmicas a que sempre estiveram associados contribui, nos mesmos termos que o PS, para chegarmos onde estamos.

E se algumas pessoas e empresas, vítimas da sanha censória do governo, recolhem o apoio seráfico desses partidos, importa que se diga que PS, PSD e CDS, em diferentes alturas fizeram o mesmo em relação a profissionais conotados como comunistas ou de esquerda.


Ontem à noite, Pacheco Pereira e Santos Silva lá se entregaram a jogos florais em relação aos casos mais recentes que estão a abanar o Primeiro-Ministro. Disseram que em Portugal, havia liberdade de expressão, o que é uma visão muito baça ou, se quiserem, colorida da situação.


Já dissemos aqui que o silenciamento de jornalistas incómodos para o governo é a ponta do iceberg de uma situação mais ampla, particularmente dos que não estão protegidos pelo seu mediatismo.

O aparelho de Estado está minado por estruturas paralelas aos serviços que promovem a perseguição, a traficância e a corrupção.

No estado ou em situações que o governo possa influenciar com instrumentos dele a perda do emprego, do contrato, do vínculo que geram as remunerações essenciais à subsistência de agregados familiares – para já não falar em empresas privadas - , todos pensam duas vezes antes de fazerem certos comentários. E a maioria desses opta por ficar calada. Porque a sobrevivência fala mais alto…

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