sexta-feira, 19 de abril de 2013

frase de fim-de-semana, por Jorge


"O cão verdadeiramente amestrado é o que faz a pirueta quando não há chicote"
Paul Krugman (prémio nobel da economia 2008) no NY Times
citando George Orwell (escritor inglês, 1903-50), sobre o jornalismo dominante quando comparado com o das ditaduras.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ernst Haas - grandes fotógrafos, grandes imagens


Depois de notável carreira como fotojornalista no pós-guerra, um pioneiro e grande inovador da cor na arte da fotografia.

 Pedestres que cruzam uma rua de Nova York, em tempo de inverno longas sombras

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Elizabeth Leonskaja interpretou a integral das sonatas de Schubert

Tive a oportunidade de ver a pianista Elizabeth Leonskaja, em dois dias consecutivos, interpretar a integral das sonatas para piano de Schubert, na Fundação Gulbenkian.
Foram quatro horas de uma elevada qualidade artística. Sem pautas, Leonskaja, expressava na face sentimentos que lhe vinham da música. Rir-se, extasiar-se, chorar foram expressão dessa comunhão ao longo das 6 sonatas de 21 andamentos.
Pena a sala estar a metade da lotação. Quem podia ir e não foi,
não sabe o que perdeu.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Frase de fim-de semana, por Jorge



"Talvez pensar seja melhor que fornicar"

Marlon Brando 
(ator americano, 1924-2004),
citado por Maximillian Schell 
(ator austro-suísso, 1930-),
citado por Alberto Pimenta
(poeta português, 1937-) em De Nada

quarta-feira, 10 de abril de 2013

terça-feira, 9 de abril de 2013

Dirigentes europeus, a estratégia dos grandes bancos e agências de rating e a Goldman Sachs


Sabem quem é Papademos Lucas (actual líder grego após a renúncia de Papandreou)
Sabem quem é  Mariano Monti (agora à frente do governo italiano)?
Sabem quem é Mario Draghi (actual presidente do Banco Central Europeu)?

Sabem o que é Goldman Sachs?


O Goldman Sachs é um dos maiores bancos de investimento mundial e co-responsável directo, com outras entidades (como a agência denotação financeira Moodys), pela actual crise e um dos  seus maiores beneficiários. Como exemplo, em 2007,a G.S. ganhou 4 bilhões de dólares em transacções que resultaram directamente do actual desastre da economia do EUA. O EUA ainda não recuperaram das percas infligidas pelo sector especulativo e financeiro dos EUA.
Papademos: actual primeiro-ministro grego  na sequência da demissão de Papandreou. Atenção: não foi eleito pelo povo.
- Ex-governador do Federal Reserve Bank de Boston, entre 1993 e 1994.
- Vice-Presidente do Banco Central Europeu  2002-2010.
- Membro da Comissão Trilateral desde 1998, lobby neo-liberal fundado por Rockefeller, (dedicam-se a comprar políticos em troca de subornos).
- Ex-Governador do Banco Central da Grécia entre 1994 e 2002.  Falseou as contas do défice público do país com  o apoio activo da Goldman Sachs o que levou, em grande parte, à actual crise no país.

Mariano Monti: actual primeiro-ministro da Itália após a renúncia de Berlusconi. Atenção: não foi eleito pelo povo.
- O ex-director europeu da Comissão Trilateral mencionada acima.
- Ex-membro da equipe directiva do grupo Bilderberg.
- Conselheiro do Goldman Sachs durante o período em que esta ajudou a esconder o défice orçamental grego.

Mario Draghi é o actual presidente do Banco Central Europeu em
 substituição Jean-Claude Trichet.
- O ex-director executivo do Banco Mundial entre 1985 e 1990.
- Vice-Presidente para a Europa do Goldman Sachs de 2002 a 2006, período durante o qual ocorreu o falseamento acima mencionado.
Vejam tantas pessoas que trabalhavam para o Goldman Sachs ....
Bem, que coincidência, todos do lado do Goldman Sachs. Aqueles que criaram a crise são agora apresentados como a única opção viável para sair dela, no que a imprensa americana está começando a chamar de "O governo da Goldman Sachs na Europa."
Como é que eles fizeram?

