segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Democratizar a economia ou mentir aos portugueses?

Depois de ter afastado o Menino Jesus, Passsos Coelho trouxe-nos uma estranha conversa em família, com mentira, falsidade e hipocrisia. Afastadas foram também as estrelas no céu que iluminassem o caminho para um prometido ano de 2012 "de grandes mudanças e transformações" que incidirão nas "nossas estruturas económicas" para se atingir a "democratização da economia"...
Importaria que o Primeiro-Ministro fizesse algum esclarecimento conceptual sobre tal democratização, uma vez que o que se lhe conhece vai no sentido oposto a qualquer entendimento que se possa ter sobre essa palavra.
Ao explicar o que queria dizer, caiu em inevitáveis contradições:
  • "Colocar as pessoas com as suas actividades, projectos e sonhos no centro da transformação do país" não joga com o desemprego, o encerramento de empresas, a falta de crédito, a fuga de diplomados ou a emigração, a venda das empresas estratégicas para o desenvolvimento;
  • " O crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa vir de todas as pessoas e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do conforto económico" ainda é mais enigmático se bem que soe bem à primeira;
  • As reformas - garantiu - nascerão de "baixo para cima" e "foram pensadas para fazer dos homens e das mulheres de todo o país os participantes activos..bla...bla, bla"...Isto é as reformas foram pensadas antes de pôr os portugueses a executá-las. Pensar nas coisas não é um mau princípio mas isto revela, à luz da experiência destes meses, que o que se pretende é pôr as pessoas a fazerem o que não querem;
  • Ao justificar falar nesta quadra, Passos Coelho não se referiu aos cortes no subsídio de Natal, preferiu antes que os portugueses não deixassem de confiar no governo;
  • Foi directo ao dizer que "temos de agilizar a concorrência", presumindo-se que isso queira dizer baixar salários para aumentar a "competitividade" das nossas exportações  ou reduzir e encarecer a produção do país para que os produtos alemães e outros captem mais mercado interno, fazendo aumentar os nossos desequilíbrios e a dívida. Nem uma palavra sobre a grande distribuição que mantém reféns de preços baixos a lavoura, as pescas e outros sectores. Nem sobre os monopólios do campo das telecomunicações e energia. Nem sobre o negócio da água que prepara;
  • Garantiu que vai "agilizar a regulação" não ficando claro se se está a referir a novas investidas contra salários, pensões e apoios sociais ou se está a pensar na desregulamentação provocada pelo poder económico e na falta de meios mais eficazes de regulamentação. 
Enfim, Passos Coelho deveria ter ficado em família. Seria mais verdadeiro. E não nos obrigaria à overdose de ai,da virmos a ter numa toada semelhante, daqui a dias, outro grande ilusionista - o Sr. Cavaco Silva.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Agressão no Natal e mensagem de esperança

Maria e José seguiam ontem com o seu burro para Belém. Era uma viagem auspiciosa mas com um misto de tristeza.
Para trás ficara o despedimento de José da marcenaria onde recusara fazer mais 2,5 horas de trabalho mensal não remunerado e a previsão de uma indemnização bem menor devido ao pacto assinado entre o governo que elegera e uma troika sem legitimidade. O despedimento de Maria, grávida e, por isso indigitada como desadequada ao posto de trabalho, sem  subsídio de desemprego por ter trabalhado ultimamente na tinturaria a recibos verdes...
Uma brigada da Mossad mandara-os parar aludindo a suspeitas de subversão contra o patronato e para os notificar que o presépio fora tomado pela banca por atraso no pagamento de prestações e vendido à família Al Bobone para um condomínio de luxo com vista para os colonatos.
Porém, à entrada em Belém, esperavam-nos centenas de vizinhos de diferentes países e religiões para os ajudarem. A iniciativa fora das organizações sindicais da Cisjordânia. Os pedreiros construíram o novo presépio, os marceneiros algumas peças de mobília, as fiadeiras as roupas em parte tingidas pelas camaradas de trabalho de Maria, os pastores e apicultores o leite, o coalho, o cardo, o queijo e o mel. Quando Jesus nasceu, Deus feito homem e junto deles rejubilou como as demais crianças.
Depois ouviram-se cânticos de diferentes regiões, de diferentes credos e culturas e entoou-se um hino de trabalho "unidade, unidade, unidade,/ do trabalho contra o capital". A resistência tomou os vales e planícies. Era hora de preparar o futuro.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Frase de fim-de-semana. por Jorge