Encorajaram Investidores  a investir em produtos secundários que sabiam ser " lixo ", ao mesmo tempo dedicaram-se a apostar em bolsa o seu fracasso. Isto é apenas a ponta do iceberg, e está bem documentado, podem investigar. Espera-se a especulação sobre a dívida soberana italiana e seguidamente será a espanhola.
Tende-se a querer-nos fazer pensar que a crise foi uma espécie de deslizamento, mas a realidade sugere que por trás dela há uma vontade perfeitamente orquestrada de tomar o poder directo no nosso continente, num movimento sem precedentes na Europa do século XXI.
A estratégia dos grandes bancos de investimento e agências de rating é uma variante de outras realizadas anteriormente noutros continentes, tem vindo a desenvolver-se desde o início da crise e 
pretende, segundo alguns autores:
1. Afundar os países mediante especulação na bolsa de valores / mercado.
Po-los loucos com medo do que dirão os mercados, que a GS controla dia a dia.
2. Forçá-los a pedir dinheiro emprestado para, manter o status-quo ou simplesmente salvá-los da 
banca rota. Estes empréstimos são
rigorosamente calculados para que os países não os possam pagar, como é o caso da Grécia que não poderia cobrir a sua dívida, mesmo que o governo vendesse todo o país. E isto não é metáfora, é matemática, aritmética.

3. Exigir cortes sociais e privatizações, à custa dos cidadãos, sob a ameaça de que se os governos não as levam a cabo, os investidores irão retirar-se por medo de não serem capazes de recuperar o dinheiro investido na dívida desses países e noutros investimentos.
4. Criar um alto nível de descontentamento social, adequado para que o povo aceite qualquer coisa para sair da situação.
5. Colocam os seus homens, onde mais lhes convenha.
Se acham que é ficção científica, informem-se: estas estratégias estão bem documentadas e têm sido usadas com diferentes variações ao longo do século XX e XXI  noutros países, nomeadamente na América Latina pelos Estados Unidos, quando se dedicavam, e continuam a dedicar-se na medida do possível, a asfixiar economicamente mediante a dívida externa por exemplo os países da América Central, criando instabilidade e descontentamento social usando isso para colocar no poder os líderes "simpáticos" aos seus interesses. Portanto nada disto tem a ver com o euro. O euro é uma moeda forte, porque os investidores vêm ai carne para desossar, se não houvesse o euro o ataque acontecia na mesma, só que se calhar os primeiros a cair não seriam os PIGS, mas a própria Alemanha, a Inglaterra etc. Não é o governo dos EUA, que desfere estes golpes, mas sim a "indústria" financeira internacional, principalmente sediada em Wall Street(New York) e na City (Londres).
É isto que está a acontecer sob o olhar impotente e / ou cúmplice dos nossos governos, é o maior assalto de sempre na história da humanidade à escala global, são autênticos golpes de estado e violaçõesflagrantes da soberania dos Estados e seus povos.
Se nos estão a comer vivos ... as pessoas precisam saber. Estamos a sofrer uma anexação pela via financeira. Esta é a realidade.



Descrição da guerra em Guernica, de Carlos Oliveira


I

Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios
que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore,
a chama do candeeiro.

II

As outras duas luzes
são lisas, ofuscantes;
lembram a cal, o zinco branco
nas pedreiras;
ou nos umbrais
de cantaria aparelhada; bruscamente;
a arder; há o mesmo
branco na lâmpada do teto;
o mesmo zinco
nas máquinas que voam
fabricando o incêndio; e assim,
por toda a parte,
a mesma cal mecânica
vibra os seus cutelos.

III

Ao alto; à esquerda;
onde aparece
a linha da garganta,
a curva distendida como
o gráfico dum grito;
o som é impossível; impede-o pelo menos
o animal fumegante;
com o peso das patas, com os longos
músculos negros; sem esquecer
o sal silencioso
no outro coração:
por cima dele; inútil; a mão desta
mulher de joelhos
entre as pernas do touro.

IV

Em baixo, contra o chão
de tijolo queimado,
os fragmentos duma estátua;
ou o construtor da casa
já sem fio de prumo,
barro, sestas pobres? quem
tentou salvar o dia,
o seu resíduo
de gente e poucos bens? opor
à química da guerra,
aos reagentes dissolvendo
a construção, as traves,
este gládio,
esta palavra arcaica?

V

Mesa, madeira posta
próximo dos homens: pelo corte
da plaina,
a lixa ríspida,
a cera sobre o betume, os nós;
e dedos tacteando
as últimas rugosidades;
morosamente; com o amor
do carpinteiro ao objeto
que nasceu
para viver na casa;
no sítio destinado há muito;
como se fosse, quase,
uma criança da família.

VI

O pássaro; a sua anatomia
rápida; forma cheia de pressa,
que se condensa
apenas o bastante
para ser visível no céu,
sem o ferir;
modelo doutros voos: nuvens;
e vento leve, folhas;
agora, atónito, abre as asas
no deserto da mesa;
tenta gritar às falsas aves
que a morte é diferente:
cruzar o céu com a suavidade
dum rumor e sumir-se.

VII

Cavalo; reprodutor
de luz nos prados; quando
respira, os brônquios;
dois frémitos de soro; exalam
essa névoa
que o primeiro sol transforma
numa crina trémula
sobre pastos e éguas; mas aqui
marcou-o o ferro
dos lavradores que o anjo ignora;
e endureceu-o de tal modo
que se entrega;
como as bestas bíblicas;
ao tétano; ao furor.


VIII

Outra mulher: o susto
a entrar no pesadelo;
oprime-a o ar; e cada passo
é apenas peso: seios
donde os mamilos pendem,
gotas duras
de leite e medo; quase pedras;
memória tropeçando
em árvores, parentes,
num descampado vagaroso;
e amor também:
espécie de peso que produz
por dentro da mulher
os mesmos passos densos.

IX

Casas desidratadas
no alto forno; e olhando-as,
momentos antes de ruírem,
o anjo desolado
pensa: entre detritos
sem nenhum cerne ou água,
como anunciar
outra vez o milagre das salas;
dos quartos; crescendo cisco
a cisco, filho a filho?
as máquinas estranhas,
os motores com sede, nem sequer
beberam o espírito das minhas casas;
evaporaram-no apenas.

X

O incêndio desce;
do canto superior direito;
sobre os sótãos,
os degraus das escadas
a oscilar;
hélices, vibrações, percutem os alicerces;
e o fogo, veloz agora, fende-os, desmorona
toda a arquitetura;
as paredes áridas desabam
mas o seu desenho
sobrevive no ar; sustém-no
a terceira mulher; a última; com os braços
erguidos; com o suor da estrela
tatuada na testa

segunda-feira, 8 de abril de 2013

NATO mata crianças no Afeganistão


Doze civis morreram anteontem
durante um ataque aéreo da NATO
numa aldeia do distrito de Shigal,
província de Kunar, junto à fronteira
com o Paquistão. Segundo a Reuters, os mortos são 11 crianças e uma
mulher. Seis outras mulheres terão
fi cado feridas.
As autoridades e os habitantes disseram aos repórteres da BBC que as
vítimas estavam dentro de casa no
momento do ataque, que era dirigido aos taliban. Num comunicado
ofi cial, a NATO confi rmou o ataque
aéreo, mas disse não ter registo de
mortes de civis.
Citado pela agência Reuters, o
ministro do Interior afegão declarou que seis insurgentes – dos quais
dois eram líderes dos taliban – morreram durante a ofensiva, mas não
mencionou baixas civis. No entanto, Wasefullah Wasefi , porta-voz do
governador local, disse que várias
casas de civis foram atingidas e fi -
caram parcialmente destruídas em
três aldeias daquele distrito.
“Onze crianças e uma mulher foram mortas quando um raide aéreo
atingiu as suas casas”, disse Wasefi ,
citado pela Reuters. A BBC, porém,
fala em dez crianças e duas mulheres. Os fotógrafos das agências internacionais no terreno mostram os
corpos de várias crianças, deitados
no chão, embrulhados, rodeados
por homens afegãos.
Um porta-voz da NATO, capitão
Luca Carniel, disse ter conhecimento de feridos civis no ataque, mas
não de mortos, e garantiu que o caso está a ser investigado. A mesma
fonte disse que as tropas da Aliança
Atlântica apenas deram “apoio” militar aéreo durante uma operação
que está a decorrer na região, sem
qualquer presença no terreno.
“O apoio aéreo foi pedido pelas
forças de coligação – não afegãs – e
foi usado para atingir as forças insurgentes em áreas distantes das
estruturas, de acordo com o nosso
relatório”, disse o capitão, citado pela BBC. Um líder tribal do distrito
disse à estação de televisão britânica
que o ataque começou na manhã de
sábado e durou “pelo menos sete
horas”.
(Publico 8/4/13)