"Sou homem: nada do que é humano me é estranho"


Terêncio (dramaturgo e poeta romano, 195-159 AC)

NATAL, de Mário Castrim


Nasce a menina

dlim dlim

não é Jesus

dlim dlim

nem Jesuína

dlim dlim

ela é a filha

de uma vizinha

não teve burro

nem vaquinha

porque em Lisboa

era difícil

ser assim



De qualquer modo

dlim dlim



MÁRIO CASTRIM (“Nome de Flor”)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Perdoa aos teus inimigos, mas nunca lhes esqueças os nomes"

John F. Kennedy (presidente dos EUA, 1917-1963)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Poema de Paul Éluard e foto de Josef Sudek

A enamorada


Ela vive, de pé, na minhas pálpebras
Os seus cabelos entrelaçam-se nos meus
Tem a exacta forma das minhas mãos
E a côr dos meus olhos ao vê-la
Confunde-se na minha própria sombra
Com uma pedra no azul do céu
Tem os olhos sempre abertos
E o seu olhar não me permite dormir.
À luz do dia os seus sonhos luminosos
Tomam o lugar de todos os sóis
Os seus fazem-me soluçar, rir
E falar sem ter nada para dizer...

Paul Éluard
(tradução de AA)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Toda a gente tem direito a opiniões pessoais,
mas não a factos pessoais"

Daniel Patrick Moynihan
(político americano, 1927-2003)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

No Médio Oriente pode estar prestes a começar a III guerra mundial

Como já aqui referimos, acontecimentos ocorridos, no quadro de pressões dos EUA e da NATO nestes últimos meses sobre o Irão e a Síria, juntam-se como peças de um puzzle que apontam para uma nova guerra.
A conquista de matérias primas e o domínio político do império sobre os povos e nações do vasto corredor que leva à China está em cima da mesa desde que em 2005 o Pentágono a estabeleceu como acção a realizar, com o apoio de aliados: Israel e Turquia. A forma? Um ataque cerrado de ogivas nucleeares sobre o Irão que devastaria em chamas a região e e iniciaria a nova guerra
Daqui até aos dias de hoje a Turquia reagiu a ameaças de Israel e o Paquistão por razões idênticas tem-se afastado dos EUA. Mas outros aliados, de outras intervenções, poderão ocupar o se lugar: a Arábia Saudita e o Qatar com a sua rede Al-Jazeera.
É esclarecedor que estes riscos e as consequências sobre o planeta de uma tal guerra não sejam fruto de apreciação pelos grandes mídia.

domingo, 4 de dezembro de 2011

sábado, 3 de dezembro de 2011

Portugal nas Caxinas com os heróis do mar

Apesar de algum oportunismo político e sofreguidão despropositada de alguns jornalistas, este episódio salda-se:
1. Num salvamento de vidas para os quais o país tem meios adequados;
2. Numa valorização do trabalho humano numa altura em que, a pretexto da crise, os trabalhadores são roubados (quanto é que cada um destes homens vai dar para "ajudar" a pagar a crise de que outros são responsáveis?);
3. Na necessidade, uma vez mais verificada, de que a nossa frota pesqueira necessita de modernização e que deve ser invertido o rumo que PS e PSD/CDS, com destaque para o apoio que lhes deram Mário Soares e Cavaco Silva, de liquidar a nossa frota pesqueira e a nossa competitividade com países terceiros.
Apesar de todos os equívocos que se cruzaram nas "homenagens" em curso, é verdade que Portugal está de olhos virados para as Caxinas, para estes autênticos heróis do mar, em quem a maioria dos portuguesses se revê.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A noite é a nossa dádiva de sol
aos que vivem do outro lado da Terra"

Carlos de Oliveira,
in Trabalho Poético (1976)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Verdades e mentiras sobre a Síria

Thierry Meyssan, director da Voltairenet, sublinha neste artigo que os dirigentes ocidentais e alguns mídia têm desenvolvido uma campanha contra a Síria. As acusações muito graves que lançam sobre  Bachar-el-Assad pretendem que uma parte da opinião pública, intimidada, possa aceitar uma nova intervenção militar.
Meyssan, bem apoiado na observação da realidade regional, dá conta das questões centrais desta campanha e de que a ela muitos resistirão.